Muito se fala de Game of Thrones, obra escrita por George R. R. Martin e lançada nos EUA em 1996, principalmente depois do sucesso da série televisiva. Resolvi enfim embarcar nessa jornada por intermináveis 500 e tantas páginas, e tentar entender um pouco os motivos desta obra ser tão falada nos últimos tempos.
Nesse primeiro capítulo das Crônicas de Gelo e Fogo, talvez pelo meu primeiro parágrafo já seja possível entender uma das minhas maiores críticas à obra, que é justamente a sua extensão. Criticar a extensão de Guerra dos Tronos, não quer dizer que eu desqualifique automaticamente qualquer obra que seja longa, com descrições infinitas, ou passagens arrastadas, longe disso. O meu problema nesse aspecto se deve ao fato da quantidade de informações, personagens, locais, tramas, subtramas, e que muitas vezes, lemos páginas e mais páginas, para que nada aconteça, a história não se movimente, ou às vezes até servem de gancho a um futuro acontecimento, mas o período de preparação para isso se torna tão longo e enfadonho, que quando o fato preparado 200 páginas antes acontece, a sensação está mais para alívio por finalmente sair das páginas alguma coisa que realmente importa, do que de assombro ou surpresa.
Ainda sobre a quantidade excessiva de nomes, personagens, locais, tramas, acontecimentos, histórias, mitologias. Um bom professor de literatura certa vez disse-me, fazer uma história, envolvente, e que se desenvolva de maneira satisfatória, com uma porção de personagens e núcleos de enredo, é mais fácil e suscetível a agradar o público geral, do que uma história com poucos personagens, mas que sejam bem aprofundados e consistentes (O contexto dessa frase se deu, quando alguma novela estava fazendo grande sucesso e era o assunto do momento, não me pergunte qual). Essa frase pode nem ser verdade, mas ainda assim me permeou toda a experiência com o livro. Me parece que na história existem núcleos e pessoas para todos os gostos.
Há quem penderá para o lado de Winterfell, por simpatizar com os aspectos de paladinos do bem. Há quem goste dos Lannister, pela falta de escrúpulos e a inteligência de Tyrion. Ou principalmente Daenerys, porque dentre todos segue um arco mais próximo da jornada do herói. Deve haver até quem goste do qual não me lembro o nome (afinal são tantos), mas é o eunuco que fode geral, por mais contraditório que isso seja. Enfim, o leque é amplo.
É claro que não há só pontos negativos, a grande história do livro por assim dizer, a luta pelo poder e pelo trono de ferro de Westeros, os Sete Reinos e etc. Claramente inspirada pela Guerra das Rosas, período que se sucedeu uma série de intrigas e batalhas pelo poder na Inglaterra do século XV. É muito bem construído, intriga e faz com que o leitor se sinta interessado em que fim vai dar tudo aquilo.
Os elementos fantásticos daquele mundo também são interessantes, as estações do ano, que não seguem a nossa lógica, com verões longos, e invernos que podem durar 10 anos. Nos intriga ao pensar em qual será a influência desse rigoroso e temido inverno à todos esses jogos de poder da corte. Além de criaturas temidas que há tanto tempo não são vistas, que muitos acham até que já não são mais uma realidade, ficamos interessados em como o autor amarra todos esses elementos.
Até mesmo as intrigas internas e os jogos de poder menor, com um personagem apunhalando o outro pelas costas para que tire proveito disso, também são satisfatórias, e talvez até a alma central do livro. Mas nelas também reside grande parte dos problemas já anteriormente citados, pois sempre envolvem um sem fim de nomes, problemas que nos levam a mais intrigas, formando uma teia enorme e modorrenta de pequenos fatos, até chegar a algo que realmente tenha impacto.
Já que falei de impacto, talvez o último importante ponto a ser citado é o tratamento que o autor dá a importantes personagens. Pelo menos nesse primeiro capítulo da saga, pode-se notar que pelo bem da história, qualquer um pode estar a perigo, seja de perder tudo que tem, seja de uma morte inesperada. Isso é bom por duas vias, tanto para mostrar que mesmo os nossos heróis ou vilões favoritos, continuam humanos e podem ser derrotados, e mais ainda pelo fator de surpresa que a história pode lhe oferecer. Já por outro lado, dada a minha insistência em bater nessa tecla, a quantidade de núcleos presentes na obra, comporta a falta de qualquer um dos grandes personagens. Podendo naturalmente o papel de um, ser suprido por outro, nas mesmas condições de caráter e fio condutor de uma situação, sem que hajam reviravoltas extraordinárias.
No geral, vejo Game of Thrones apenas como um grande tomo regular com algumas boas passagens, um livro de fácil digestão, que pouco de substancial oferece ao leitor além do que já está impresso no papel e ao fim causa um sentimento dúbio naquele que o consome (desde que este não seja um fanático por fantasia medieval), pois a grande saga retratada, instiga e nos causa interesse de saber como tudo aquilo irá terminar. Mas ao mesmo tempo toda a carga de passagens desnecessárias, inundação de personagens, e o total de mais seis livros a frente (todos maiores do que o primeiro), me espantará de seguir adiante com a criação de Martin. Um último e rápido ponto, quanto a todas as hiperbólicas conotações do livro, como genial, revolucionário, livro mais importante do século XXI (sim, já li até isso), só posso dizer: menos, muito menos.
Pra mim o ponto fraco e não ter um protagonista… MAS e aquela parada, gostos pessoais não dita as regras do universo. Considero a serie “apenas” boa, quanto aos livros, futuramente pretendo dar um conferi sim. =D
Concordo que o personagem principal é o cenário, por isso crônicas (Uma narração que segue uma ordem temporal), porem tenho a mesma opinião que o Angry curto historias de fantasia com alguns personagens alfa.
