Crítica | A Autópsia

Pai e filho comandam um necrotério de uma cidade interiorana dos Estados Unidos. Por ser a cidade um lugar pacato, normalmente o homem mais velho Tommy Tilden (Bryan Cox) e seu filho, Austin (Emile Thirsden), não tem muito trabalho ou dor de cabeça, até chegar ao local de trabalho o cadáver de uma mulher que estava nos arredores da cidade. Elas a apelidam de Jane Doe e começam a analisar o que ocorreu com ela.

A Autópsia segue seu drama de maneira direta e econômica, como é típico do trabalho de seu diretor André Øvredal, que fez anteriormente O Caçador de Troll. A rotina dos parentes em analisar o causa mortis da garota varia entre o comum dentro dos procedimentos padrões e uma desconfiança enorme por parte de Austin, que enxerga muita estranheza durante os eventos simples da análise, como o sangramento do cadáver. Neste ponto, a trilha sonora ajuda a maximizar o espanto do analista, ao inserir uma música grave e de suspense, enquanto os dois mexem nas partes do defunto.

É curioso como Jane (Olwen Katherine Kelly) tem expressões mesmo estando morta. Quando ela é levantada aparenta estar desesperada e desamparada. Os eventos estranhos, que antes só pareciam incomodar Austin começam a se manifestar também para o seu pai, aumentando portanto o escopo da paranoia. A sensação de claustrofobia é criada aos poucos, desafiando até clichês do gênero, uma vez que os assustados são pessoas que lidam com os mortos em seu cotidiano e portanto, estão acostumados a tratar com pessoas que perderam suas vidas.

O estabelecimento do horror através das sensações de apenas duas pessoas faz maximizar a tragédia inevitável dos destinos ali propostos. Os olhos dos parentes é iludido graças a seja lá qual for o mal que impera naquele lugar desde que Jane chegou. No auge do desespero, por perceberem correr risco de vida, a dupla passa a investigar a origem da moça, chegando a conclusões que remetem o filme a uma tônica que era bastante comum à época dos filmes italianos de terror de Mario Bava, Dario Argento, Lucio Fulci, etc.

A simplicidade do filme e dos assuntos abordados só enriquece A Autópsia, resultando em um filme que consegue agradar aos fãs do horror dada a engenhosidade de seu realizador, que faz da câmera seu mais infligidor de pavor e medo, além de deflagrar também no texto de Richard Naing, espaço para algumas causas fundamentais, especialmente no tocante à violência contra a mulher, jamais soando oportunista ou panfletário.

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