Julie Delpy, queridinha francesa de todo ser-humano que teve o prazer de assistir a trilogia Before, assume mais uma vez a direção de uma comédia romântica, dessa vez com Lolo: O Filho da Minha Namorada (Lolo), também escrito por ela e que soa até um pouco autobiográfico nos primeiros minutos, mas depois disso, a coisa desanda…
Julie também protagoniza o filme, ela é Violette, uma produtora de eventos de moda que está solteira há muitos anos e decide passar férias com as amigas no sul da França, onde encontra Jean (Dany Boon), uma espécie de “caipira” que trabalha com computadores. Quando os dois começam um romance em Paris, o filho de Violette que dá nome ao filme e é interpretador por um Vincent Lacoste bem blasé, passa a infernizar a vida do novo namorado da mãe.
Lolo: O Filho da Minha Namorada é praticamente o que seu plot faz parecer, um filme sessão da tarde, mas com alguns temas um pouco mais novela das 19h. A personagem de Vincent é um garoto mimado e que faz tudo o que um vilão das 19h faria, até certo ponto isso funciona, mas logo fica excessivo, repetitivo e se torna o principal obstáculo para a narrativa se desenvolver, pois se o começo do primeiro ato entrega uma comédia rápida e afiada, levantando as expectativas quanto ao tom e ritmo do filme, as façanhas de Lolo faz a produção frear um pouco a cada sequência.
E não é só a narrativa que perde um pouco do fôlego, as personagens também, e a mais prejudicada é a própria Julie que durante as cenas com suas amigas parecia confortável e engraçada, acaba ficando apagada e só serve para reagir a cada trama que acontece entre seu filho e seu namorado. O texto dela é bom em alguns diálogos, mas logo tudo fica monótono e as risadas vão ficando menos frequentes, dando espaço para um tom dramático que paira sobre o fim do filme.
E esse é o maior problema do longa, quando o espectador e as próprias personagens tomam consciência do quanto os acontecimentos da última hora de filme não são tão cômicas assim, o roteiro descarta consequências críveis e as resoluções soam rasas e irresponsáveis, e quando digo irresponsável, é diretamente voltado a como o longa trata de maneira simplória a condição de Lolo, ou seja, o drama ganha espaço, mas de forma equivocada.
A produção escrita, dirigida e estrelada por Delpy tem um certo charme, tem momentos engraçados e que encaixam bem numa tarde de domingo no sofá, tem críticas sutis e bem colocadas sobre o ego que sobrevoa os artistas da cena francesa, mas peca ao estender demais seus acontecimentos episódicos e ao não saber lidar com o “menos é mais”, além de acabar indo para um caminho sem volta perto da sua conclusão, fazendo com que, infelizmente, o gosto final seja amargo.
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Texto de autoria de Felipe Freitas.