Outro ponto é que o Martins está desconstruído o gênero de fantasia onde geralmente os principais personagens seguem “a jornada do herói” ele cria uma expectativa sobre o personagem e o mata após alguns capítulos. Como lembrando pelo Rafael temos os personagens que segue a “jornada” daenerys, Jon e Bran.
Eu li 200 paginas do primeiro livro hoje eu preso o conteúdo com o menor enrolação possível. Achei uma leitura chata em alguns momentos.
Que sabe um dia eu volte a ler.
Enfim, vamos lá.
Como já havíamos conversado antes, o maior problema que as pessoas tem com essa saga é: ela não é uma história sobre pessoas. O foco não é nos personagens, e sim no cenário. Os personagens são simplesmente pontos de vista para mostrar diversos pontos desse reino gigantesco, então faz sentido que sejam vários. Aí entra uma das 2 grandes críticas que você fez (citando inclusive umas trocentas vezes que são muitos nomes/personagens hehehe). Essa é a PROPOSTA da história, simples assim. Vc citou “uma história com poucos personagens, mas que sejam bem aprofundados e consistentes” como algo melhor, mas aí é puramente questão de gosto. Se esse é o teu, vc errou feio em resolver ler Guerra dos Tronos. Quando um autor faz exatamente aquilo que se propôs a fazer, acho complicado dizer ele está errrado nisso, ou ficou ruim, apenas porque EU não concordo com a estrutura adotada.
Agora, com a sua segunda grande crítica eu concordo. Mesmo dentro da proposta, ele passa dos limites em… eu não diria nem “preparar o terreno para acontecimentos”, e sim em situar/explorar o cenário. Essa é a grande diversão do cara, percebe-se isso facil. Quando acontece algo é bonus, hahahaha. Mas uma história que se move apenas para os lados, na maior parte do tempo, sem dúvida incomoda. Até quem é fã. Aqui entra TOTALMENTE aquilo que eu usei pra defender O Hobbit. É um ponto negativo, SIM, mas o seu grau de aceitação está diretamente ligado ao quanto vc curte aquilo, aproveita a viagem, acha legal aquilo que está lhe sendo oferecido. Se tudo isso não te comove, vc quer é ver o circo pegar fogo e essa porra acabar logo porque vc tem mais o que fazer… de novo, o produto não é destinado a vc.
E sim, eu sou “fanático por fantasia medieval”.
Ps polêmico: “… um livro de fácil digestão, que pouco de substancial oferece ao leitor além do que já está impresso no papel…” – não vejo como NECESSIDADE OBRIGATÓRIA que uma obra tenha mais do que isso pra ser chamada de boa, amigo hipster.
Sobre a quantidade de personagens não gosto do efeito fodão, como vários personagens é apresentado com o melhor o pica de ouro e fica muitas informações vagas de como ele mereceu tanto respeito. Por exemplo temos o mangá Bleach que segue esse lógica e acabou virando uma cagada e o Claymore segue esse linha com maestria. Comentando com vários amigos que acompanha a saga do trono o Martin usa isso muito bem.
O meu pé atrás com a saga do trono é o efeito Lost a graça do livro é ver que será o rei/rainha, que vai vencer a guerra bélica e política. O medo é ele colocar um cara nada a ver como vitorioso.
Agora Rafael é só você ler o livro 2 e fazer uma nova resenha.rs
Oi adorei sua resenha….mas vc já leu o livro reverso escrito pelo autor Darlei… se trata de um livro arrebatador…ele coloca em cheque os maiores dogmas religiosos de todos os tempos…..e ainda inverte de forma brutal as teorias cientificas usando dilemas fantásticos..acesse o link..www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem..
Não concordo com nada dessa resenha. E olha que eu não sou nenhum fanático por livros de fantasia, na verdade nem sou muito fã desse tipo de livro. Mas mesmo assim reconheço a perfeição dessa obra. Já li muitos livros, desde os mais clássicos até os mais modernos, e posso dizer que de longe nunca vi nenhuma obra como essa. Adoro a riqueza de detalhes, os diversos personagens desenvolvidos na trama ( todos cada vez mais aprofundados ao passar da série), o realismo brutal de tudo que envolve o ser humano, o universo tão ricamente desenvolvido, a racionalidade do autor, o modo como ele insere na trama diversas referencias ás religiões existentes, aos impérios e povos que existiram ( ali na trama você vê a inspiração dos Hunos para a criação dos Dothraki, dos Vikings no reino de Theon). Enfim, como o próprio ator diz, o demônio está nos detalhes. Pra quem não tem paciência de ir navegando nesse mundo, apreciando suas minucias,tramas muito bem amarradas, logica visceral no desenvolvimento das histórias, sem atropelos, então nem perca seu tempo. É claro que é uma questão de gosto, mas descordo completamente dessa resenha em todos os aspectos, e digo que a série não é referencia para os livros, pois os livros são muito superiores( nem se compara, a série ao meu ver é fraca sob diversos pontos de vista). Pra mim os melhores livros do século 21.
“A perfeição dessa obra”, “Já li muitos livros, desde os mais clássicos até os mais modernos, e posso dizer que de longe nunca vi nenhuma obra como essa”, “Pra mim os melhores livros do século 21” (sic³)…
Tá bom então, champs…
Claro, é só questão de opinião. Toda critica na verdade é uma questão de opinião.
Esqueci de colocar o Champs no final…
É isso, Champs…
Eu sou um fiel seguidor de Martin, eu li todos os livros e estou animado em saber que existem mais, eu também ver o show, e eu gosto de seguir os livros de história, eu não posso esperar para esta quinta temporada, Ele realmente me espanta a criatividade de George R. R. Martin, é um grande escritor de ficção.