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  • Review | Zen Bound 2

    Review | Zen Bound 2

    Zen Bound 2

    Esse post faz parte de uma série de 6 mini reviews para cobrir o review do Humble Bundle for Android 2, então, se você ficar perdido, por eu usar alguma referência cruzada, confira, o post principal.

    Zen Bound 2, é mais um exemplo de jogo desse Humble Bundle, Em que o jogo provavelmente funciona melhor, em aparelhos móveis, do que no computador em si.

    Como o nome já diz, é um zen game. Daqueles bem calmos, relaxantes, em que você tem que literalmente, amarrar objetos de madeira, com uma corda e conforme você vai amarrando, vai colorindo o objeto. Você tem um determinada metragem de corda, e o objetivo é colorir sempre 100% para atingir a pontuação máxima.

    As cordas, em alguns níveis entre intervalos, tem também um tipo de bolinha de tinta, para ajudar a cobrir mais espaço com a pintura. Em outros níveis, o que se tem, são alfinetes, com cabeça de tinta, que ao estourar, cobrem uma parte do objetivo.

    É um puzzle, de forma geral bem fácil de se atingir o objetivo mínimo em todos os estágios, porém para atingir a pontuação máxima, pelo contrário, é bem difícil. Principalmente nos estágios mais avançados.

    A trilha sonora do jogo, junto com o visual bem minimalista, cumpre bem a proposta. O único problema, isso jogando com um mouse, foi na movimentação, acredito até que numa tela touch screen, o jogo se saia melhor. Já com o mouse, em muitos momentos você não vai ter nada de zen, e sim ficar irritado com a movimentação junto com a câmera do jogo, que invariavelmente fazem algo que você não quer, ficando sem visão clara do que você realmente quer fazer.

    O jogo é desenvolvido pela, Secret Exit. O site oficial é http://zenbound.com/, e vale a pena pelo menos uma conferida. Se você gosta desse tipo de puzzle zen.

  • Review | Avadon: The Black Fortress

    Review | Avadon: The Black Fortress

    avadon the black fortress

    Esse post faz parte de uma série de 6 mini reviews para cobrir o review do Humble Bundle for Android 2, então, se você ficar perdido, por eu usar alguma referência cruzada, confira, o post principal. Vamos ao mini review, do mais complexo e com certeza o maior gameplay dos jogos desse Humble Bundle para Android.

    Avadon: The Black Fortress, é um RPG clássico. Com muitos elementos de jogos, como Diablo, e até um quê, de RPG de mesa, com muitos textos, e descrições detalhadas, a cada sala, e momento do jogo. Até por uma inviabilidade técnica, seria impossível dar a riqueza de detalhes, por meio visual, que o desenvolvedor gostaria, então optou-se por um jogo quase textual e com certeza isso compensa a falta de detalhes na parte gráfica do jogo.

    As batalhas são por turno, o que me não me agrada mas ao mesmo tempo que consigo entender, que um jogo dessa complexidade para tablets, ficaria muito complicado, tanto de se desenvolver, quanto de se jogar, se assim não fosse.

    Muito interessante também, são os personagens que você pode escolher para iniciar o jogo, são quatro classes e cada uma delas com uma árvore de habilidades própria. Que é evoluído através de pontos de experiência adquiridos, em quests e batalhas.

    Os problemas mais latentes, com certeza são tanto a parte gráfica quanto a sonora, seriam ótimas para um jogo de 1998, mas para 2012, é complicado de aceitar. Inclusive os gráficos lembram muito Ultima Online, com a mesma câmera isométrica. E mesmo as texturas de personagens e cenários tem muito a ver. Com certeza se você exige bons gráficos para um jogo, passe longe desse.

    Outro ponto a se ressaltar, que já foi citado anteriormente. É a história em si, e a quantidade de textos, presente no jogo. O que pode levar para um lado positivo ou negativo, depende do seu ponto de vista. Ao mesmo tempo, que a história é densa, e faz com que você se sinta imerso, dada a riqueza de detalhes descritos, dignos de um bom livro de fantasia medieval. Por outro lado, o jogo pode se tornar monótono e arrastado, caso esse não seja o seu tipo favorito. No meu caso, apesar de reconhecer o bom trabalho de Avadon nesse campo, confesso, que não me agrada, e dificilmente conseguirei chegar até o fim das mais ou menos 40 horas de gameplay. Na minha opinião, falta dinamismo, e perde-se muito tempo, entre longas conversas, com descrições e mais descrições sobre tudo do universo do jogo. Mas como disse, é uma questão de gosto.

    Avadon: The Black Fortress, é desenvolvido pela Spider Web, produtora especializada em jogos de RPG. E vale a pena conferir, se você é um fã do gênero.

  • Review | Swords and Soldiers

    Review | Swords and Soldiers

    Esse post faz parte de uma série de 6 mini reviews para cobrir o review do Humble Bundle for Android 2, então, se você ficar perdido, por eu usar alguma referência cruzada, confira, o post principal.

    Swords and Soldiers Ele é um tipo de tower defense, linear e sidescroller. Em que você tem três tipos de gameplay, que é a campanha normal, Skirmish. Além de um modo de challenge, do tipo survival.  Além é claro do Multiplayer online. Em todos os modos, você tem três raças ou classes, cada um com suas particularidades, nas unidades de ataque, das magias e o modo de atacar, isso é muito interessante, e garante um bom tempo de jogabilidade, para um jogo que poderia tender ao repetitivo, mas não é. No modo missão, inclusive, tem vários tipos de situações, em que você tem que resolver a melhor forma de atacar ou se defender, que priorizam a estratégia do jogo.

