Resenha | A Espada de Kuromori – Jason Rohan

Capa A Espada de Kuromori.indd

Diversas narrativas de fantasia utilizam um tom épico para apresentar seus feitos. São histórias, sobre reinos distantes, que compõem uma estrutura básica, conhecida pelo público, para dar vazão a personagens poderosos, desconhecidos, que são escolhidos como heróis de uma jornada; além de diversas outras aventuras semelhantes com um universo imaginário que vai além do natural. O mercado editorial acompanha a demanda dessas histórias, lançando obras de variados escritores que trabalham essa temática, popularizando, também, autores do país.

A Espada de Kuromori, lançado pela Editora Escarlate, disposto entre tantos lançamentos do gênero, pode levar o leitor a acreditar que se trata de mais uma história de tom épico sobre um adolescente escolhido para uma jornada extraordinária. Escrita por Jason Rohan, em seu primeiro trabalho ficcional, a narrativa mantém a popularidade de uma trama aventureira, mas evita o estilo épico que ecoa em diversas obras contemporâneas.

Não há nenhuma intenção de produzir um universo isolado para desenvolver sua história. A trama apresenta o garoto Kenny Blackwood, um menino comum que, em uma viagem ao Japão, descobre que seu destino envolve cumprir uma profecia: encontrar uma lendária espada e interromper um iminente ataque contra a população. Rohan utiliza parte da real mitologia japonesa para desenvolver a história, a partir de uma vertente que nega o épico, focalizando a aventura. Isso possibilita menos grandiosidade e maior flexibilidade para dar vazão à trama, que se assemelha aos tradicionais filmes da década de 80, nos quais há adolescentes em um mundo novo para realizar uma missão especial.

O estilo preza uma leveza e certa inocência, coerente com a visão oitentista equilibrada entre a aventura e breves parcelas de humor. Utilizando esse referencial, torna-se óbvio que a trama apresenta estruturas tradicionais de reviravolta e superação de personagens, algo que pode ser considerado incoerente se compararmos a obra com um drama sério. Dentro de sua estrutura narrativa, como obra de aventura voltada a um público amplo, com destaque aos jovens leitores, o livro entrega uma boa aventura e consegue equilibrar-se bem entre as diversas referências populares citadas como inspiração, sem parecerem meras cópias. Ao utilizar a mitologia japonesa, o autor retoma elementos conhecidos do público, como artes marciais, deuses dos antepassados, a força interior, o domínio dos elementos naturais, e ícones da cultura japonesa, como o Godzilla, fazendo a personagem indagar se o dragão citado na trama era o mesmo lagarto gigante que conheceu nos filmes, um reconhecimento da metalinguagem pop inserida na história; além de trazer ao leitor as naturais curiosidades sobre uma sociedade bem diferente da nossa, e da americana, pátria mãe do autor.

O leitor acompanha a jornada de Kenny Blackwood, personagem que ganha a alcunha japonesa de Kuromori, sabendo de antemão que a obra terá um final positivo. A consagração de um final feliz é quase uma obrigação de uma narrativa desse estilo, oorém não se trata de uma obra cuja intenção seja a de produzir um final surpreendente, mas sim levar o leitor a uma aventura, uma jornada realizada com competência. Esse romance é o primeiro de uma trilogia: a previsão é de que o segundo volume seja lançado ainda neste ano pela Editora Escarlate.

Compre Aqui: A Espada de Kuromori – Jason Rohan

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *