Uma dupla de pessoas de background completamente diferentes – que em comum tem apenas o fato de já terem sido casados antes – resolve se encontrar. Após o “gracejo” desastroso, cada um dos pares segue seu rumo, sem esperanças de que aquilo dê certo. A sinopse serve para milhares de comédias românticas contemporâneas e seu tom genérico aumenta ainda mais quando o casal é vivido por Adam Sandler e Drew Barrymore. Toda a atmosfera familiar exagerada dos últimos cinco filmes do astro estão presentes em Juntos e Misturados, ainda que o toque de sentimentalismo seja mais forte neste do que nos espécimes recentes.
Enquanto Jim Friedman (Sandler) é um trabalhador americano ordinário e entusiasta de esportes, o típico homem comum, que tenta a duras penas levar uma casa sozinho após a traumática morte de sua esposa, por câncer, Lauren Reynolds (Barrymore) também trabalha com comércio, vendendo artigos femininos, e como seu malfadado parceiro, tem uma mania de organização compulsiva e capitaneia uma casa sem um pai.
O dicotômico roteiro põe a dupla de adultos desajustados tendo que lidar com filhos de sexos e realidades diferentes dos seus. Como era de se esperar, os rebentos da dupla sofrem com uma série de complicados problemas, com cada um lidando com a “perda” a seu modo, sendo alguns destes bastante curiosos. Muito conflito espera a quem assistirá esta obra, feita para ser curtida por toda a família – mesmo que o grosso das piadas tenha sido repetida ao menos catorze vezes em filmes recentes – pois as duas parentelas acabam indo para uma viagem compartilhada na África, cujo foco das desventuras é o romance, que obviamente não existe.
Os gracejos que funcionam são os que apelam ao carisma dos infantes em sua jornada de autoconhecimento e superação. Outra fonte de risos são as situações que envolvem outros astros, como Terry Crews. O trabalho humorístico de Sandler é quase como o de um curador, que angaria pessoas que podem exercer no público uma miscelânea de risos que o próprio não é mais tão capaz de fazer – ao menos não neste tipo de comédia, uma vez que em Tá Rindo do Que?, de Judd Apatow, seu tino para o grotesco decadente funciona.
O texto de Clare Sera e Ivan Menchell é levíssimo, repleto de situações de riso fácil. Dado o repertório de Frank Coraci como diretor, achar que tal guião causará uma reflexão profunda ou conterá alguma inteligência é um exercício de um desavisado. Há bons momentos, alguns até edificantes, mas nada perto da emoção e singeleza de Click – talvez o melhor fruto da parceria entre ator e diretor.
Apesar de toda a pieguice presente na máxima de aproximação e reaproximação do casal que não deu certo na primeira, mas que acredita dar certo em tentativas posteriores, o reencontro de Lauren e Jim ocorre de modo pouco mecânico, respeitando até a falta de química que ambos mostraram ter durante toda a fita. A reconstrução da moral de ambos passa por percalços sérios, e não vem a ter êxito logo na primeira tentativa, emulando as situações da vida real, a aproximação acontece de modo gradativo, algumas vezes até dolorosa. A restauração do “amor” não envolve somente o par de “pombinhos“, mas toda a(s) sua(s) família(s), em uma conspiração conveniente, onde tudo se encaixa de modo perfeito para ambos os clãs. Ao final a celebração constrangedora e hiper feliz de todos os personagens ocorre – como aconteceu antes, em cada quinze entre vinte filmes de Sandler. No entanto, a produção é menos desrespeitoso que os últimos filmes do ator, não agredindo demasiado o seu expectador.