    O Gráfico do jogo é um cartoon caricatural. Bem bonito e colorido. A parte sonora, é bem simples, não merece ressalvas, mas também não incomoda. Além das piadinhas e sacadinhas do modo missão, serem bem engraçadas. No geral Swords and soldiers, vai garantir algumas horas de diversão, principalmente para quem gosta de um tower defense.

    Swords and Soldiers, foi desenvolvido pela Ronimo Games, o site oficial é http://www.swordsandsoldiers.com/, e foi vencedor de vários prêmios de festivais de jogos independentes, inclusive o de melhor jogo, do Europrix de 2009.

  • Review | Machinarium

    Review | Machinarium

    Machinarium é um jogo de arte, seguindo a forma de rotular filmes mais autorais, belos, como filmes de arte. Que eu me lembre esse rótulo artístico para jogos, começou com Braid, que é outro jogo fantástico. E eu coloco Machinarium no mesmo patamar, cada um a seu estilo, é claro.

    Pra variar, esse é mais um review em que abordo um adventure point and click, meu gênero de jogos favorito. E que está muito em voga novamente, talvez vivendo sua era de prata. Já que a era de ouro, foi lá atras, entre Day of The Tentacle de 1993 e Grim Fandango de 1998.

    Mas vamos ao jogo. Machinarium, é um jogo de uma produtora independente chamada Amanita Design, da Republica Tcheca (País que está ganhando tradição na produção de jogos independentes).

    O primeiro ponto a se destacar, com certeza é a arte visual do jogo, feita por Adolf Lachman, que é simplesmente impecável. Ele é um jogo desenhado por assim dizer. Todos os cenários e personagens, contam com uma riqueza de detalhes incrível. Eu não sei bem como classificar um traço de desenho, mas eu chamaria de um traço sujo e nervoso, que ao mesmo tempo em que se preocupa com muitos detalhes, não almeja que tudo seja esteticamente perfeito e asseado. Alia-se a isso um clima, steampunk surrealista em um mundo de robôs e você tem uma simbiose perfeita entre a arte e a proposta do jogo, dando uma sensação de estar jogando uma espécie de sonho, no sentido literal e não poético.

    Não por acaso Machinarium foi o vencedor do prêmio em excelência em arte visual, do IGF (Independent Games Festival). Muitas vezes, eu não ficava chateado por estar agarrado em algum puzzle realmente difícil do jogo, eu parava pra pensar, contemplando a arte sensacional. Observando cada detalhe do cenário.

    Um dos meus cenários favoritos do jogo

    Segundo ponto a ressaltar: toda a parte sonora, seja ela trilha incidental de fundo e efeitos sonoros de forma geral. Muitos jogos independentes, tendem a deixar essa parte de lado, ou dar menos importância a ela, nesse caso que envolve robôs, ainda por cima, é muito fácil cair no clichê dos Apple Loops, para sonorizar os efeitos. E pelo contrário, a trilha sonora, é ótima. Ao comprar o jogo, direto pelo site, você recebe os mp3, e com certeza, enquanto escrevo esse review, é ela que está tocando. Além disso, toda a parte de efeitos sonoros unidos à trilha, demonstram um cuidado extremo, para compor o clima perfeito para cada situação do jogo. A trilha original é uma composição de Tomás ‘Floex’ Dvorak. E o designer de som, é Tomás ‘Pif’ Dvorak.

    Um terceiro ponto e não menos importante, até porque caso fosse ruim, não haveria arte ou som que salvasse, é a dinâmica do adventure e dos puzzles. E eu posso dizer, que são fantásticos. Havia muito que não jogava um adventure que exigisse tanto do jogador, e que não fizesse concessões àqueles mais preguiçosos. Como de costume, cada “tela” tem seus puzzles mais relacionados, mas que entrelaçam um local e outro. E uma coisa muito importante, que é muitas vezes negligenciada nesse tipo de jogo, é que ele tem uma curva de dificuldade, ótima, que começa relativamente fácil, mas segue mostrando qual será a dinâmica e o modo dos desafios do jogo, além do nível de exigência que vai subindo e subindo, obrigando você a pensar diferente do convencional, mas nunca, e isso é muito importante, te deixa num beco sem saída em que a solução seja algo totalmente impensável.

    Um jogo, com um nível de dificuldade elevado como esse, tem que contar com um sistema de dicas, e ele está presente, mas não pense que é como no De Volta Para o Futuro: o Jogo, em que as dicas, literalmente falam o que você deve fazer. Em Machinarium, elas são realmente dicas, um leve toque que pode te fazer perceber o que falta. Outra coisa, muito interessante, é que eles incluíram um Detonado dentro do jogo, mas de uma forma muito legal. Ele é um tipo de diário, com cadeado, e o segredo do cadeado é um mini game de naves. E o detonado ainda não é texto, nem vídeo. Ele é uma espécie de história em quadrinhos.

    Ainda sobre os puzzles, o jogo têm diversos mini-games internos como o do cadeado, mas nesse caso como parte do desafio, você precisa cumprir o objetivo para continuar a história. Eu particulamente não sou muito fã de mini games obrigatórios, sempre me soa, como um truque para alongar o gameplay, mas em Machinarium eu gostei. Muitos deles achei interessantes, porém houve um em particular que me incomodou muito e um que me deixou meio cabreiro. Meio cabreiro eu fiquei com o Space Invaders (que você terá que jogar uma hora) não tenho problema nenhum com space invaders, até gosto. O problema é que o jogo não te deixa em tela inteira, é apenas um pequeno pedaço da tela, e que ainda é pior, porque eles colocam um filtro, para dar impressão que a tela de arcade que você está jogando é velha e está imunda. Então, eu achei que poderia ter sido melhor pensado.

