Crítica | Para’í

De Vinicius Toro, responsável por roteiro e direção, Para’í é um longa que acompanha uma menina guarani, que já no início, tem uma canção infantil entoada em sua homenagem e a respeito de um milho colorido que ela encontrou. Toda a história, gira em torno do encontro com esse estranho vegetal e das percepções de mundo que ela tem ao conviver com a escola repleta de brancos entre alunos, professores e funcionários.

Pará, como é chamada no filme é executada por Monique Ramos Ara Poty Mattos, uma menina bem desenvolta, apesar de sua interpretação invocar uma dificuldade em lidar com outras pessoas. A história se passa na Terra Indígena Guarani do Jaraguá e nos arredores, não só na parte da aldeia mas também na área urbana, onde o pai de Pará, José, frequenta uma igreja evangélica.

Curiosamente, o hábito de frequentar a igreja é só de seu pai, sua mãe não quer ir, e usa de eufemismos para fugir das perguntas de sua filha, que está na fase infantil onde tudo é uma enorme e divertida interrogação. Para a mulher, o importante é manter vivas as tradições e ritos de seu povo e a menina varia em torno desses dois ideais, ao mesmo temo em que se interessa por entender o conceito de milagre, ela também quer saber porque ao contrário dos seus parentes, não fala guarani.

As dúvidas típicas de quem está entrando na puberdade se potencializam com a menina, já que ela está no meio de culturas diversas, mas mesmo as interrogações que ela propõe tem a ver com algo lúdico, que envolve os grãos coloridos de milho. O pedido de milagre é bem simples, e não envolve qualquer nível ou exploração de vaidade.

O fato de ser despreocupado com discursos políticos mais incisivos não faz de Para’i um filme neutro ou que busca isenção, as questões ideológicas estão implícitas e em camada subliminares, fáceis de se apreciar se o receptor da mensagem for bastante atento e principalmente se for crítico a doutrinação que alguns sectos das seitas evangélicas neopentecostais insistem tentam impor aos que não tem a mesma fé.

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