A obrigatoriedade de uma história de origem para uma nova linha narrativa impediu que o primeiro arco de Wolverine MAX trouxesse ao leitor um novo conceito. Fúria Permanente permanecia no mais do mesmo sobre um dos personagens mais populares da Marvel. Ainda que fosse necessário relembrar algumas bases, o arco poderia ser mais enxuto. É compreensível que seja necessário estabelecer ao público qual parte do passado de Logan será utilizada nesta versão sem censura, mas desenvolver uma origem não deveria ser a obrigação de cada nova abordagem.
Lançado pela Panini Comics em julho de 2014, Wolverine MAX: O Protetor dá continuidade às histórias do selo cujo maior destaque é, sem dúvida, o Justiceiro de Garth Ennis. Este encadernado compila mais cinco números, e o roteirista Jason Starr demonstra mais vigor nas duas histórias apresentadas aqui. Depois dos acontecimentos no Japão, Wolverine vai até Los Angeles para compreender seu passado. Longe de retomadas longas sobre sua história, a trama foca no presente.
Novamente a personagem narra a história em primeira pessoa e, enquanto devaneia em filosofias, tem como única amiga uma cachorra chamada Cão. Em uma das caminhadas com o animal, se depara com uma estranha mulher na praia. Logan se reconhece tanto na desconhecida como no cachorro, dois símbolos de perdição: o explícito, a mulher que pode levá-lo para o mal caminho, e o puro, um animal sem dono, à margem da sociedade. À procura de emprego, Wolverine aceita ser motorista da moça, uma britânica em passagem pelo local para uma sessão de fotos. Porém, como espera o público, nem tudo é o que parece.
Mais do que um baixinho nervoso e invocado que sempre promove e resolve problemas com violência, o caráter de Wolverine não suporta situações-limite vividas por outras pessoas. É nesse espaço que a violência é a maneira pela qual a personagem resolve as situações. Basta uma pessoa em perigo para que o mutante parta em defesa do oprimido.
Sem nenhuma amarra com o passado, a história de três partes é bem composta, dando melhor vazão à violência promovida pelo selo Max. Felix Ruiz e Kim Jacinto mantém um estilo levemente impressionista nos traços que retêm o senso da realidade, dando liberdade a interpretação dos detalhes de cada cena (no começo da história, a luminosidade de um poste de luz é desenhada em espiral, gerando uma bela perspectiva analítica), algo que produz sequências agressivas de violência com uma estética apurada.
A segunda história do compilado é ainda mais breve, com apenas duas partes. Novamente, a limitação de páginas evita maiores delongas. A personagem recebe uma pista informando que seu passado está em Las Vegas, e parte em viagem para o local. Uma trama ao estilo road trip na qual Logan reconhece seu apreço por viver solitário. Evidentemente, a violência estará em seu caminho e, de fato, ela vem de maneira semelhante à anterior: em defesa de pessoas mais fracas vivendo situações de violência imposta. O diferencial em relação à trama anterior é a descoberta de que o velho que é salvo de uma briga faz parte do passado de Logan, e sua história anterior ganha breves informações.
É perceptível que Starr traça uma história maior para a personagem nas quinze edições que compuseram este MAX. Uma narrativa tradicional de reconhecimento de si mesmo. Escolher focar o momento presente do desencontro de Logan, em vez de retornar a narrativa aos imbróglios do passado, forneceu maior eficiência à história e uma dimensão de que é possível desenvolver a tensão dramática sem recorrer a personagens clássicos de anteriormente.
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