    O segundo, esse me incomodou pra valer, é uma especie de Sokoban dos infernos. Primeiro, eu não suporto sokoban, não me dou bem com a lógica desse tipo de jogo, e não é um sokoban moleza, níveis iniciais, é um puzzle dos infernos numa tela de 5 centímetros, em que eu perdi tranquilo, mais de 1 hora.

    A história do jogo em si, é contada, por meio de flashbacks, em bolhas de pensamento na maior parte, em animação. Apesar de ficar em segundo plano, para que o jogo possa se focar no que faz de melhor, que são os puzzles e a parte visual. Ela não decepciona, e te deixa interessado onde tudo aquilo vai dar.

    Para finalizar, Machinarium, foi lançado em 2009, para PC e Mac, ele usa a engine de games do Flash. Veja você. E é simplesmente uma obra prima, que ficou tanto tempo até que eu o descobrisse. Se você nunca jogou, nem ao menos sabe do que se trata, veja os vídeos e as imagens desse post, ou do próprio site oficial http://machinarium.net/, o jogo custa U$ 10,00, incluindo as faixas da trilha sonora em MP3, tudo sem DRM. E com certeza, vai garantir boas horas de diversão e desafio.

  • Crítica | Jogos Vorazes

    Crítica | Jogos Vorazes

    “Quem não tem criatividade para criar tem que ter coragem para copiar”. Muitas obras seguem à risca esse pensamento e podemos notar isso muito bem nos últimos anos, já que a maioria dos grandes sucessos na literatura e no cinema não passam de re-contextualizações de temas e histórias clássicas. Jogos Vorazes, adaptação de uma série de livros de mesmo nome, está aí como mais novo representante desse fenômeno e o faz muito mal.

    Em um mundo pós-apocalíptico, o governo da Capital realiza anualmente um doentio reality show em que 24 jovens devem se enfrentar até sobrar apenas um vivo. A história se foca em Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence), uma garota do Distrito 12, que se voluntaria a participar do programa substituindo sua irmã mais nova, que havia sido escolhida no sorteio.

    Battle Royale (2000), filme do diretor Kinji Fukasaku baseado na obra homônima de Koushun Takami, não sai da minha cabeça em nenhum momento do filme. Muitos podem achar tendenciosa essa análise, mas todos os elementos principais daquela história estão presentes no filme de Gary Ross: governo obrigando jovens a matarem uns aos outros simplesmente para reafirmarem sua soberania frente à população, basicamente. Porém o problema não é a re-utilização da ideia, mas a falha em sua execução.

    Imagino que em um cenário em que cidadãos ordinários são colocados para matarem uns aos outros em um reality show (considerando que eles não tem escolha se querem ou não fazer aquilo), o que mais deveria ser explorado seriam os conflitos internos e os pensamentos obscuros que circunscreveriam os “participantes”. Aquelas pessoas não são homicidas. Apenas foram obrigadas a estarem ali. Em Jogos Vorazes essas dúvidas e hesitações não existem e, por isso, podemos ver jovens entre 12  e 18 anos matando umas as outras como se tivessem sido criadas para isso. O fato de ser uma ficção científica não exime dessa responsabilidade, já que notamos que a população no geral está descontente com esses jogos. Vale dizer inclusive que o filme sequer poderia ser considerado uma “ficção científica”, pois as aparentes tecnologias futuras não fazem diferença alguma na trama (no máximo aparece uma nave voando, que também não faz nada).

    Os personagens são vazios e não evoluem conforme os fatos vão se desenvolvendo. A protagonista interpretada por Lawrence – a qual é uma atriz muito boa, porém seu papel no filme não valoriza sua atuação – sequer consegue convencer de que as mudanças abruptas que estão ocorrendo em sua vida a estão realmente afetando. Os personagens são completamente desprovidos de sentimentos e tirando por dois momentos de “emoção forçada”, o filme não convence. Inclusive temos uma tentativa de um romance,  contracenado com o ator Josh Hutcherson (que interpreta Peeta Mellark), o qual simplesmente se demonstra ambíguo, fazendo com que não conseguimos saber até que ponto existe sinceridade na personalidade de ambos personagens. As atuações de Lenny Kravitz (sim, pra mim foi uma surpresa vê-lo no filme também), Stanley Tucci e Elizabeth Banks apenas se resumem aos seus visuais “futurísticos” que se aproximam do bizarro, muito provavelmente inspirados pela cantora Lady Gaga.

    Outro fato que incomoda muito é a ausência de violência em um filme cujo pressuposto inicial são “pessoas se matando em um reality show”. O diretor Gary Ross optou por escolher todas as opções erradas, inclusive na hora das cenas de ação, as quais ao invés de serem minimamente interessantes acabam se tornando confusas e sem nexo, pois a única coisa que vemos são borrões de movimentos causados por uma câmera bagunçada, que não tem coragem de mostrar a violência que o filme, em tese, se propõe.

    Tal como Crepúsculo se aproveitou das lendas dos vampiros e lobisomens para fazer uma contextualização mais “atual”e voltada para um público mais jovem, Jogos Vorazes faz a mesma coisa com Battle Royale (entre outras referencias) e perpetua um filme ruim, que não se sustenta e não cumpre sua proposta.

    Texto de autoria de Pedro Lobato.

    Você também pode conferir a minha análise do filme, com um ar um pouco mais descontraído (e ainda sob fase de melhorias), em formato de vlog no primeiro episódio de FASTBURGER. Confiram logo abaixo:

    – Texto de autoria de Pedro Lobato.

