Crítica | O Culto de Chucky

Quase todo filme de terror, por mais problemático que ele seja, consegue ter continuações e ser transformado em franquia, desde que dê algum dinheiro aos seus produtores. Alguns nem sequer lucram direito, mas mesmo assim tem terríveis continuações e remakes, que vão desde ressurreições terríveis a reaparições cafonas e inoportunas. Com a franquia Brinquedo Assassino não foi diferente, e após o terrível A Maldição de Chucky, Don Mancini reassume a direção em O Culto de Chucky, iniciando no mesmo ponto onde o filme anterior terminou.

O espectador acompanha Andy Barclay (Alex Vincent) tentando viver sua vida normalmente, mas graças a internet todos sabem de seu passado com o boneco Chucky (voz de Brad Dourif), que inclusive, ainda permanece vivo, com somente sua cabeça – estourada pelo tiro de doze que tomou na cena pós crédito de Maldição – armazenada em um cofre de segurança máxima. Os dias do rapaz consistem em torturar o assassino que tomou posse do corpo de seu presente de natal nos idos de 1988.

Enquanto isso, Nica Pierce (Fiona Dourif) continua internada numa casa de reabilitação, onde sofre experimentos psíquicos, sendo tratada como uma louca que chacinou as pessoas de sua casa. Lá dentro, ela passa por uma terapia que traz à tona alguns brinquedos como o Good Guy, fato que obviamente é estabelecido somente para trazer à tona o assassino em forma de boneco, algo que já havia sido explorado nos filmes anteriores, em especial Brinquedo Assassino 2.

Assim, se estabelece um novo arremedo na mitologia da cinessérie, em que um culto é capaz de reproduzir a maldição entre os bonecos, fazendo outros brinquedos também ganharem vida. A questão é que Mancini não explicita os detalhes desses ritos, tão pouco produz curiosidade no espectador quanto aos métodos dessas convenções. A única coisa que meramente lembra o processo de transferência via vodu é a presença de Jennifer Tilly, como Tiffany, personagem que leva um dos “bonzinhos” até o sanatório onde Nica está para começar assim a proliferação de assassinos.

A explicação a respeito do modo que Charles Lee Ray encontra para se multiplicar é porca e mal construída, mesmo o gore é mostrado de um modo mal construído, uma vez que Mancini não consegue sequer produzir um impacto visual interessante nas cenas mais violentas. A possessão via canto de Dumbala não tem impacto. As cópias de Chucky ao serem assassinadas parecem abóboras pisoteadas e a tentativa de reunir Andy e Nica soa boba e apressada, além de ilógica em alguns pontos.

A tentativa de amarrar a mitologia presente nos outros seis filmes faz esse parecer um greatest hits, ou uma tentativa de o ser, já que não há nada de grandioso nele para ser louvado, ao contrário. Mesmo os elementos que poderiam gerar bons momentos, como a presença de Vincent no longa é mega sub-aproveitado. A cena pós-créditos com o cliffhanger também pouco acrescenta, servindo apenas como mais um arremedo de uma boa ideia, ou como promessa de segmentos melhor pensados. O que resta é apenas a promessa de que haverão outras situações mais inspiradas, mas elas não chegam, a realidade é mais um filme oportunista e a promessa de Mancini de virem mais objetos como esses, o que é uma lástima.

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