Trazendo Christian Bale para a franquia antes pensada por James Cameron, McG tinha a princípio todos os fatores que denotariam uma boa alternativa ao reinício da saga Terminator, exceto, é claro, pelas muitas interferências do estúdio, agora pela Warner – a quarta produtora de quatro filmes. O Exterminador do Futuro: A Salvação começa em 2003, com um recordatório de Marcus Wright ( Sam Warthington), que assina um termo antes de sua sentença de morte, cujo documento está ligado a Cyberdine, embrião do que seria a Skynet.
A trama viaja ao futuro, em 2018, anos antes da vitória dos homens sobre os temidos exterminadores. A primeira cena de ação envolvendo John Connor (Bale) é bastante intensa e graficamente interessante, com o pretenso salvador se exibindo de um modo bastante viril, como se esperava do herói que seria a última esperança da Terra, como foi dito pelo Kyle Reese de Biehn em O Exterminador do Futuro. Connor pisa sobre a cabeça da carcaça mecânica de poder, simbolizando a ordem hierárquica estabelecida entre ele e seus inimigos, talvez no momento de mais inteligência no script de Michael Ferris e John D. Brancato.
O entorno da resistência é bem exemplificado através de personagens universais, que se não têm muito tempo para se aprofundar no caráter destes, ao menos possuem carisma e simpatia, como funciona com General Ashdown (Michael Ironside), Kate Connor (Bryce Dallas Howard) e claro, com a nova faceta de Kyle Reese (Anton Yelchin). A úncia personagem que destoa dos demais até perto de uma hora de exibição é a nova encarnação de Wright, que se assemelha demais a uma figura misteriosa e messiânica, que furta o tempo dela que poderia ser de Connor e Reese.
O declínio do filme ocorre da metade para o final, curiosamente no ponto em que toda franquia inicia também sua derrocada, uma vez que foi em A Rebelião das Máquinas que se iniciou a parte fraca e incongruente de toda a saga. Os furos de argumento iniciam-se pela premissa de um autômato tão avançado ter precedido a máquina de matar, que seria o T800 de Arnold Schwarzenegger.
A referência visual que McG faz dos membros da resistência em comparação com os humanos sobreviventes de Matrix é um easter egg inteligente, especialmente por retribuir a influência que os Watchowski retiraram de Terminator, mas, ao final, tudo se assemelha demais a uma masturbação visual semelhante ao que ocorre no restante das boas sequências de ação do filme, que em suma reprisam os erros de tantos outros produtos, com roupagens interessantes e conteúdo nulo, assim como foi com os dois As Panteras e com o que seria a quadrilogia Transformers.
É curioso que o plot de mútua cooperação entre Connor e um exterminador tenha sido revisitado em Exterminador do Futuro Gênesis, e de maneira igualmente tosca, que resulta também na retirada de protagonista do Messias futurista. Mesmo que rivalize muito em nível de absurdos, O Exterminador do Futuro: A Salvação consegue ser bem mais repleto de conceitos furados, como o que ocorre com o protagonista de Avatar, que tem seu seu poder atrelado a Skynet e no entanto se rebela sem maiores consequências para si, ao contrário, ele é reformado e decide mais uma vez mudar de lado enquanto a inteligência artificial assiste a tudo passivamente.
Mais do que mero simbolismo, a cena da cirurgia cardíaca, cujo plot e ideia são completamente desnecessários, visa tentar justificar a presença de Wright entre os principais personagens, no entanto a tentativa falha por só exibir um fracassado modo de redenção do roteiro. A insegurança passada durante a produção, que contou até com Bale fazendo um tremendo escândalo, condiz demais com gigantesca confusão que resulta em O Exterminador do Futuro: A Salvação, que até tenta ser salvo, tolamente pelas mãos atabalhoadas de McG, claro, sem sequer arranhar a expectativa de redenção da franquia.
Deixe um comentário