Cosmopolis é o 13º romance de Don DeLillo, escritor americano que já ganhou diversos prêmios e é tido como um dos maiores romancistas contemporâneos. DeLillo é um analista cético da cultura moderna, especialmente da nossa relação com os meios de comunicação e consumo, no entanto seus romances parecem muito mais uma constatação do estado das coisas do que uma crítica e em Cosmopolis essa ambiguidade aparece de forma muito explícita.
O livro se passa quase inteiro na limosine de Eric Packer, um jovem bilionário, no dia em que ele perde toda sua fortuna por causa de uma aposta mal feita no yen. A narrativa é construída como um fluxo de consciência e mesmo os poucos diálogos soam como algo que acontece dentro da mente de Eric. O protagonista é a âncora e o motor do livro, é como se o universo de Cosmopolis só se movesse por causa da existência de Eric Packer.
Ao mesmo tempo o próprio Eric parece não ter identidade fora de seu trabalho, de sua função no mundo capitalista. Em casa ele não consegue dormir e vaga como um fantasma, é quase um estranho para a mulher, incapaz de fazer sexo com ele, e não estabelece qualquer relacionamento pessoal com as pessoas a sua volta. Quando ele falha, sua auto-destruição se torna inevitável.
Para DeLillo o mundo contemporâneo fundiu vida pessoal e trabalho, dinheiro e relacionamentos. Eric falha como empresário porque falha em saber quem ele mesmo é, e porque falha como empresário, falha em ser amado pela mulher. O mundo de Cosmopolis é fluido demais, o personagem precisa se movimentar durante todo o tempo, ou ele inevitavelmente se quebra.
Fica clara a referência a Odisseia e a Ulysses: Eric empreende uma jornada épica e ao longo dela faz paradas que lhe revelam algo de si mesmo e mostram o quão inevitável é seu destino final. O ritmo do romance e a relação dos outros personagens com Packer é bastante simbólica, por exemplo, como por acaso ele acaba realizando todas as suas refeições com a esposa.
Há também uma referência mais sutil a O Apanhador no Campo de Centeio. Eric se pergunta para onde as limosines vão a noite da mesma forma que Holden Caulfield se pergunta para onde os patos vão no inverno. No fundo Eric é quase um garoto e sua fragilidade e solidão ficam dolorosamente claras em seu apego ao antigo barbeiro da infância. Eric vive em um mundo em que nada permanece, mas ele parece desejar o contrário.
A linguagem de DeLillo parece ter a tendência de ser intencionalmente pretensiosa e artificial, mas aqui, talvez porque vemos tudo pela ótica do personagem, isso se torna mais orgânico. Cosmopolis não é uma crítica ao capitalismo. É uma constatação do seu avanço, de suas contradições e da forma como ele engole aquilo que quer miná-lo. Eric Packer é o símbolo desse sistema e ele deve morrer para que a imagem se mantenha. É um romance original e denso, em que a reflexão filosófica se articula bem com o ritmo acelerado.
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Texto de autoria de Isadora Sinay.
Fica evidente as diferenças interpretativas que só o filme dá. Vou querer ler esse livro com certeza.
Plágio de resenha ? http://www.criticandoporai.com.br/2012/12/cosmopolis-resenha-critica.html .. Frases praticamente iguais !!! Dê uma olhada Isadora …