Segunda obra de John Green adaptada para as telas, Cidades de Papel consegue transpassar a barreira literária e se recodificar em uma narrativa cinematográfica com estilo e recursos cênicos próprios, modificando somente o essencial devido aos formatos diferentes e desenvolvendo uma bonita história sobre laços de amizade e a fase de transição e amadurecimento entre a adolescência e juventude.
A obra de Green não é de difícil adaptação. Sua narrativa linear é estruturada de maneira simples com personagens adolescentes passando por uma ação específica de transformação. O estilo narrativo é eficiente ao compor tais personagens, e denota uma boa caracterização em cena para que não existam estereótipos.
No papel central, Nat Wolff, presente também em A Culpa é Das Estrelas, corresponde com eficiência a Quentin, um jovem que nutre uma paixão platônica pela vizinha Margo Roth Spielgelman e participa de um engenhoso plano de vingança ao seu lado antes do desaparecimento da garota. Como um adolescente como outro qualquer, o jovem Quentin se apaixona pela beleza de Margo e nutre há anos um amor sem conhecer, de fato, sua amada.
A trama transforma a fuga de Margo na trajetória de conhecimento de Quentin. Prestes a se formar no colegial e escolher uma faculdade, o universo conhecido do adolescente será transformado. Um rito de transição para uma juventude inexplorada e mudanças naturais da vida que deixa amizades e a família para trás. Ao mostrar Quentin e amigos partirem em uma viagem atravessando os Estados Unidos à procura de Margot, a narrativa enaltece a força da amizade e estabelece um fraterno road trip.
O roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber – que também versaram A Culpa – é eficiente ao modificar estruturas básicas da narrativa original, dando maior fluidez para a história tanto no aspecto temporal como na composição sensível dos personagens. Se há uma perda de densidade em comparação com os acontecimentos descritos por Green, há ganho no fluxo narrativo e no enfoque concentrado nas relações fraternais. Universalizando uma trama que, inicialmente, possui um público alvo específico. Ainda que em matéria de comparação, o estilo do autor mencionado anteriormente consegue ser ainda mais inspirador na mensagem do que esta adaptação, mantendo obra original e versão em bons parâmetros.
Ok… Mas afinal de contas, ele come a loirinha ou não?
Então, não. A amizade falou mais alto porque o filme é fofo.
Pois é… Que merda.