Durante a exibição do anime Os Cavaleiros do Zodíaco, foram lançados nos cinemas do Japão alguns filmes derivados da série. Masami Kurumada não fez os roteiros, somente deu orientações em alguns dos designs das armaduras dos vilões, por isso e pelo óbvio problema de não se encaixar em momento nenhum na cronologia do anime – exceção de O Prólogo do Céu, lançado após o término do programa – quatro filmes se apresentam fora da cronologia, sendo três curtas e um longa, além do recente remake da fase da Batalha das Doze Casas.
Os filmes são pouco relevantes na compreensão dos fãs por causa da baixa qualidade de seus textos, com desenvolvimentos pobres e pouco aprofundamento dos vilões, além da quase nula criatividade em histórias e cenários. De qualquer maneira, foram quatro produções lançadas para o fiel público do anime. Os quais comentamos a seguir.
O Santo Guerreiro – ou A Batalha de Eris
Primeiro média metragem de CDZ, O Santo Guerreiro começa como um conto espacial, explorando um pouco das aventuras dos defensores da “deusa da guerra”, item traduzido de modo bastante precário. A abertura igual da fase do santuário faz acreditar que o filme de 45 minutos deveria se encaixar na proximidade cronológica pré Batalha das Doze Casas. Já no começo, Hyoga de Cisne aparece mostrando sua força e poder, agindo caricaturalmente como um homem forte para Eiri, amiga de Mino, que também trabalha no orfanato onde Seiya cresceu. A postura do Cisne é natural, uma vez que ele até então não teve nenhuma figura de possível romance dentro do seriado, enquanto seus amigos sempre tinham “pretendentes”.
A ação começa quando uma estrela cadente – Cometa Leparus – corta o céu, caindo assim uma maçã dourada, que coopta a atenção de Eiri, e a faz ignorar Hyoga, indo até um recém criado templo grego na montanha Hokkaido, no Japão. Ao tocar a maçã, a moça se transforma, atacando Saori Kido, em meio a imagens de pessoas saindo de seus túmulos. Éris, a deusa da discórdia se fez carne através de Eiri, e convocou cinco carrascos, Maya de Sagita, Yan de Escudo, Khraisto de Cruzeiro do Sul, Orfeu de Harpa e Jaga de Orion, eles ajudariam no intuito da deusa profana de sugar a juventude de Atena encarnada.
Na prática, os Guerreiros Fantasmas são pouco hábeis. Maya enfrente Seiya, e o Pégaso não demora muito a abatê-lo, apesar de sofrer uma flechada, que mais tarde o envenenaria, como visto no começo da última parte da Saga do Santuário com Tramy, da mesma constelação. Logo, o Cisne enfrenta seu igual Khraisto, que também tem seu poder ligado ao gelo, tornando o embate redundante, terminado pela traição de Éris, que joga uma lança sobre o Cruzeiro do Sul. Outra batalha repetitiva é a de Shiryu, onde o Dragão enfrenta Yan e sua constelação de Escudo, que somente aparece para esmigalhar o punho e o escudo do guerreiro chinês. O cavaleiro novamente retira sua armadura e vence com um simples Cólera do Dragão, completando o combo de clichês presente no roteiro, para então tombar novamente. Shun de Andrômeda enfrenta Orfeu, que carrega o mesmo nome e aparência do lendário cavaleiro de prata da até então inédita Saga Hades. O embate é só um pretexto para Ikki de Fênix aparecer e salvar o dia, jogando seu adversário em uma terrível ilusão, para depois vencer facilmente o fraco guerreiro.
Cambaleante, Seiya encontra Éris, que finalmente consegue seu próprio corpo, assistido pelo guerreiro que foi famoso no passado, Jaga de Orion. Ikki vêm ao seu socorro, mas também perece ante o único dos guerreiros fantasmas que é interessante. Logo, os outros quatro saints se levantam para ajudar o Pégaso, ao som de um discurso de Fênix. O Santo Guerreiro, Seiya, então recebe o apoio telepático e cósmico de seus parceiros. O Cavaleiro convoca a armadura de Sagitário, a tempo de parar a ressurreição dos cavaleiros desonrados, expulsos por Atena pelas eras.
