De Karen Thomas, o documentário Cineastas Em Exílio: Do Terceiro Reich a Hollywood é um programa que reúne esforços de dezenas de estúdios, que ajudaram a resgatar contribuições e trabalhos de alguns diretores que bravamente lutaram contra o reinado nazista de Adolf Hitler através de suas obras artísticas, que faziam frente ao regime e serviam não só de inspiração para o povo, como também parte integrante do esforço de guerra contra o Eixo.
O início do estudo envolve Casablanca, filme de 1943 que tinha no romance seu norte e como foi o símbolo da resistência de muitos cineastas. Entre 1933 e 40 mais de 800 profissionais fugiram da Alemanha Nazista para alguns lugares do mundo, principalmente para os Estados Unidos, sem ter certeza como viveriam, como teriam sustento e como dariam vazão a arte em que trabalhavam, e boa parte deles se voltaria ainda para a arte, e ajudariam a produzir clássicos como A Noiva de Frankenstein, As Aventuras de Robin Hood, Ninotchka, Pacto de Sangue, Matar ou Morrer, Quanto Mais Quente Melhor e claro, o filme de Michael Curtiz já citado.
O esforço do especial televisivo (que também foi exibido nos cinemas, em regimes de Festivais) passa pelo sucesso dos anos 20, O Gabinete do Dr. Caligari, produzido por Eric Pommer, e a criação do estúdio que fomentaria o cinema local. As partes onde se descreve o sucesso de Peter Lorre emocionam, seja quando lembram do mesmo participando de M, O Vampiro de Dusseldorf, além de se destacar o mesmo como “muso” dos filmes anti-guerra, como Relíquia Macabra, Passagem Para Marselha e tantos outros. Há até um poema de Bertold Brecht, que louva a memória dele e pede para que o ator volte a pátria que o tornou párea.
Em alguns pontos, o filme faz tantas citações e cuspe tantas referencias que mal há tempo para refletir a importância das obras e carreiras analisadas, assim como se perde um pouco a discussão sobre o impacto de publico e industria, mas para quem conhece pouco a respeito da temática e das historias de bastidores , o filme presta um enorme papel falando a respeito de como ficou a industria artistica durante a elevação do partido nacional socialista.
É ótimo que o estudo do filme não se ocupe só de falar de atores e diretores, mas também de toda sorte de profissionais expulsos de sua terra natal por ter ligação com origens hebraicas, ou por proximidade do pensamento progressista. O documentário acerta demais, em lidar com questões políticas e sociais, mostrando o infortúnio de muitos trabalhadores do cinema, inclusive dando documentos e identidades dos mesmos, tirando suas historias e vidas do ostracismo, devolvendo de novo ao lugar que lhe é devido, se não a ribalta, ao menos para um lugar justo de reconhecimento, respeitando o legado de cada um e dando ao menos um alívio para eles, que se viram sem pátria.