O Dia do Chacal, de Frederick Forsyth, publicado pela Editora Record, é uma aventura policial onde um grupo ultranacionalista francês contrata um assassino de aluguel chamado “Chacal” para matar o então presidente Francês, Charles De Gaulle. O ambiente é a França após a reunificação da Segunda Guerra Mundial e o autor se baseou em um atentado verídico para compor a história. A diferença é que na vida real a identidade do assassino não foi revelada, assim Forsyth criou um mercenário especial para o trabalho. A narrativa, portanto, é híbrida, com informações do acontecimento real e composição ficcional, como alguns os grandes mestres do gênero policial o fazem.
A história se passa no início da década de 1960, quando a França ainda estava se reerguendo após as fortes perdas da Segunda Guerra Mundial. O principal gatilho do atentado contra o presidente e responsável pela reunificação francesa durante a Guerra, Charles de Gaulle, foi o fato de ele devolver o território da Argélia aos argelinos. Antes, a Argélia fora uma colônia francesa e os franceses radicais queriam manter esse grilhão após a Segunda Guerra. Contudo, De Gaulle resolve não mais colonizar os argelinos e isso desperta a fúria de um grupo ultraconservador que quer o presidente e suas novas políticas, extirpadas.
Mas como De Gaulle já tinha sido alvo de atentados anteriores, não seria fácil assassinar o presidente. A solução do grupo ultraconservador foi contratar um caçador de recompensas muito caro e fora do radar da Interpol. O pseudônimo do matador era “Chacal”. O assassino é uma mistura de outros vilões policiais e têm ótimas habilidades de disfarce, falsificação, treinado em vários estilos de combate, especialista em tiro, fluência em vários idiomas, estratégia minuciosa e gosta de agir sozinho. Chacal aceita o trabalho e pede uma quantia exorbitante de dólares, ao qual é pago.
Do outro lado, o serviço secreto francês começa a suspeitar de um novo atentado contra o presidente, contudo, não encontra quem está por trás disso nem imagina o método de ação. Aí entra em cena o nêmesis, o oposto de Chacal, o comissário Claude Lebel. Os dois se complementam como Batman e Coringa ou qualquer dupla inseparável de vilão e mocinho; enquanto Chacal é super minucioso em suas falsificações, Lebel tem um faro para descobrir os disfarces do assassino e é guiado por certo feeling de investigador experiente para ficar no pé do bandido.
A história começa devagar. Forsyth opta por primeiro descrever o ambiente de divisão política daquela época até o descontentamento do grupo ultraconservador com as novas políticas de De Gaulle. Esta primeira parte (o livro é divido em três), é mais longa, mas demonstra todas as ações até a contratação de Chacal e a entrada do comissário Lebel no caso. Nos capítulos seguintes, ficamos sabendo que Chacal decide agir no dia em que se comemora a vitória dos franceses sobre os alemães, momento em que o estadista sairá em carro aberto e poderá ser morto por uma bala de rifle bem posta entre os prédios ao redor do desfile patriótico.
A perseguição bandido-mocinho se intensifica e somos levados de maneira ágil até a resolução do conflito. A escrita tem um ritmo mais acelerado a partir da segunda parte, contudo não perde em fluência, mantendo uma linguagem fácil, bem escrita e empolgante. A oposição entre os personagens principais é muito bem trabalhada e conseguimos torcer ora por um, ora por outro. Uma história bem contatada com aventura, suspeitas, intrigas, conflitos e certa dose de violência.
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Texto de autoria de José Fontenele.