  • Resenha | The Acts of King Arthur and His Noble Knight – John Steinbeck

    Resenha | The Acts of King Arthur and His Noble Knight – John Steinbeck

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    A obra de Thomas Malory, Le Morte D’Arthur foi uma das histórias que mais intensamente seqüestraram a imaginação e a admiração de John Steinbeck. Deve ter sido como com o Stephen King, que se surpreendeu tanto com o filme Três Homens em Conflito, de Sergio Leone, que não tirou mais da cabeça até não estar com os sete gigantescos volumes d’A Torre Negra prontos. No caso de Steinbeck, mais do que criar histórias inspiradas na de Malory (coisa que ele fez, basta olhar os livros dele) ele decidiu que as gerações contemporâneas precisavam conhecer essa grandiosa saga, ao passo que buscou escrever uma versão mais atual da história do Rei Arthur.

    Thomas Malory escreveu suas histórias no século XV, época em que o inglês tinha outras características, outro modo de ser dito e escrito, o que, acreditava Steinbeck, tornava o livro menos acessível aos jovens de seu tempo, não mais acostumados às características pitorescas do inglês arcaico. Sua missão, portanto, era traduzir aquela linguagem para outra, menos rebuscada e mais próxima ao inglês atual, e preservar o coração das histórias, suas lições, seus sentimentos, suas reflexões, enfim, seu espírito.

    Era uma tarefa difícil. Já na década de 50 Steinbeck acalentava esse sonho. Estudou profundamente Malory e escarafunchou todas as referências que pode sobre as Lendas Arturianas. Lia estudos, procurava por documentos da época, buscava manuscritos originais em terras inglesas, visitava os locais por onde os Cavaleiros da Távola Redonda tinham cavalgado e assim por diante. A empreitada lhe consumia muito tempo e esforço, mas ele parecia estar encontrando uma grande satisfação ao fazê-lo.

    O resultado – ao qual temos acesso por conta da decisão de sua família – não foi publicado senão postumamente. Steinbeck, em suas correspondências, dizia que tinha perdido o fio da meada, não sabia mais aonde estava indo exatamente com aquela história. Apesar disso, terminou o livro e tinha o título já em mente: The Acts of King Arthur and His Noble Knights (Os Feitos de Rei Arthur e seus Nobres Cavaleiros).

    O livro é bem menor que o de Malory, que, conforme a edição, chega a ter mil páginas. A linguagem de fato ficou mais acessível, sem os típicos rebuscos que Malory usou abundantemente em sua obra. Não que o texto de Malory seja ilegível, mas existem certas palavras que caíram em desuso, conjugações verbais não mais utilizadas e expressões que hoje em dia não fazem mais sentido.

    As histórias de Arthur, as intrigas de sua corte, as jornadas empreendidas por seus fiéis cavaleiros, as tramas, as mágicas, as traições, as maldições, Morgana, Lancelot, Merlin e Excalibur, estão todos lá. As histórias tem a costumeira espirituosidade de Steinbeck e focam sobre uma questão que, creio eu, fazia muito sentido para o autor: a honra, o compromisso pessoal que unia estreitamente todos esses sujeitos. A cavalaria medieval em sua forma clássica, digamos assim, cultivava esses valores com afinco, coisa que a literatura e a tradição oral trataram de exaltar e romancear através dos séculos.

    Colocar-se à sombra de Malory não é qualquer coisa, é uma tarefa hercúlea e potencialmente ingrata. Steinbeck nesse sentido manteve a humildade e não deixou sua imaginação distanciar-se dos marcos já abertos por Malory. Na ânsia de preservar os elementos que compunham o original sem se alongar demais, Steinbeck acabou colocando nomes demais em histórias de menos. A obra de Malory possui muitíssimos personagens e nomes (Tolkien certamente se inspirou nisso ao criar a Terra-Média e sua história), mas possui um escopo maior de trabalho, já que possui quase mil páginas em relação às pouco mais de trezentas que possui o livro de Steinbeck.

    Isso, no entanto, está longe de fazer o livro menos atrativo. Por mais que saibamos que adaptações impõem limitações, elas também nos reservam boas surpresas, como no retrato de Lancelot, um dos personagens preferidos de Steinbeck. Ele ganha um aspecto mais caricato e, por mais que preserve a seriedade cavalheiresca, ganha em carisma. Mesmo a Morgana ganha um toque especial através das descrições sinistras de seus feitiços e intentos.

    A edição que li é da Penguin Classics e traz quase cem páginas de cartas como Apêndice ao final do livro. Elas foram escolhidas por Chase Horton (um dos correspondentes de Steinbeck, ao lado de Elizabeth Otis) e ilustram as preocupações que norteavam o autor ao traduzir Malory para nossos tempos.

    Se Steinbeck conseguiu realmente difundir as Lendas Arturianas da forma como pretendia, não temos como saber com certeza, mas que existe galhardia e algo de cavalheiresco nessa empreitada, isso podemos afirmar sem dúvida.

    Texto de autoria de Lucas Deschain.

  • Crítica | Protegendo o Inimigo

    Crítica | Protegendo o Inimigo

    Assistir Protegendo o Inimigo e compará-lo com Dia de Treinamento é inevitável, seja pela narrativa proposta, desenvolvimento dos personagens, como até mesmo a escolha de atores, já que Denzel Washington pode ser visto em ambos os filmes. Contudo, o novo filme de Denzel está muito distante daquele feito com Ethan Hawke em 2001.

    A trama se passa na África do Sul e conta a estória de dois personagens centrais. Denzel washington interpreta Tobin Frost, um ex-agente da CIA acusado de traição e procurado no mundo todo por vazar informações sigilosas. Já Ryan Reynolds faz o papel do novato Matt Weston, um agente responsável por cuidar de um abrigo da CIA – Instalações criadas para receber criminosos procurados pelo mundo -, na Cidade do Cabo. O destino dos dois se cruzam quando Frost tenta ser assassinado após uma negociação que faz, se vendo sem alternativa, ele decide entrar no consulado americano da cidade. Frost acaba sendo encaminhado para interrogatório no abrigo onde Weston está e a partir disso a trama começa a ganhar corpo.

    O filme é calcado no trabalho de atuação desses dois personagens, o roteiro colabora para isso. Impressionantemente, Reynolds entrega um ótimo trabalho e se sai muito bem como protagonista de ação. Seu personagem começa como um agente inseguro e cheio de sonhos, e pouco a pouco vê seu mundo ruindo, e tendo que amadurecer rapidamente. Quanto a Denzel Washington, já sabemos o que esperar, interpretando seu personagem padrão, Denzel mostra a segurança de sempre e muito a vontade ao lado de Reynolds. Aliás, esse é um dos pontos fortes do longa, a interação dos dois está ótima. Destaque para o excelente elenco de apoio com Sam Shepard, Brendan Gleeson e Vera Farmiga. Uma pena terem sido tão mal aproveitados.

    Se o filme é competente nas atuações, o mesmo não vale para o roteiro de David Guggenheim. Apesar de trazer uma apresentação de personagens interessante, o mesmo se perde pelo didatismo e o abuso de clichês do gênero. Os diálogos funcionam bem, e fluem com naturalidade. A Direção do estreante, Daniel Espinosa traz bons momentos, explorando o clima quente da África do Sul com uma fotografia saturada e usando a câmera com precisão nas cenas de ação, resultando em momentos viscerais de lutas, todas coreografadas de maneira crível, propositadamente desajeitadas, conferindo uma crueza necessária ao filme.

    Além disso tudo, ‘Protegendo o Inimigo’ arruma tempo para fazer uma crítica interessante, mas que acaba ficando em segundo plano. No final das contas, o longa se mostra competente e coeso, mas falta ‘culhões’ para figurar ao lado de filmes como ‘Dia de Treinamento’.

  • Review | Back to the Future: The Game

    Review | Back to the Future: The Game

    Lá vamos nós pra mais um review de jogo. Apesar de ser um jogo relativamente recente, (teve  seu primeiro capítulo lançado em dezembro de 2010 e o último em julho de 2011) eu o considero nostálgico.

    Antes, eu quero fazer um alerta, se você é fã da trilogia de filmes, De Volta Para o Futuro, e sempre quis uma continuação ou um game que desse frente a história, sério, não perca seu tempo lendo isso, vá atras do jogo e divirta-se. Agora se está meio reticente, quer saber mais alguma opinião, entre no DeLorean e vamos ao review.

    Primeiro vale dizer um pouco sobre a estrutura do jogo. Foram 5 capítulos lançados sucessivamente, cada um deles com um intervalo de 7 meses entre eles. É uma estratégia, que eu particularmente não gosto, mas é recorrente nos jogos adventure dessa produtora, a Telltale Games. Também responsável, por Jurassic Park: The Game (4 episódios). Tales of Monkey Island (5 episódios).

    Um pouco sobre o jogo em si, ele é um adventure point and click, clássico, mas com estrutura simples, ou seja, não existe possibilidade de combinar itens do inventário. Sua mochila, de modo geral, permanece sempre com poucos itens, facilitando os puzzles. E que também, na maioria das vezes, não deixa você ficar rodando uma infinidade de lugares para encontrar o objetivo. Isso tem um lado bom, para os preguiçosos. Mas para aqueles que querem um desafio maior, realmente colocar a cabeça pra pensar, é no mínimo decepcionante.

    Ainda sobre a estrutura do jogo e o nível de dificuldade dos puzzles, eu entendo que a nova geração, provavelmente se sentirá incomodada, com um jogo nesse estilo, com um nível de dificuldade, das antigas. Mas o jogo dispõe de dicas à vontade, pro jogador mais preguiçoso que não estiver afim de pensar, ou seja, você poderia muito bem subir a barra dos puzzles, e com as dicas facilitarem para quem assim quiser. Até porque as próprias dicas, não são apenas pistas do que se deve fazer. No terceiro nível elas literalmente falam o que você deve fazer naquela situação.

    Um pouco da história, que é realmente o ponto alto do jogo, e eu não vou entregar spoilers, porque pra quem está interessado, vale a pena conferir pela história em si. Você começa, em Hill Valley, duh. Com o Doc, sumido. E a prefeitura da cidade, preparando uma venda de garagem das coisas de Carl Sagan, quero dizer Doc Brown. Ao sair da garagem dele, nosso querido DeLorean, aparece apenas com Einstein dentro dele. E a partir daí começa a aventura, entre muitas indas e vindas do passado ao futuro, e billions and billions de linhas de tempo. Com direito a vários personagens habituais, em suas versões, mais jovens, inclusive Doc Brown. O único que é sempre o mesmo, é o Eine.

    Ainda com relação à história. De modo geral, ela é bastante satisfatória e divertida, passando de Hill Valley, na década de 30, presente, Brave New Hill Valley, década de 30 alternativa. Porém, na minha opinião, faltou, futuro, digamos assim. Porque entre indas e vindas, você basicamente alternará entre presente (1985) e passado (1930). Pra mim, isso tem cheiro de preguiça, ou falta de orçamento da produtora, mas que no fim das contas, deixa o terço final do jogo, mais como uma busca para chegar logo ao final, com apenas alguns momentos de história, realmente legais. Dando a impressão de “vamos alongar um pouco a história, a toa, só pra poder fechar mais um capítulo e caçar mais algumas moedas“. Isso sempre considerando os 5 capítulos como um jogo só.

    Outro ponto, que está relacionado tanto à história quanto aos puzzles, apesar desse tipo de jogo, serem vitais os diálogos dos personagens, e que conversar com as pessoas certas, nos momentos certos, deve inclusive fazer parte dos puzzles. Na minha opinião, De Volta Para o Futuro: O Jogo. Abusa disso em muitos momentos, fazendo com que deixe de fazer parte da diversão conversar com os personagens e passe a ser maçante. Principalmente pelo fato de que, na maioria das vezes, pouco importa a ordem das frases que você dirá ao interlocutor, ou o que falará pra ele, as opções vão sumindo, até que você chega na correta, pra mim, é o ponto mais frustrante do jogo, depois da facilidade dos puzzles. O capítulo 3 e o 5, abusam muito disso, chegando alguns momentos a pensar que valia mais a pena que eles fizessem um filme em 3d, e deixassem a história rolando pra mim, pelo menos não teria que ficar clicando o mouse.

    Falando em 3D, e aqui é um dos motivos por eu encarar esse jogo como nostálgico. Pra um jogo de 2010, só tenho uma palavra. Porco. Simples assim, eu não tenho necessidade de gráficos exuberantes, nem nada, acredito até que, se o jogo é bom e inovador, isso não faz a menor diferença. Mas acredito também, que a movimentação do personagem pelos cenários e principalmente a movimentação da câmera, poderia ser muito melhor, sem grandes esforços. Faltou capricho nisso aí. A modelagem dos personagens em si é bastante simples e que já estava datada antes mesmo de ter sido lançado. Mas com as dublagens caprichadíssimas, eles acabam ganhando até uma expressão que a modelagem não tem, e acaba passando despercebido.

    Eu sou um fã da trilogia dos filmes De Volta Para o Futuro, desse estilo de filme de aventura, é o meu preferido. Então, com certeza a história e a diversão, que é a proposta da série, é com certeza o que mais levo em conta para avaliar De Volta Para o Futuro: O jogo.

    Sou também um fã incondicional dos jogos point and click. E digo que esse é um dos que valem muito a pena. Um deslize aqui, outro ali, mas no geral, o saldo é bem positivo. Principalmente por resgatar uma história tão boa, e com tanto potencial, que infelizmente, ficou parada por tanto tempo.

    Os easter eggs, para os fãs da série, e as piadinhas com muitos elementos de cultura pop, me arrancaram boas risadas. O cuidado com a dublagem dos personagens, escolhendo um ator com uma voz parecida com o Michael J. Fox, e trazendo o Christopher Lloyd para dublar o Doc. Me fizeram esquecer os problemas com a câmera e os gráficos.

    A única coisa que realmente me deixou puto, foram alguns bugs, um deles é o seguinte: no primeiro capítulo, você pode escolher um nome, para o Marty em 1930, dentre algumas opções, e claro, escolhi Michael Corleone, e nos próximos capítulos o nome não se manteve, bobagem? Sim, mas porra, tão simples de se fazer. Agora o pior de todos é o seguinte,  eu fiz uma ação anterior ao objetivo no último capitulo, que me obrigou a começar o capítulo de novo, por causa de um bug. Então já vai um alerta, caso você vá jogar, quando chegar ao capítulo 5, procure no google, “back to the future glass house”, para não ter o mesmo problema que eu.

    No fim das contas, mesmo que você seja um aventureiro experimentado, e ache os puzzles do jogo fáceis, acho que vale a pena vestir sua cueca Calvin Klein, embarcar no DeLorean e sair por essa aventura.

  • Crítica | Shame

    Crítica | Shame

    O mundo de Brandon Sullivan (Michael Fassbender, espetacular) é vazio. Sem cores e esmaecido. Ele acorda, pega o metrô, trabalha, volta para casa e vai a bares à noite. Cada uma dessas ações, entretanto, é pontuada inteiramente por um fator: sexo. O personagem – protagonista de Shame, novo filme do cineasta Steve McQueen – possui um distúrbio que os psicanalistas atualmente classificam como hipersexualidade ou transtorno hipersexual.

    Por conta disso, Brandon é um sujeito, já a beira dos 40 anos, que se entope com pornografia, sexo virtual, relações com prostitutas e casos de apenas uma noite. Partindo de uma análise superficial, poderíamos questionar qual o problema em se gostar tanto de sexo.

    E Esse é um dos pontos fundamentais abordados pelo filme.

    Brandon não gosta de sexo. É obsecado por ele.

    Torna-se tão cego por isso que não consegue perceber que o mundo ao seu redor simplesmente não existe. Trabalha de forma burocrática, é incapaz de se relacionar ou se apaixonar por qualquer pessoa ou coisa. Brandon, na verdade, está doente.

    Ao longo do filme, é possível notar vários sinais do quão isolado e imerso em seu vício ele se tornou. O computador que usa no trabalho está repleto de pornografia – o que lhe rende uma advertência de seu chefe. Costuma se masturbar no próprio banheiro do local onde trabalha e também em casa. Passa boa parte do dia tendo encontros com prostitutas e se masturbando diante de bate-papos na internet. Isso sem falar na quantidade colossal de revistas pornô que guarda nos armários de casa.

    Antes de tudo, nada de puritanismos. Qualquer uma das atividades descritas acima é perfeitamente aceitável e normal. O problema é quando as mesmas se tornam uma obsessão e único ponto focal de uma vida inteira.