A esdrúxula solução para destruir o inimigo seria o lançamento de uma flecha, feito logo após Seiya vencer Jaga com um único golpe. Éris tenta defender a maçã dourada com a própria testa encerrando sua encarnação nova e a antiga ao mesmo tempo, Pégaso então foge junto a Fênix, dos escombros, sem sequer olhar para trás, deixando Saoria, Eiri e os outros para trás, milagrosamente salvos, não tanto graças a desatenção de Seiya.
Batalha dos Deuses
Iniciado em um cenário gelado, com malfeitores manchando de sangue a imensidão branca, Hyoga – mais uma vez – é o primeiro a intervir na injustiça. O moribundo que Cisne salva faz um pedido, para que ele rume em direção ao Palácio Valhala – em mais uma referência básica ao lugar onde os guerreiros que agradavam aos deuses iam após a morte – onde ocorreria a Batalha dos Deuses. Após o desaparecimento do Cisne, Saori Kido, Seiya, Shiryu e Shun vão ao palácio de Durval, onde são recebido diplomaticamente pelo regente do reino e seu lacaio Loki. A única interferência “caseira” provém de Frey e Freya, os os irmãos, inspirados na mini saga do Mangá, os Cavaleiros Azuis.
Dois aspectos são dignos de nota, um deles é o design antigo das armaduras, antes da intervenção dos cavaleiros de ouro. A outra é que não há qualquer menção ou indício de existência prévia do regime de Durval, sequer na saga de Asgard. Como nunca antes visto, Atena reage além de seu típico comportamento de garota refém, demonstrando uma confiança enorme em seus guerreiros, pouco antes de transformada em estátua por Durval e seu Escudo de Odin. Não demora muito para a ação começar, e Andrômeda enfrenta o esguio Ur de Surt – que representa o rei dos gigantes de fogo, e sua espada que despedaça o chão e a armadura de saint de bronze, semelhante a Excalibur de Shura. Ikki chega para salvar seu irmão, detendo facilmente Ur. Logo o gigante Rung, de Thirym, que era o rei dos gigantes de gelo. A batalha também é atabalhoada e curta, com o oponente tentando levar a Fênix para o abismo, sem sucesso.
Shiryu encara um guerreiro de robe (respectivo asgardiano a armadura) de Jormungand, (a serpente filha do deus Loki que envenenaria Thor), surpreendendo-se por este ser na verdade Hyoga. O cavaleiro meio russo declara ser fiel agora a Odin, numa traição sem tamanho, congelando o braço do Dragão sem pestanejar. Os únicos representante ainda vivos são Seiya e Loki, de Fenrir, que carrega referências a pai e filho, ambas criaturas que prenunciariam o Ragnarok e o fim do mundo. A batalha começa interessante, com o Ataque dos Lobos, mas o fim é anticlimático.
Pégaso chega bastante fraco para a batalha contra Durval, de Heimdall, que como na mitologia, também guarda a entrada entre os dois mundos (Asgard e Midgard). Hyoga chega, para o público perceber q lavagem cerebral falha do soberano de Valhalla, mas claro, não são páreos para o Guerreiro Deus, que segundo Seiya, é mais rápido que os cavaleiros de ouro, possivelmente referenciando ao primeiro encontro com Aiolia de Leão.
Apesar das lutas serem mais interessantes, o maniqueísmo é ainda mais exacerbado neste curta, cooptando até a audácia costumeira de Fênix, além da mudança de comportamento completamente sem nuance de Hyoga. Não fosse muito o recurso deus Ex Machina da armadura de Sagitário vir em socorro dos cavaleiros de bronze, outra interferência externa ocorre, quando o bravo Frey crava sua espada na coroa de cristais de Odin, liberando Atena do temível feitiço, invertendo junto a Durval a referência clara ao herói da mitologia nórdica Balder.
Ao fim, o sol resplandeceu sobre o reino gelado, fazendo florecer Yggdrasil, a árvore do Universo, sob a “maléfica” estátua de Odin, encerrando o tomo de clichês, desdenhando da mitologia. Apesar desses defeitos, consegue superar o primeiro filme, mas ainda por muito pouco.
A Lenda dos Defensores de Atena ou A Batalha de Abel
Primeiro longa-metragem – exibido no Brasil nos cinemas, contrariando toda a tradição de filmes derivados de anime – começa diferente dos dois anteriores, sem UMA abertura, já exibindo uma interação entre Saori/Atena e seu irmão recém encontrado Abel, filho de Zeus desaparecido e deus do sol. Após uma demonstração de relação bastante amistosa, Abel faz uso de seus poderes telepáticos para adentrar a mente de sua irmã, e tentar convencê-la a se unir a ele, em um plano de dominação, convencendo-a de um modo que nem Julian Solo em Poseidon conseguiu.
