Lançado em 2007 pela Ubisoft, Assassin’s Creed se tornou precursor de uma das sagas de games mais famosas da atualidade. A aceitação do público e a expansão de seu universo propiciaram uma adaptação cinematográfica, que estreará no final do ano; o game seguiu o mesmo caminho de outras franquias, como Resident Evil e Tomb Raider. Considerando o uso de elementos históricos somado a gráficos impressionantes e boa jogabilidade, é fácil compreender o sucesso alcançado.
A trama apresenta uma disputa secular entre templários e assassinos, em que ambos procuram por um artefato chamado Piece of Eden, com o intuito de usá-lo para estabelecer paz e ordem entre os homens. Porém, seus métodos e interesses acabam por conflitar ao longo da busca. A ação do jogo ocorre na Terra Santa, durante a Terceira Cruzada, e o implacável Altaïr é designado para eliminar nove indivíduos considerados traidores. Contudo, esse cenário é uma projeção em realidade aumentada de lembranças passadas do bartender Desmond Miles, mantido refém pelos cientistas da Abstergo (uma indústria farmacêutica de proporções mundiais, comandada por templários) nos tempos atuais. Desmond é iniciado ao sistema do Animus, um dispositivo capaz de reproduzir as memórias contidas nos genes, e obrigado a refazer os passos de seu ancestral na procura pelo cobiçado objeto.
A movimentação de Altaïr nos ambientes lembra a mesma da trilogia Prince of Persia, uma variação do Parkour: é possível escalar paredes e construções espalhadas pelo vasto Reino de Jerusalém. O que leva a uma peculiaridade do jogo: os pontos de observação servem como mapeamento do local, logo chegar ao topo dos prédios e realizar o salto de fé (que nada mais é do que se jogar da beirada e ser amortecido por montes de feno, um ‘atalho’ para voltar ao chão mais rapidamente) são uma atividade recorrente, um tanto cansativa, mas que ainda assim compensa pelas belas imagens panorâmicas.
Na busca pelos traidores, o protagonista nos leva do castelo de Masyaf aos escombros deixados pela guerra em Acre, e às mesquitas e sinagogas de Damasco e Jerusalém. As cores claras e a riqueza de detalhes impressionam: os prédios e suas minuciosidades, as sombras projetadas de Altaïr, as cidadelas, distritos e souks (mercados) cheios de gente. É provável que, sendo rodado em PC, o jogo apresente alguns lags por conta da alta resolução. Como sempre, é bom verificar se o computador tem as configurações necessárias para rodar sem problemas. Por outro lado, pouquíssimos lags ocorreram quando jogado no PlayStation 3.
As características furtivas, inspiradas nos métodos dos lendários hashshashin, são outro destaque com o rastreio dos alvos, eliminação e camuflagem em meio à multidão. No entanto, o arsenal disponível é bem reduzido, tendo à disposição apenas a lâmina escondida, facas e espada. Outra limitação se refere à ofensiva de Altaïr, cujas técnicas são gradualmente aprendidas durante a trama: os combates diretos ainda são um tanto ‘engessados’ e há poucas variações de ataque e defesa. As missões paralelas à campanha principal também figuram como ponto fraco, uma vez que estas se resumem a contatar informantes, espionar os cidadãos e realizar pequenas tarefas para obter informações. Todos esses aspectos, para a satisfação dos ardorosos fãs da saga, serão aperfeiçoados nos títulos seguintes.
Conforme são abatidos, seus alvos revelam a convicção de estarem fazendo o que acham certo, e o protagonista passa a questionar as ordens e motivações de seu mestre, Al Mualim, que, por sua vez, mantém-se austero quanto ao discípulo. A narrativa atinge seu ápice quando as dúvidas de Desmond e Altaïr convergem para a descoberta da ‘verdade’ que seus opressores insistem em esconder. Nessa realidade mostrada em Assassin’s Creed, os feitos de todos esses homens influenciaram, e por vezes alteraram, o curso da história da humanidade. Mesmo com alguns pontos a serem melhorados, o jogo empolga pelo enredo instigante e passível de estender-se em outras sequências, e também pelos comandos simples e mundo aberto a ser explorado, através de uma intrigante causa que move Altaïr. Afinal nada é verdade, tudo é permitido.
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Texto de autoria de Carolina Esperança.