As publicações de O Fantasma tem formatos variados no Brasil desde a primeira publicação. Entre elas se destacam a recente publicação da Editora Mythos, que publica historias clássicas do criador Lee Falk (o mesmo que criou também o Mandrake) e Ray Moore, além de outras publicações anteriores, da década de 90 e 2000, que tentaram introduzir novamente o personagem em nosso mercado. A Editora Pixel Media investiu na personagem de 2013 a 2016 e este O Fantasma: O Tesouro do Fantasma é um desses volumes. Uma aventura mais longa, em cores, sem se preocupar em falar da origem do Espírito que Anda.
A historia mostra, além do seu protagonista, alguns companheiros típicos das historias clássicas, o lobo Capeto, o cenário de Bengala, a tribo de pigmeus de Bandar, e mulheres que se interessam pela figura sedutora do herói. Os vilões são homens comuns, que manipulam um pobre pigmeu e, obviamente, a historia gira em torno do tesouro guardado pelo herói. Os personagens são planos, meros condutores das curvas do clima de aventura escapista proposto por Folk. Isso se vê principalmente em uma personagem não muito conhecida, uma mulher, que trabalha em um cabaré e que perverte seu próprio código ético, passando a ser honesta e a resgatar seus bons sentimentos pela influência do personagem-título. Inconscientemente, Falk trata seu personagem como o elemento transformador de status quo.
As histórias antigas do Fantasma são comumente criticadas pela representação de tribos africanas, e essa não é uma exceção. Os pigmeus são oprimidos, e mostrados de maneira preconceituosa, como seres de condição e inteligência inferior. Mas ao menos na questão de representação da mulher, a historia é vanguardista, quebrando certo paradigma machista comum aos quadrinhos dos anos 30 e 40 do século XX.
A trama tem muitas idas e vindas, e claro, sabotagens. O tom da narrativa é ingênuo, e seus personagens são igualmente inocentes e fáceis de enganar, exceto claro o homem acima do sistema, o Espírito que Anda. O Fantasma: O Tesouro do Fantasma é simples e direto. A escolha da Pixel em publicar em cores e em um formato diferente pode causar estranhamento no leitor/colecionador. Mas claramente a arte de Moore se torna mais fácil de entender nessa versão, dado que os quadros não ficam exprimidos. Esses momentos clássicos do personagem merecem um cuidado maior da parte das editoras brasileiras, assim como Mandrake, Spirit e outros heróis clássicos e fora do escopo da DC e Marvel. Ainda assim, esse número serve para introduzir o leitor que jamais teve contato com o poderoso líder de Bengala.