“Titan Souls é o Shadow of the Colossus em 2D”. Foi assim que boa parte do público definiu o jogo. Parece uma comparação pretensiosa, mas tem um fundo de verdade. Titan Souls pegou a essência do clássico do PlayStation 2 e a trouxe para um ambiente em pixel art. O resultado ficou muito interessante.
O objetivo é matar diversos monstros gigantes para absorver (?) suas almas. Nosso herói deverá percorrer templos, florestas e locais gelados à procura das gigantescas criaturas. Sua arma é um arco e uma flecha, literalmente. Há apenas uma flecha, que deve ser recuperada a cada tiro. O herói deverá buscá-la a pé ou puxá-la com uma espécie de poder da mente. Esta deficiência da arma é compensada com o próprio design das batalhas: basta uma única flechada para eliminar cada monstro. Obviamente, a flecha deverá acertar o ponto fraco, que geralmente não é muito óbvio. Toda batalha exige observação para descobrir o ponto fraco e o padrão de movimentos do chefão. Morrer é quase uma certeza. Raramente a batalha será vencida na primeira tentativa. De qualquer forma, as lutas são bem criativas, umas mais, outras menos. É preciso habilidade e raciocínio. Prepare-se para muito sangue e gore pixelado.
Os controles são básicos e simples: andar, correr, atirar e esquivar. A potência e distância percorrida pela flecha irão depender do tempo que o jogador manter o botão de ataque apertado. Após atirar, o mesmo botão poderá ser usado para atrair a flecha até você. O botão da esquiva (rolamento) é o mesmo da corrida, o que pode atrapalhar em determinadas situações. Seria prudente ter um botão para cada ação.
A parte sonora merece destaque. As músicas são lindíssimas e ajudam a criar uma atmosfera épica nas batalhas. Os efeitos sonoros também não deixam a desejar, são muito bem empregados. Tudo se encaixa muito bem com a excelente pixel art.
No quesito história, o jogo entrega quase nada. O herói já começa em um tempo e vai encontrando os monstros para matá-los. Não há explicações do motivo pelo qual o protagonista arrisca sua vida em batalhas contra criaturas gigantes. Também não fica claro por que e como ele absorve (?) a alma do monstro após matá-lo. Todos os chefes são nomeados com uma escrita desconhecida, que poderá ser traduzida após finalizar o jogo. Mas essa tradução dos nomes não acrescenta muita coisa. Aparentemente, os desenvolvedores se inspiraram na história minimalista de SotC, mas não deram elementos para, ao menos, interpretar algo. Não chega a ser um ponto negativo, mas certamente engrandeceria o jogo.
Na verdade, podemos extrair algumas informações do site oficial do jogo, o que não desmente o parágrafo anterior. Em suma, Titan Souls é uma espécie de fonte do espírito de todos os seres vivos. Mas essa “coisa” foi dividida e está espalhada pelas antigas ruínas guardadas pelos monstros gigantes. O herói solitário, com sua flecha solitária, irá eliminar os monstros para unir todos os fragmentos de Titan Souls. A pequena animação no início do jogo mostra o herói exteriorizando sua alma e dividindo-a em três partes: uma vai para arco, outra para a flecha e a última para ele mesmo. Com as informações obtidas FORA DO JOGO, podemos, finalmente, interpretar algo.
No final das contas, Titan Souls foi uma boa surpresa. A dificuldade é muito elevada, por isso a curta duração (cerca de 4 horas) não chega a ser um defeito, mas sim uma qualidade, caso contrário poderia enjoar a maioria dos jogadores. Há opções de aumentar a dificuldade após finalizar o jogo, mas sinceramente, não há muitos atrativos para um replay. De qualquer forma, vale a pena conferir este pequeno grande jogo desenvolvido pela Acid Nerve e distribuído pela onipresente Devolver (a mesma de Hotline Miami, Broforce, Serious Sam 3 e muitos outros). Disponível para PlayStation4, PSVita e PC.