    E é justamente o que acontece com Brandon, que parece estar alheio – ou mesmo se está consciente parece não se importar – com os problemas que isso lhe causa. No entanto, dois fatos primordiais farão com que ele abra os olhos para essa realidade.

    O primeiro é a chegada de sua irmã, Sissy (Carrey Mulligan, ótima), que passará a morar com ele. Mesmo perdida e emocionalmente instável, ela consegue ter uma maior ligação com se lado emocional. E tenta transferir essa conexão para o irmão, que a rejeita de forma agressiva. Ao negar Sissy, Brando na verdade nega suas emoções. A barreira emocional criada por ele por meio da devoção ao seu vício em sexo não permite qualquer tipo de sentimento.

    Num dado momento, ele assiste a irmã – que é cantora – se apresentar num bar sofisticado em Manhattan. Ela canta uma versão lenta e melancólica de “New Yor, New York”. As aspirações da letra, as figuras evocadas por seus versos e a interpretação emocional fazem com que uma lágrima caia de seu rosto. Raro momento de concessão às emoções.

    Posteriormente, quando a própria irmã cede a uma relação de uma noite com uma pessoa próxima ao irmão, percebemos a tensão sexual que existe entre Brandon e Sissy.

    O outro fator fundamental da trama está no quase relacionamento que ele mantém com a colega de trabalho Marianne (Nicole Beharie, em boa interpretação). A aproximação dela será o grande ponto de inflexão do filme.

    Durante uma cena num restaurante – que até provoca alguns risos involuntários – vemos que Brandon é absolutamente avesso a uma relação mais séria. Justamente o contrário do que Marianne deseja.

    Surge um impasse.

    Mesmo assim, ambos sentem-se atraídos um pelo outro. Fatalmente partem para consumar o ato. E é justamente o que acontece nesse trecho que vai jogar a trama numa direção mais aguda. O predador sexual – diante de uma mulher que demonstra ter a capacidade de expressar sentimentos verdadeiros por ele – falha em seu próprio campo de batalha.

    O que se segue é uma sessão de catarse do protagonista em busca de liberação sexual sem limites. Isso o leva a ser espancado por um namorado ofendido, passar parte da madrugada numa boate gay e terminar a madrugada num ménage com desconhecidas. Tudo isso quase ao preço da perda de uma pessoa especial.

    O final do personagem é aberto. Ele terá aprendido sua lição? Não saberemos. Para ilustrar essa incerteza, o diretor usa no fim uma situação explorada logo no início do filme, no metrô.

    Steve McQueen é primoroso ao retratar o estado de vazio emocional e existencial experimentado pelo personagem. Sua casa, seu trabalho. Todos os ambientes, enfim, são retratados com uma fotografia fria e inóspita. Não há espaço para emoções no mundo de Brandon.

    Nas cenas de casa, há uma predominância de tons brancos e cinzas. O trabalho e os bares frequentados pelo personagem são dominados por tonalidades de cinza e também por sombras. O único momento no qual outra cor – o amarelo quente – prevalece é justamente durante o ménage, quando o protagonista está em seu auge, colocando suas frustrações para fora.

    Quanto ao tempo, o roteiro é direto. Não há idas e vindas na história.

    As tomadas são longas. O diretor se demora em várias delas, registrando com cuidado as expressões faciais e corporais dos atores. Há uma exploração consciente da horizontalidade da tela.

    Aliás, para retratar o distúrbio psicológico do protagonista, em vários momentos McQueen coloca a figura de Fassbender exatamente no canto da tela, o que transmite uma sensação de falta de adequação e isolamento em relação ao mundo que o cerca.

    Num dado momento de uma das viagens do metrô, entretanto, é possível ver que o diretor se mostra otimista com relação ao futuro de Brandon e também com um possível controle de sua compulsão.

    Atrás dele, numa das paredes do trem, há uma quadro com a frase “Improving. Don’t stop”. Traduzindo: “Melhorando. Não pare”. Será?

    Jamais saberemos.

    Texto de autoria de Carlos Brito.

    Ouça nosso podcast sobre Steve McQueen.

  • Agenda Cultural 38 | Jornalistas, detetives e espiões

    Agenda Cultural 38 | Jornalistas, detetives e espiões

    Nesta edição, Flávio Vieira (@flaviopvieira), Rafael Moreira (@_rmc), Jackson Good (@jacksgood) e Carlos Brito, jornalista profissional e crítico do site, comentam dos principais filmes lançados no início do ano e que ainda não haviam sido abordados no podcast. Saibam quais são os grandes destaques e os filmes que vocês devem passar longe.

    Duração: 110 mins.
    Edição: Rafael Moreira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Participações em outros projetos

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    2 Coelhos
    Histórias Cruzadas
    À Beira do Abismo
    Motoqueiro Fantasma 2: O Espírito da Vingança
    O Espião que Sabia Demais

  • Resenha | Kafka à Beira-Mar – Haruki Murakami

    Resenha | Kafka à Beira-Mar – Haruki Murakami

    Não foram poucas as opiniões favoráveis que ouvi sobre Haruki Murakami, e, tendo em vista que ele é um dos nomes mais conhecidos da literatura contemporânea, resolvi encarar um livro dele. Por que não começar com um que leva no título outro nome de peso?

    Foi assim que cheguei a Kafka à Beira Mar.

