Nova produção de Petra Costa – diretora de Elena – Olmo e a Gaivota é um filme bem ao estilo do outro sucesso de Costa, se valendo da literalidade do texto para desenvolver uma história metalinguística ao extremo. A fita depende fundamentalmente da entrega da atriz Olivia Corsini, que exibe seu corpo grávido, e alma também gestante, para exemplificar a rotina de uma artista temporariamente “impedida” de trabalhar.
O acréscimo da co-diretora Lea Glob talvez tencionasse acrescentar mais um ponto de vista ao panorama artístico da obra, mas pouco se exprime desta parceria. O maior mérito do longa certamente é a a entrega de Olivia, uma mulher real, cheia de neuras e inseguranças em relação a si, aos seus e ao futuro que espera.
A estética de Olmo e a Gaivota é completamente pautada na visão européia de cinema, tanto nos diálogos montados quanto nas situações flagradas pela câmera. O aspecto que pode ser encarado como defeito é a desnecessária intervenção da direção, que faz quebrar desnecessariamente a quarta parede, sem qualquer desculpa narrativa plausível para tal, estando prestes até ao terrível trocadilho de abortar os bons momentos do documentário dramático.
Semelhante demais a Elena, a nova produção de Petra Costa quase não acrescenta nada à filmografia da diretora, resultando em uma redundância da própria em reprises que fazem a expectativa do espectador ser frustrada. As cenas ao menos são bem conduzidas, driblando inclusive o incômodo déjà vu artístico visto na película, que vale ser conferida graças à beleza inestimável da gravidez de Corsini, bem como seus nus e seu exercício dramatúrgico.