Mega Shark vs. Mecha Shark não guarda momentos para reflexão ou para contemplação bestificada dos fenômenos naturais, pois, aos três minutos de exibição, já demonstra a que veio, momento em que se mostra o derretimento de um iceberg imenso, o que destrói o Megalodon, peixe ruim que é levado pela costa do Cairo. No começo, há até uma citação a Charles Bukowski, claro, sumariamente ignorada pelos signos visuais que remetem ao Hawaii, mesmo que a embarcação – majoritariamente estadunidense – esteja na “África branca”, atacada pelo animal pré-histórico, que consegue lançar um pedaço da máquina de metal percorrer toda a extensão do país para decapitar a Esfinge de Gizé.
No entanto, dessa vez a humanidade não está de bobeira, pois foi construída uma máquina de contra-ataque chamada Nero, um submarino em formato de tubarão e pilotado pela bela loira – dona de um belo par de mamas – Rosie Gray (Elisabeth Rohm). Num primeiro embate, a embarcação tem à sua frente uma enguia gigante que tenta esmagá-la, mas que esbarra na perícia da bela capitã e de seu imediato, o negro afetado Jack Turner (Christopher Judge ), que visita as instalações das altas rodas militares, com fileiras cheias de membros de alta patente e que guardam com afinco o segredo máximo das forças armadas: Mecha Shark, a definitiva arma contra a praga do Mega Tubarão.
Dessa vez, a população mundial é focada e não mais ignorada pelo “massa véio” das outras fitas. Membros das embarcações que pereceram são entrevistados pelos jornalistas e lá registram toda a sua fúria com as figuras de autoridade que ignoraram a necessidade de manterem-se a salvo de um tubarão com crise de gigantismo, pois certamente isso é algo muito prioritário. Visando uma melhor análise do inimigo, até Emma MacNeil (Debbie Gibson), a primeira heroína da franquia, é reativada, ainda que sua maquiagem seja mais barata, deixando de esconder as rugas que os anos provocaram-lhe – considerando sua idade, 44 anos, tudo isto é absolutamente perdoável.
No entanto, o fracasso acomete Rosie e seu amigos, pois, ao permanecer colado em Megalodon, Nero é danificada. O medo de perder o monstro de vista faz com que os superiores temam em esperar o concerto da máquina, mas os engenheiros, em tempo recorde, reparam o transporte. Depois de uma brava batalha, Rosie cai e quase morre nas profundezas marinhas, mas a inteligência artificial de Nero ajuda a loira a sobreviver, mesmo ela carregando lembranças más da morte de sua filha e de sua crise de alcoolismo.
Por força das circunstâncias e para fazer do mundo um lugar melhor para se viver, Nero é posto para comandar Mecha Shark, cuja inteligência artificial comanda um robô ainda maior e mais poderoso. É como se, em tempos de crise, a Skynet se aliasse aos humanos para destruir um mal maior, pondo todo e qualquer Complexo de Frankenstein por terra, já que a maldade da natureza é muito maior que qualquer guerra entre criador e criatura. Esta premissa inteligentíssima é levada a sério e, claro, distorcida no decorrer da trama.
Para aumentar o escopo de que a união faz a força, Rosie encontra Emma, num embate de gerações entre loiras protagonistas, que, juntas, buscam entender o modus operandi do tubarão do mal. Incrível como, após uma pane, o especialista Doutor Turner tenta resolver o problema do Mecha Shark batendo mais forte em seu teclado, como se estivesse espancando o PC.
Após o ataque, o protocolo da máquina – que está em terra, onde milagrosamente funciona lá – vai para o vinagre. A única coisa capaz de pará-la é uma inocente criança, que toca o seu coração de lata por alguns instantes. Mas isso dura pouco, pois o robô devastador passeia livremente pelas ruas de Sydney, destruindo tudo o que vive, respira, que tenha asfalto ou concreto. Os bombeiros tentam aplacar a destruição, mas tudo parece em vão.
Depois de uma enorme discussão filosófica, a genial Gemma dá a ideia de tentar embater os dois tubarões, uma vez que machos tendem a se temer mutuamente. O plano maravilhoso consiste em atrair Mecha para a água, onde automaticamente Mega o encontraria, para, enfim, ter a sua disputa justa. Baseando-se nisso, Rosie se embrenha em uma aventura de isca humana no interior da máquina malvada – em última análise, ela se entrega para sacrifício, como no paralelo bíblico de Isaque e Abraão, em que Deus pediu a vida do único filho de seu servo, pedido o qual seria atendido pelo temente homem de fé.
No final, há de tudo, desde negros pilotando motocross – não que haja um motivo plausível para isso (até porque motivação não é o forte do roteiro) – chamando a atenção do robozão até um almirante louco, que aponta um revólver para um animal capaz de sobreviver até mesmo a um míssil nuclear. Mas um estratagema é desenvolvido por eles, instalando uma bomba no robô e destruindo (supostamente) o Mecha e o Megalodon, mas resgatando o pendrive que conteria Nero, seu amigo digital. Em uma análise mais profunda, a peça pode ser comparada a uma aliança, que reafirmaria o compromisso de Jack e Rosie ante o sagrado matrimônio e ante a natureza maravilhosa que produziu tanto, até esta aventura megalômana. O escopo de diversão é o mais presente de todos os filmes da série, tanto pela desfaçatez do roteiro quanto por todas as caracterizações toscas.
Eu estava começando a gostar desse site, até ler “Estadunidense” nessa crítica. Adeus.
EHEHEHEHEHEHEHEHEH. Ainda somos legais, ok?
Tudo culpa do Filipe… quase 5 anos mantendo o site pro cara acabar com tudo graças a uma palavra =(