O pretenso deus do sol é acompanhado de três fortes cavaleiros, que tem até constelações sobre suas cabeças: Atlas de Carina, Berengue de Coma Berenices e Jaô de Lince. O poder de Abel era tamanho que causou em Apolo e Zeus um ciúme imenso, apagando-o da história e da existência, o que suscita sua ressureição, uma tensão que convencer Saori a dispensar seus defensores de bronze, para ficar a cargo somente dos guerreiros da coroa do sol e dos cavaleiros de ouro ressuscitados. No entanto, a farsa dura pouco, e Abel ataca a deusa que parece ter saído de um transe. O deus esquecido pela mitologia é contrariado por Camus e Shura, mas facilmente derrotados, possivelmente por suas novas forças virem de Abel.
Os problemas dos filmes anteriores se repetem, especialmente pelo caráter dos personagens ser tão pobre. Os cavaleiros de bronze aceitam muito facilmente a recusa de sua musa, especialmente Hyoga, que novamente parece um “traidor”, em ideia péssima da Toei de (talvez) referenciar o intuito inicial do Cisne, no mangá, de seguir as ordens do Santuário para matar seus “amigos”. Como esperado, os teimosos cavaleiros resolvem ir em socorro de Atena, mas sem qualquer união, resumida pela constrangedora mensagem de Shun:
Atlas declara que as três constelações não pertencem as classes de prata, ouro ou bronze, mais uma vez referenciando a confusa matemática de Kurumada dita no começo do mangá: das 88 constelações afirma que 12 eram de ouro, 24 de prata e 48 de bronze, sobrando então 4 armaduras misteriosas. O cavaleiro de Carina derrota facilmente Seiya, enquanto o Dragão tem Máscara da Morte pela frente, derrotado facilmente, para logo depois se atacado por trás por Berengue, que o derrota automaticamente. O destino do Cabeleira de Berenice só é selado após um ataque de revanche orquestrado por Hyoga, ao saber que foi ele quem re-assassinou Camus. Shun por sua vez, repete a efeminada luta contra Afrodite de Peixes, caindo dessa vez, salvo por seu irmão Ikki de Fênix, em mais uma luta pouco interessante, para mais uma vez ter seu fim pelas mãos de um cavaleiro da Coroa do Sol. O fator da ressurreição dos cavaleiros de ouro é o fator mais irritante, prevendo o que ocorreu no início de Hades, até então inédito em versão animada. A crença se fortalece ao exibir no filme a redenção de Saga, que assassina Jaô em um ataque suicida.
Novamente repetindo os problemas de falta de nuances, o desfecho envolve o uso das armaduras de ouro, dessa vez com Aquário e Libra unidos. Seiya consegue enfim vencer o poderoso Atlas, e com um único golpe, banalizando completamente todas as derrotas de seus amigos pelas mãos do cavaleiro de Carina. Atena enfim assume ter errado, chegando ao cumulo de assumir não ter sido uma divindade digna, compondo mais um absurdo para o combalido roteiro. Novamente o roteiro de encerra com uma flechada mortal encerrando o inimigo, e o lugar estavam os saints de esvaindo em ruínas, reprisando a exaustão os clichês antes demarcados.
Os Guerreiros do Armageddon ou A Batalha de Lúcifer
Não bastasse banalizar as figuras de Atena, Odin e outros deuses gregos subalternos, os filmes de Saint Seiya ainda reservavam mais um tema a debochar: Lúcifer, o conhecido antagonista do cristianismo, de nomes tão variados. A história começa no santuário, onde cada um dos cavaleiros de ouro sucumbe – mesmo Shaka de Virgem – facilmente ante figuras fantasmagóricas, para introduzir finalmente um anjo caído, anunciado por uma trilha de piano típica dos filmes expressionistas alemães. A nefasta figura decepa a cabeça da estátua de Atena, mostrando só ter respeito por si mesmo, e construindo do nada um novo templo em plena Grécia.
