Existem mangás complexos com histórias mirabolantes e finais megalomaníacos. Em contrapartida, temos aqueles mais cotidianos, relatando histórias absolutamente comuns. Eis aqui um belíssimo exemplo de como fazer histórias simples com narrativa refinada: The Weddind Eve: A Véspera do Casamento e Outras Histórias, da artista japonesa Hozumi, publicada pela Panini Comics.
A obra esbanja sensibilidade ao longo das seis histórias de curta duração. Hozumi junta seu excelente traço à notável habilidade de contar uma história da forma mais fluida e cativante possível. Não temos aqui reviravoltas malucas ou questões absurdamente complexas. Pelo contrário, tudo é muito simples, e contado de forma inteligente. São pequenas questões com pequenas reviravoltas que, ao final de cada história, deixa algum tipo de reflexão sobre questões e atitudes que, às vezes, não paramos para refletir. Repito, não espere tramas complexas. É tudo muito simples, mas feito com esmero e muito bom gosto.
A primeira história, A Véspera do Casamento, mostra como um casal (?) está lidando com a proximidade desta data tão importante. Reencontro em Azusa n.º 2 esbanja sensibilidade com a relação entre pai e filha, com uma bela surpresa no final. Irmãos Monocromáticos já traz a ideia bem clara no título: dois irmãos com personalidades opostas, mas que, no final das contas, são “os amigos que não puderam escolher”. Esta temática se estende à próxima história, O Espantalho que Sonha, a mais longa de todas, dividida em duas partes, mostrando como um irmão e uma irmã lidam com a vida adulta, e mais, um poço de nostalgia ao relembrarem da infância, nostalgia esta não tão agradável assim.
O Pequeno Jardim de Outubro relata o bloqueio criativo de um escritor que é importunado por uma jovem garota. Existe uma leve semelhança temática com alguma das histórias anteriores, mas não vamos estragar a surpresa. E Então…temos o último conto, onde a narrativa vem do ponto de vista de um personagem, digamos, inusitado, encerrando a obra de maneira leve e divertida.
Esta coletânea de histórias foi o primeiro grande trabalho da artista, e certamente é um ótimo começo. Consigo ver esta obra agradando de jovens adultos para cima. Definitivamente, não é voltada ao público infanto-juvenil. Na verdade, é um enorme contraponto aos “Dragon Balls” e “One Pieces” da vida. Esta é uma daquelas obras onde o menos é mais, que a simplicidade muitas vezes funciona, basta saber trabalhar em cima disso. Se quiser fugir um pouco dos poderes, monstros e bizarrices, The Wedding Eve será uma leitura agradável e satisfatória. Principalmente quando você olhar para a capa, reconhecer todos os personagens ali retratados e relembrar a história de cada um. Obrigado, Hozumi.
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