Fruto da loucura do diretor polonês Jerzy Skolimowski – realizador também de Classe Operária e Quatro Noites Com Anna – o longa 11 Minutos é um filme evento, orquestrado todo em direção a um episódio peculiar na vida de pessoas ditas normais, bem ao estilo de muitos outros produtos, cuja inspiração varia evidentemente dependendo da sua equipe criativa.
A gama de personagens inclui um marido ciumento descontrolado, uma atriz belíssima a procura de um trabalho hollywoodiano – o que evidentemente causa um dejá vu metalinguístico – uma jovem confusa, um vendedor de cachorro quentes que busca redenção de seus pecados do passado, uma estudante de índole duvidosa, um limpador de janelas, um ancião que faz desenhos, um grupo de freiras glutonas, paramédicos e um diretor de filmes. O destino de todos eles se cruzam, sem muito espaço para uma maior profundidade para nenhuma dos indivíduos mostradas em tela.
A direção de atores é esmerada, compensando de certa forma a completa falta de substância dos homens e o pouco tempo de tela para cada parcela de história. Exigir um background mais especialização em substância em texto como esse beira o azedume, mas o que realmente incomoda em 11 Minutos é não acrescentar quase nada na questão de ser um mero acaso, uma sucessão de eventos que envolve a dicotomia de acaso e destino vista em tantos outros produtos semelhantes.
O filme foge de ser algo dispensável pela criatividade de seu feitor em posicionar a câmera, e pela multiplicidade de preconceitos sugeridos no filme, ainda que não haja muita reflexão sobre as ocorrências em geral, a estética utilizada é interessante e diferenciada, utilizando bem o formato, mesmo que o conteúdo propriamente dito não seja nada distante do comum.