Em 1996, dois grupos de alpinistas, um liderado por Rob Hall (Jason Clarke) e outro por Scott Fisher (Jake Gyllenhaal), de agências de alpinismo concorrentes, tentam escalar o Everest, mas uma nevasca coloca a vida de todos em risco. A tragédia, que surpreendeu a todos, acabou por vitimar 19 pessoas, entre alpinistas e sherpas.
Por mais estranho que pareça, o documentário de 1998 – baseado no mesmo livro de Jon Krakauer, No Ar Rarefeito – consegue atrair e manter a atenção do espectador com muito mais eficiência do que este filme dirigido por Baltasar Kormákur. O que a história tem de incrível, o filme tem de enfadonho.
Há que se concordar que filmes-catástrofe não prezam por desenvolver personagens bem construídos. Em geral, são bem estereotipados – o valentão, o covarde, o líder, o do-contra, o nerd, o com habilidades físicas e por aí vai. Os integrantes das expedições de Hall e Fisher são “gente como a gente”, ou seja, nenhum deles tem apenas uma característica marcante, mas o roteiro os deixa parecidos demais, rasos demais, desinteressantes demais. As exceções são, obviamente, os líderes das expedições. O roteiro faz questão de ressaltar personalidades quase opostas, enfatizando o responsável Rob Hall em contraponto ao boa-vida Scott Fisher. Apesar das personalidades contrastantes, ao menos o roteiro não caiu na armadilha de tentar colocá-los como oponentes diretos, apesar de suas empresas concorrerem pelo mesmo público-alvo – alpinistas desejosos de alcançar o pico mais alto da Terra. Percebe-se a cumplicidade entre os dois, mesmo quando estão aparentemente se provocando.
O maior desperdício está na porção feminina do elenco – Robin Wright (como Peach Weathers), Keira Knightley (como Jan Hall), Emily Watson (como Helen Wilton), Elizabeth Debicki (como Dr. Caroline Mackenzie), Naoko Mori (como Yasuko Namba) – ficaram relegadas a coadjuvantes de luxo. Mesmo sabendo o papel importante que tiveram, principalmente Wilton (durante a nevasca) e Weathers (com auxílio à distância), mesmo Yasuko (que pereceu durante a tempestade) mal teve direito a algumas falas. E depois dizem que Hollywood não é sexista.
Marcantes mesmo são as cenas externas – ou aparentemente externas – já que possivelmente poucas delas foram efetivamente filmadas em locação. São as cenas de tempestade que salvam o filme, dando tensão o bastante para o público continuar assistindo. Infelizmente, na última parte do filme – quando efetivamente deveria ocorrer o clímax da história – o espectador é obrigado a acompanhar um sem fim de telefonemas e conversas via rádio. Embora a história já seja conhecida, principalmente para os que leram o livro de Krakauer, um bom roteiro conseguiria criar momentos tensos e instigantes o suficiente para deixar a narrativa minimamente interessante.
Para curtir o visual e o elenco estelar. E só.
–
Texto de autoria de Cristine Tellier.