A repetição permeia toda a fita, desde a construção instantânea de um templo – visto também em Éris – até a renovada versão do ataque que ocorreria aos cavaleiros dourados em Hades, referenciando o conceito da batalha de Abel. Aliás, é sob a égide de ressurreição de Abel, Éris e Poseidon que Lúcifer adianta seu ataque aos guerreiros de Atena, ameaçando o mundo com catástrofes e com a possibilidade de retorno desses antagonistas, fazendo sua importância diminuir muito. O vilão faz os dubladores brasileiros abusarem de termos chaves, usados em cultos cristãos, como blasfêmia, pacto e Satanás, unicamente para fortificar a malignidade de Satã e seus asseclas, os Anjos da Morte: Belzebu (Querubim), Ashtarote (Serafim), Érigor (Virtude) e Moa, que vencem Seiya e os outros sem armaduras.
Ao longo da existência, o Arcanjo Miguel e o deus da guerra hindu Marishiten seguraram o ímpeto de Satanás. Logo os cavaleiros de bronze restabelecem sua saúde, para então enfrentar os anjos. Shiryu agarra o cafona Belzebu, anjo do Fogo, o mais poderoso do inferno, que consegue imputar medo, e Ashtarote, o anjo da sabedoria, o rei da cobra albina de duas cabeças, ainda assim, não é páreo para o Dragão, que só venceu para ser derrotado covardemente por um ataque aéreo de Belezebu. Érigor, o anjo do poder de Mantis , que sai de um casulo para ser derrotado pelos irmãos Shun e Ikki. Com borboletas, Moa ataca Hyoga, o caçador de almas, o anjo do trono – com quase tantas alcunhas que seu chefe Diabo. Ele usa ilusões das lembranças a mãe do meio japonês meio russo, como inúmeros outros adversários (Ikki no começo, Lymnades, Mime etc), mas depois, consegue se desvencilhar disso.
Apesar da maior violência, com cenas de tortura a Saori, que sangra diante de uma escadaria repleta de espinhos, e em uma decapitação de Ikki em mais uma fantasia da ave Fênix, pouco de ineditismo resta. Seiya aponta mais uma vez a flecha ao inimigo, pede a deus um chance e todas as armaduras de ouro reluzem em volta do sol para dar forças ao protagonista, fazendo dele um ser perfeito, retornando seu inimigo ao inferno bíblico, da onde sua caracterização estranha não deveria ter saído. O exacerbo de maniqueísmo vai contra toda a mensagem ecumênica de Masami Kurumada, fazendo do filme algo semelhante a um comercial gospel, como em Deus Não Está Morto e em tantos outros produtos para nicho.
O Prologo do Céu
Iniciado de um modo belo graficamente, O Prologo do Céu deveria ser o primeiro capítulo de uma trilogia, que revelaria os fatos passados após a Batalha da Guerra Santa contra Hades, iniciando o longa-metragem mostrando Seiya catatônico, sob uma cadeira de rodas, sem esboçar qualquer defesa contra os três guerreiros misteriosos que se apresentam a si. O começo da ação sem qualquer preâmbulo revela uma mudança no estilo narrativo dos roteiros de Masami Kurumada, fazendo-nos perguntar se estes fatos teriam sido encurtados pela empresa que sempre boicotou seus escritos.
O antigo Pégaso, sem brilho no olhar, consegue desviar de cada uma das lanças, protegido pela mesma deusa que ele jurou guardar. Uma vez indefeso, é ela quem o acolhe, diante dos guerreiros celestiais, Odisseu, Teseu e Tohma De Icaro, que servem a deusa da lua Artémis, que logo vem cobrar de Saori os sacrilégios dos cavaleiros, que ousaram enfrentar os deuses. Os pecados deles não são expiados, até que Atena se oferece em sacrifício, para que os homens não sofram a ira divina, incluindo os cinco lendários.
O castigo também é dado as almas mortas dos cavaleiros de ouro, incluindo até Shion e Dohko, julgados como mortais pequeninos que ousaram um dia contrariar a vontade dos deuses, e que teriam enfim a retribuição de seus atos. Logo, Seiya sai da letargia, acordando pela falta de Atena. Marin o encontra e relembra o golpe que Hades lhe deu, e Pégaso consegue se levantar, mesmo que em estado físico lastimável. Ao visitar a Grécia – conseguindo estranhamente chegar até lá cambaleando – Seiya se depara com um Santuário modificado, pela ação de Artémis, tendo um comando insano da amazona Shina de Cobra, que ordena a Jabu de Unicórnio e Ichi de Hidra que tratem de repelir o combalido saint de bronze, desferindo ela mesma o último golpe em seu antigo amado, renegando o valor do antigo guerreiro.
