O super-herói mais poderoso do mundo. Ele ajuda a trazer a paz e combater os males. Não há nada que possa derrotá-lo. Isso deixa a humanidade tranquila. Porém…
E se ele mudasse de lado e se tornasse um vilão?
É justamente isso que acontece em Imperdoável. O herói mais poderoso, chamado de Plutoniano, agora direciona todas as suas forças para exterminar todos os outros heróis do mundo, e mais, não poupará os demais humanos. Ele já destruiu cidades inteiras e matou seus ex-companheiros de batalha sem remorso algum. Por que ele está fazendo isso?
O roteiro visceral ficou a cargo de Mark Waid, que dentre os trabalhos mais famosos está O Reino do Amanhã. Waid retrata, de forma magistral, a situação desesperadora de ter um vilão extremamente poderoso contra a humanidade. Plutoniano é uma alusão clara e direta ao Superman, uma vez que tem praticamente os mesmos poderes do famoso herói da DC Comics (super-força, regeneração, visão de calor, entre outros). O pior de tudo é que Plutoniano foi o maior aliado da humanidade, eliminando diversos males e ajudando a manter a paz ao lado de vários outros heróis. Ele sempre foi o melhor e mais forte, ninguém era páreo para ele.
E saber que agora ele é o vilão torna a situação muito crítica.
A força de Plutoniano é absurda, com exageros inacreditáveis. Tudo isso afasta ainda mais as esperanças do mundo. A frieza e crueldade do agora vilão é muito bem mostrada pela excelente arte de Peter Krause, que constrói boas cenas e dá uma ótima dinâmica à narrativa de Waid. Ambos já trabalharam juntos em obras do Demolidor e Insufferable.
Interessante notar que os heróis retratados aqui não possuem características tão marcantes. São até genéricos em sua maioria, nesse início da história, inclusive o Plutoniano. Mas aqui está o grande mérito de Waid: o que mais importa não são os heróis e seus poderes, e sim a situação em que se encontram. A única coisa que precisamos saber é que Plutoniano é absurdamente poderoso, ninguém pode fazer frente a ele, e tudo indica que a humanidade não tem chance alguma. Todos estão à mercê do super-vilão. Essa falta de esperança cria um sentimento bem peculiar no leitor, e foge do padrão “ameaça será derrotada pelo herói”.
Inevitavelmente caímos na máxima de Watchmen: “Quem vigia os vigilantes?”, neste caso “Quem impedirá o Plutoniano?”. Waid nos mostra o quão perigoso é depositar todas as suas esperanças em um “salvador da pátria”, acreditando cegamente que aquele grande herói do povo sempre estará do seu lado. Precisamos de um Superman genérico para nos ensinar isso? Parece que sim. A própria origem do Plutoniano é desconhecida até este momento, o que agrava ainda mais a situação.
Este primeiro volume inicia uma ótima construção da trama, porém não explica totalmente o que levou Plutoniano a mudar de lado, sendo este o ponto central da história. Esta é a questão que gera mais curiosidade e nos leva a virar cada página esperando a resposta. Não teremos a resposta definitiva, mas apenas alguns indícios, que por enquanto soam um pouco banais, porém isso torna as coisas mais verossímeis. Quantas pessoas não cometeram atrocidades por causa de uma única situação ruim? O Coringa já nos ensinou isso no clássico Piada Mortal. Apesar de que, aparentemente, ocorreu um longo processo interno até que Plutoniano mudasse de lado.
Foi uma excelente escolha da Devir Livraria trazer esta obra para o Brasil, em uma edição encadernada de muita qualidade e a história foi premiada por Prêmio Eisner, além de contar com um prefácio escrito por Grant Morrison.
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