Em Berlim, uma mulher desaparece em plena luz do dia. Em Paris, um homem pula da Torre Eiffel. Em Denver, um avião se espatifa nas montanhas. Em Nova York, um corpo é encontrado às margens do East River. A princípio, todos os episódios parecem isolados, mas em pouco tempo a polícia irá encontrar uma misteriosa conexão entre as quatro vítimas e o Kingsley International Group (KIG), uma importante empresa de pesquisa de alta tecnologia, envolvida em estratégia militar, telecomunicações e questões ambientais. Kelly Harris e Diane Stevens, jovens viúvas de duas das vítimas, começam a desconfiar de que seus maridos foram assassinados. E, após serem alvo de sucessivas tentativas de assassinato, têm certeza de que “há algo de podre no reino da Dinamarca”.
A história é interessante, a temática abordada também. Afinal, controlar o clima é algo que a espécie humana deseja desde a “revolução” neolítica, quando caçadores/coletores deixaram a vida nômade de lado e adotaram uma vida agrícola e mais sedentária.
Mas nem tudo são flores. A trama não é bem desenvolvida. Em vários momentos, o leitor se vê expulso do universo da história em meio a cenas um tanto inverossímeis, além de improváveis. O uso do deus ex machina é uma constante em todo o livro. Ok, é interessante que as protagonistas não sejam policiais ou investigadoras cheias de recursos. Pessoalmente, gosto bastante de thrillers assim. Meu livros prediletos de Agatha Christie, por exemplo, são aqueles não protagonizados pelos famosos detetives – Poirot e Ms. Marple, ou mesmo Tuppence e Tommy – mas aqueles cujos personagens são pessoas comuns. E, sendo assim, pessoas comuns, é mandatório que elas tenham atitudes de pessoas comuns, algo que, em várias ocasiões, não acontece neste livro. E isso é um problema, pois dificulta a identificação com as personagens.
Aliás, a construção das personagens também deixa a desejar. Apesar de o autor incluir pseudo flashbacks contando a histórias das personagens antes dos eventos do livro, não é o suficiente para gerar a empatia necessária a fim de fazer o leitor se importar muito com o futuro delas. Além disso, Kelly e Diane escapam tantas vezes durante a história, que quando surge outro conflito ou perigo, o leitor apenas vai lendo, aguardando a solução chegar na próxima página.
Mas se há algo que desanima a leitura é a baixa qualidade dos diálogos. Nâo sei dizer se é problema do original ou da tradução, mas são diálogos tão pobres que até quem lê descompromissadamente com certeza se sentirá incomodado:
“As semanas seguintes continuaram com uma série deliciosa de encontros. No fim de três semanas Henry disse:
— Eu amo você, Lois. Quero que seja minha mulher.
Palavras que ela pensava que nunca ouviria. Abraçou-o e disse:
— Também amo você, Henry. Quero ser sua mulher.”
Enfim, se a intenção é começar a ler Sidney Sheldon, este não é uma boa opção. Melhor dar preferência para O Outro Lado da Meia-Noite.
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Texto de autoria de Cristine Tellier.