O rumo dos remanescentes da guerra com Hades sofrem infortúnios terríveis. A armadura de Pégaso rejeita o corpo de Seiya, e Shun é atacado pela figura angelical de Teseu, que anuncia que sua missão é exterminar os cavaleiros da deusa da Sabedoria. Ikki aparece para defender o caçula, e neste momento, Teseu percebe o ímpeto e espírito dos cavaleiros a quem deve caçar, justificando o puro ódio dos deuses sobre eles.
A luta de Odisseu com Hyoga e Shiryu sequer é mostrada, exibindo-se apenas a derrota dos dois amigos. Seiya então chega, milagrosamente munido de sua armadura, sem seu elmo, assim como praticamente todos os seus amigos, que tem a cabeça desprotegida. Tal característica passa longe de ser uma coincidência, na verdade remete a falta de governo que os justiceiros têm, sem sua deusa ao seu lado, que não está presente sequer para os inspirar a atingir os sentidos além sobre-humanos que normalmente lhes é comum.
Juntos, Pégaso, Dragão e Cisne vencem somando seus cosmos, até Seiya ser teletransportado até um outro local. O acuro no roteiro não contemplou uma resposta plausível para essas interferências, deixando isto como mais um dos eventos misteriosos. Em uma praia, Ícaro se aproxima, querendo enfrentar aquele que venceu muitos deuses. A luta é interrompida por Marin, que reconhece através de um símbolo familiar – um pequeno sino – que aquele era seu parente perdido, Tohma, que obviamente refuta sua origem humana, buscando a essência da transformação em um deus.
Após um embate muito mais filosófico que físico, Tohma enfrenta novamente Seiya, o que resulta no encontro entre Pégaso e Saori, já livre do julgo de ser uma divindade. Neste lugar isolado, Seiya se entrega a ela como visto no conto bíblico do sacrifício que Abraão faria de seu filho Isaque, o sacrifício para o seu deus. Sua entrega faz Atena reavaliar sua postura, travando uma discussão profunda sobre o papel de inspiração e proteção que os seres olímpicos tem sobre os homens.
O roteiro reescrito por Michiko Yokote é confuso, a maioria dos bons conceitos são mais sugeridos do que trabalhados, tornando o espírito que Kurumada queria passar demasiado vago, repleto de lutas curtas, que subvalorizam o papel de Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki, além de revelar um vilão poderosíssimo que não possui qualquer histórico ou capitulação anterior. Quando Apolo, deus do sol e gêmeo de Artémis aparece, todo o sacrifício de Tohma – idêntico aos feitos por Seiya em todo o anime – é banalizado, como algumas das movimentações da saga de Hades, semelhante por exemplo a chegada das armaduras dos signos zodiacais nos Eliseos, no entanto, se destacada a falta de perícia e esmero na finalização do texto orquestrado por Shigeyasu Yamauchi.
Os instantes finais deixam tudo ainda mais confuso, possivelmente escrita após mais uma das brigas do autor com a empresa de animação. Remeter a uma amnesia tanto de Saori quanto de Seiya faz confundir se a mensagem final seria de que as almas de ambos estavam sempre destinadas a se encontrar, mesmo retirado o poder cósmico de ambos, ou set udo seria um sonho, piorado pela cena pós-crédito, que revela um outro design para a armadura de Pégaso.
Alguns dos elementos de Prólogo do Céu foram reaproveitados no mangá Os Cavaleiros do Zodíaco: Next Dimension. A fita que deveria ser parte do cânone, ao contrário dos outros quatro filmes, acaba gerando muito mais dúvidas do que respostas, trabalhando de maneira falha uma premissa muito boa, corrompendo uma nova fase que tinha potencial para revolucionar ainda mais os escritos de Kurumada, mas que ao final, se assemelha somente a uma colcha de retalhos, que reúne ideias interessantes mas que traem boa parte do caráter do anime Saint Seiya.
A Lenda do Santuário
A espera do tão aguardado desfecho de Next Dimension, o mangá de continuação orquestrado por Masami Kurumada. Até este lançamento, houve diversos spin offs e pretensas continuações do anime original, entre elas a bela participação de Shiori Teshirogi em Lost Canvas, na versão Ômega, que mostra os herdeiros dos cinco cavaleiros de bronze. Alguns dos conceitos deste último, estavam presentes na animação em 3D, A Lenda do Santuário.
