Mais uma tentativa de Dwayne Johnson de encarar um papel sério num drama, não sendo apenas “o fortão” do elenco. Infelizmente, a tentativa não passou disso. The Rock não consegue dar peso e presença a seu personagem. Contudo, esse problema não é exclusividade sua. Mesmo que não fosse dele o papel de John Matthews, o pai empenhado em ajudar o filho de qualquer forma, o filme ainda estaria longe de ser considerado bom. Os demais personagens, assim como a trama, carecem de verossimilhança e carisma. É difícil dar credibilidade a uma estória em que o protagonista procura informações sobre cartéis e chefões do tráfico na Wikipedia.
Matthews tem uma construtora e, coincidentemente, um dos funcionários – Daniel James (Jon Berntha, o Shane de The Walking Dead) – é um ex-presidiário que, coincidentemente, foi preso por tráfico e, coincidentemente, conhece um traficante local e topa (sem muita resistência) apresentar o patrão ao traficante que, também sem muita resistência, aceita testar o serviço de transporte proposto por Matthews, e por aí vai. As coincidências se sucedem de maneira quase vergonhosa e a maioria dos eventos se desenrola de modo tão simplista e óbvio que os momentos de tensão – se é que podem ser chamados assim – passam praticamente despercebidos.
Os personagens são rasos, boa parte deles não parecem ter uma motivação para seus atos, alguns aparecem e desaparecem do roteiro de acordo com a necessidade – a ex-esposa de Matthews, assim como a esposa atual e sua filha, por exemplo, não têm qualquer relevância, sua presença (ou ausência) simplesmente não mudam em nada o rumo da narrativa. Fica difícil para o espectador criar qualquer identificação e sequer se importar com o destino dos personagens, mesmo de Matthews ou de seu parceiro circunstancial, James – cuja família também pouco influencia no rumo dos fatos.
Some-se a isso a atuação em “piloto automático” de Susan Sarandon, o excesso de closes e planos-detalhes, as cenas desnecessárias, a insistência e a frequência exagerada de discurso anti-drogas nos diálogos, além de o espectador ser obrigado a ver o protagonista apanhando de quatro drogados – algo inadmissível em se tratando de The Rock – e tem-se uma estória que se arrasta por intermináveis 112 minutos.
Neste filme, é tudo tão moderado (pejorativamente falando), tão morno que dá saudades daquela selvageria estilizada dos filmes de Braddock. É um daqueles roteiros que ficaria bom se tivesse sido feito nos anos 80, com algum dos brutamontes da época – Charles Bronson, Chuck Norris, Stallone ou Schwarzenegger – no melhor estilo “um destemido contra tudo e contra todos”. Desse modo, ao menos, os furos de roteiro, os clichês, a falta de consistência seriam mais facilmente perdoados e sem dúvida o filme seria muito mais divertido.
–
Texto de autoria de Cristine Tellier.