Passada a repescagem, e alguns filmes que já estrearam em circuito, termino aqui o balanço do Festival do Rio 2018. Confiram os últimos filmes listados.
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Cinzas (Juan Sebastian Jacome, 2018)
Filme reflexivo, sobre uma menina que tem sérios problemas de aceitação e de relacionamentos, e que mergulha na intimidade familiar dessa protagonista. Dá vazão a temáticas espinhosas como abuso e incesto, e faz tudo isso de uma maneira bem certeira e sentimental.
Palace II: Tês Quartos Com Vista Pro Mar (Rafael Machado e Gabriel Corrêa e Castro, 2018)
Documentário bastante formulaico que investiga as causas e as pessoas que sofreram com a tragédia anunciada do edifício Palace II, na Barra da Tijuca. Resgata memórias e faz um julgamento justo sobre Sergio Naya, um dos responsáveis pelo acontecimento, ainda que não seja muito profundo em suas análises.
Be Natural: A História Não Contada da Primeira Cineasta do Mundo (Pamela B. Green, 2018)
Documentário sobre a primeira mulher cineasta da história. Resgata seus registros e tenta remontar a sua filmografia, além dos detalhes e minúcias de sua vida privada.
3 Faces (Jafar Panahi, 2018)
Panahi volta com mais um metafilme e uma inovação de linguagem. Um sujeito realmente genial em seus esforços. 3 Faces equilibra bem o humor e o drama.
Excelentíssimos (Douglas Duarte, 2018)
Douglas Duarte, conduz um filme que esmiúça detalhadamente o processo do impeachment de Dilma e o atual quadro político brasileiro, em especial em 2018, conseguindo registrar até pontos da carreira de Jair Bolsonaro. Verborrágico e preciso.
A Camareira (Lila Avilés, 2018)
Mais um filme sobre a classe trabalhadora, com uma levada tocante e singela. Discute a mecanização do trabalhador, mas já há dezenas de filmes durante os festivais com uma temática e abordagem semelhantes.
Game Girls (Alina Skrzeszewska, 2018)
Um dos pontos fracos do Festival, apesar de conter alguns elementos importantes a se discutir. As brigas do casal, que deveriam parecer documentadas normalmente são mostradas de forma artificial. Ao menos serve para denunciar as dificuldades que o LGBT negro tem nos Estados Unidos.
Hal Ashby (Amy Scott,2018)
Um belo filme sobre o diretor Hal Ashby. Amy Scott dribla qualquer burocracia em nome de um filme que consegue expressar a complexidade de um ícone como era Ashby. Vale muito a pena assistir e dá uma vontade enorme de gastar o tempo assistindo aos filmes do diretor.
José (Li Cheng, 2018)
Filme que mira a emoção, mostrando um garoto comum de uma comunidade pobre que gasta o seu tempo tentando sobreviver e tentando conviver com as inseguranças típicas de quem está desabrochando sua sexualidade. Tem bons momentos, embora não sejam muitos.
Futebol Infinito (Corneliu Porumboiu, 2018)
Filme da escola romena que mostra um homem refém da própria mediocridade e que acredita piamente que é um pioneiro no trabalho de técnico que faz, apesar de repetir velhas fórmulas como se fossem novas. Porumboiu traz um filme sobre um alguém mediano mas que se julga melhor do que realmente é.
Vírus Tropical (Santiago Caicedo, 2018)
Uma animação equatoriana linda, baseada no quadrinho homônimo, de Power Paola. Uma história autobiográfica sobre a existência feminina e as dificuldades de se viver em família. Gratíssima surpresa.
Friedkin Uncut (Francesco Zippel, 2018)
Me fez fazer as pazes com o Diabo e o Padre Amorth. Zippel acompanhou a feitoria do ultimo filme de Friedkin e conseguiu fazer um documentário reverencial sobre seu amigo e ídolo. Para quem gosta de Operação França e Exorcista é um prato cheio.
Não Me Toque (Adina Pintilie, 2018)
Vencedor do Festival de Berlim, é um filme potente e fala sobre pessoas normalmente excluídas de maiores convívios sociais. É um filme terapêutico, e feito para se ver em conjunto com as pessoas, de um caráter muito forte e que não soa panfletário.
Carvana (Lulu Correa, 2018)
Documentário ótimo e reverencial à figura malandra e marota de Hugo Carvana. Uma ode a carreira que foi e sempre será muito marcante para o cinema e a televisão brasileira.
Sueño Florianópolis (Ana Katz, 2018)
Típico filme de verão, onde as famílias vão para renovar seus laços mas acabam descobrindo outros interesses. É leve e muito bem filmado, dá uma sensação boa ao assistir. Uma historia para se distrair e nada mais, acerta muito nesse quesito despretensioso ao menos.
Para’í (Vinicius Toro, 2018)
Mais um bom filme sobre população indígena, que gira em torno de uma figura infantil que é Pará, a protagonista. Discute a influência religiosa dos brancos sobre o povo nativo brasileiro e não soa chato.
Culpa (Gustav Möller, 2018)
Filme hermético, mas bastante forte. Trata da história de um policial que se vê de mãos atadas, não podendo ajudar uma mulher que pede socorro. Discute o papel das forças armadas ante a sociedade e como elas podem estar simplesmente vendidas a circunstancias que lhe cortam as ações.
Diamantino (Daniel Schmidt e Gabriel Abrantes, 2018)
Uma fantasia sobre um jogador de futebol português que deixou de ser o principal atleta em alto nível do mundo e busca para si uma identidade não só profissional como sentimental. É impossível não ver em Diamantino um comparativo com Cristiano Ronaldo, mas o filme é bem mais que isso.
Los Silencios (Beatriz Seigner, 2018)
Um filme lindo, sobre ausência e sobre como o capitalismo pode esmagar as pessoas mais necessitadas. Seigner tem um domínio cênico arrebatador, e a fotografia do filme faz toda a atmosfera fantástica sobressair.
Infiltrado na Klan (Spike Lee, 2018)
Spike Lee está de volta e em muita boa forma. Seu filme é ágil, moderno e consegue conversar com novas plateias muito bem, além de trazer assuntos importantes à ribalta.
Mormaço (Marina Meliande, 2018)
Filme brasileiro que reúne elementos fantásticos, com uma fotografia bonita. Os pontos positivos são esses, a maior parte do restante dele é um pouco decepcionante, pois prometia tanto…
A Sombra do Pai (Gabriela Amaral Almeida, 2018)
Amaral Almeida é das grandes promessas do cinema brasileiro e isso não é à toa. Animal Cordial já havia sido muito bom, mas aqui ela resgata um cinema menos explícito, e ainda assim com uma aura de terror muito grandiosa.
Em Chamas (Beoning, Lee Chang-dong, 2018)
Filme tocante, que mostra uma história de obsessão, ciúmes e rancor, mostrando personagens bastante realistas cujas virtudes e principalmente suas falhas fazem o espectador simpatizar pela jornada mostrada.
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