Visualmente bela, a fita de pouco mais de noventa minutos se assemelha visualmente as belas animações que Steven Spielberg tornou realidade, especialmente O Expresso Polar, dirigido por Robert Zemeckis e a versão cinematográfica de As Aventuras de Tintim. A traição do santuário, vista especialmente na Saga das Doze Casas é resumida e reimaginada, com bons momentos no prólogo, em que o valente Aioros de Sagitário confia a Mitsumasa Kido a guarda da reencarnação de Atena. As batalhas até então são magnânimas, grandiosas em um nível inimaginável em termos de animação ligadas ao mito da Saint Seiya, os problemas somente se revelam com a passagem de dezesseis anos após a o encontro que feriu mortalmente o cavaleiro de ouro.
Após algumas explicações óbvias, e uma perseguição em uma ponte – que faz questão de sexualizar Saori Kido, a encarnação de uma deusa virgem – ocorre uma primeira batalha, que envolve os cavaleiros de bronze sagrados, Shun, Hyoga, Shiryu e o renovado Seiya. Os maiores problemas estão na concepção dos cinco personagens, modernizados em postura e em suas armaduras, que mais lembram a roupagem dos metal heroes dos tokusatsus.
Mais do que qualquer adjetivação negativa relacionada ao visual, há uma terrível falha na construção do ethos de cada um dos personagens. Um dos poucos pontos realmente positivos no roteiro de Kurumada eram os detalhes únicos da postura de cada um dos cinco lendários. Cisne não revela seus problemas com a orfandade, Shiryu que o tempo inteiro retirava sua armadura, no filme utilizava o traje até nos momentos civis. Shun não demonstra com tanto afinco sua ojeriza ao belicismo, e Pégaso é um atrapalhado adolescente, apaixonado por Kido, que se assemelha em essência mais a Jabu de Unicórnio do que ao personagem título, agindo até como o “cavalinho da Saori” que tanto criticavam na publicação original.
O tom de humor não combina com as batalhas sangrentas que ocorrem, tampouco valorizam os momentos dramáticos como a sensação de culpa que Aioria de Leão carrega pela pretensa traição de seu fraterno. A trajetória de lutas que no original mostravam uma corrida para salvar o menina que estava convalescendo, acaba sendo uma jornada de muita cor e pouco significado. Batalhas épicas como as de Aldebaran de Touro são substituídas por trocas de gracejos com o cavaleiro de ouro reclamando de ser chamado de tiozão.
As falhas prosseguem nas casas seguintes, tornando-se até covardia falar mal da pífia aparição de Máscara da Morte de Câncer, que teve seu recinto transformado do lugar mais próximo do Inferno, para se assemelhar a uma termas repleta de luzes piscantes que tentam forçar uma alegoria a Las Vegas. A partir dali os eventos mudam bastante, incluindo batalhas coletivas entre os saints de bronze e de ouro. As lutas acabam sendo curtas, anti-climáticas, ou então simplesmente não ocorrem, como com Afrodite, que aparece morto.
Saga se revela, mas tem como adversários a maioria dos cavaleiros de outro, que somente não são páreos a ele graças ao cosmo furtado da deusa da Sabedoria, na verdade somente mais uma inversão de papéis de destaque que, em suma, só repetem os piores defeitos de certas sagas do anime.
A solução para a batalha final não poderia ser mais genérica e contraditória com a tradição de Cavaleiros do Zodiaco, uma vez que usa um monstro gigante para o desfecho, evocando referências a Changeman, Jaspion e demais series japonesas live action, mas sem o menor cuidado com o canône de Kurumada.
A mensagem de Atena, junto ao seu exército é bonita e singela, mas cai em contradição graças aos mil tropeços do argumento deste remake que possivelmente terá uma continuação em breve.
Huahauhau
Resumindo só Lost Canvas presta em CDZ.
E claro as OSTs do anime clássico.
Nos filmes temos pelo menos boas lutas:
Orion vs Seiya e Ikki
Ur de Surt vs Shun e Ikki
Loke vs Seiya
Shiryu vs Hyoga
Shun vs Mantis
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Odeio A Batlha de Abel (muito pretensioso!!! E enjoativo)
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Artemis tá muito maravilhosa no primeiro filme/ova!!!
Atena tá maravilhosamente libinidiosa no Prólogo do Céu.