    É difícil situar o autor dentro de uma “tradição” mais ampla, visto que não conheço praticamente nada sobre literatura nipônica, mas o que é possível perceber é que existe um diálogo bastante interessante dele com outros elementos da cultura japonesa que gozam de bastante difusão no ocidente, digamos assim, como, por exemplo, os animes, o ritmo frenético de Tóquio, algumas lendas e mitologias, a alta-tecnologia etc. Existem determinados momentos do livro em que você nitidamente enxerga ambientes, lugares e até mesmo personagens de animes que você já assistiu ou histórias que já ouviu sobre o Japão, visto que essa é, em grande parte, a “imagem”  relativamente disseminada do oriente.

    O livro é contado sob duas perspectivas: a do jovem Kafka Tamura e a do velho Satoru Nakata. O primeiro é um jovem que resolveu sair de casa por conta do relacionamento atribulado que mantinha com o pai, e, de alguma forma, buscando sua mãe e irmã, que ele desconhece. O segundo, é um velho com problemas de retardamento que conversa com gatos e tem estranhos hábitos e concepções acerca da realidade cuja busca não está clara até o momento em que ele a veja, ou seja, ele não tem um norte definido.

    Murakami consegue criar personagens carismáticos, de modo que a alternância de histórias sendo contadas (os capítulos vão alternando as histórias de um e outro) deixe a narrativa sempre com alguma coisa acontecendo, uma tensão ou aventura por ser deslindada. Em um capítulo você está andando sem rumo com o jovem Kafka Tamura e sua rotina austera de exercícios, autocontrole e racionamento de recursos, e no outro está às voltas com o velho Nakata e suas extravagâncias um tanto non-sense (aliás, o diálogo dele com os gatos é uma das melhores partes do livro).

    O non-sense, aliás, permeia todo o Kafka à Beira Mar. Se várias situações podem ser localizadas e amarradas dentro de uma lógica, diversas outras ficam esperando seu lugar nessa cadeia, sem que, contudo, ganhem relação mais clara ou direta com o corpo da obra. As duas tramas parecem querer se entrelaçar ou se tocar a todo o instante, mas, no final das contas, encontrar analogia entre as situações fica mais por conta do leitor mesmo.

    Algo que deve ser ressaltado (e que eu espero que seja recorrente nos outros livros de Murakami) são os comentários que ele vai fazendo ao longo da obra a respeito de arte, música, literatura, cinema etc. São formas de despertar a curiosidade para quem não conhece e proporcionar o contato com opiniões do autor para quem já conhece o que ele analisa. Assim, em Kafka à Beira Mar, temos opiniões sobre Na Colônia Penal, The Archiduque Trio, The 400 Blows, literatura japonesa e assim por diante.

    Apesar do contato das duas tramas não ser tão longo ou tão direto, ambas se relacionam com jornadas pessoais, e versam sobre a necessidade de deixar “zonas de conforto” (para usar essa expressão tão disseminada) e fazer algo fora do comum, fugir dos padrões, apelar para o imprevisível e deixar um pouco de lado a sisudez e a frieza do mundo “confortável, porém tediosamente padronizado”. É assim, por exemplo, que Hoshino, um caminhoneiro que deixa de lado sua vida para seguir Nakata em sua busca amalucada, percebe um novo sentido para sua existência, concebe novos objetivos e se sente mais vivo e feliz do que quando somente dirigia seu caminhão e obedecia a rotinas e procedimentos repetitivos e previsíveis.

    Murakami usa ainda de porções de fantasia para dar expressão a essa ânsia por algo além do ordinário. Parece haver algo sobrenatural borbulhando por baixo da realidade natural, algo fantasioso, meio místico, com raízes mitológicas antigas, épicas, esperando por serem desenredadas por aqueles que ousarem deixar o comum e embarcar no incomum. Como o Wilson disse lá no fórum, Murakami está interessado na criação de mitos modernos, ou ao menos ambientados no mundo contemporâneo. Isso pode ser percebido tanto nas passagens dignas de realismo mágico (ou ‘absurdo mágico’, como o Tiago e o Luciano sugeriram) quanto nas “entidades” que vagam pela história, como Johnnie Walker em pessoa (sim, o da bebida mesmo) e o Colonel Sanders, o velho bigodudo da rede de fast foods, por exemplo.

    Parece haver um quê de “mágico”, de incomum ou de transcendental no que nos cerca, Murakami quis tornar isso mais visível do que estamos acostumados a enxergar.

    Texto de autoria de Lucas Deschain.

  • Crítica | John Carter: Entre Dois Mundos

    Crítica | John Carter: Entre Dois Mundos

    Mostrando que o cinema de ficção científica está cada vez mais em alta, John Carter: Entre Dois Mundo, baseado no clássico romance A Princesa de Marte de Edgar Rice Burroughs, finalmente chega aos cinemas, porém infelizmente com a impressão de que chegou tarde demais.

    Somos apresentados a John Carter, um capitão veterano da Guerra de Secessão nos EUA, que tenta fugir a qualquer custo de continuar servindo em mais guerras e conflitos. Carter acaba sendo teletransportado inexplicavelmente para Marte e é a partir daí que a trama se desenvolve. Em um planeta em que sua estrutura óssea e gravidade o permitem pular mais alto do que o normal e ter força sobre-humana, acaba atiçando a curiosidade da raça dos Thark, uma das raças habitantes de Barsoon. Ainda que contra a sua vontade ao primeiro momento, Carter se vê envolvido em um conflito épico entre duas facções do planeta e acaba tendo que redescobrir a sua humanidade e os valores que quer defender para salvar a vida da Princesa Dejah Thoris e de toda uma população.

    Ao contrário do que muita gente desavisada pode achar, John Carter foi um personagem criado em 1912 e serviu de inspiração para uma série de histórias, dentre elas incluindo Star Wars e Avatar. Porém o fato de estar saindo nos cinemas pela primeira vez depois de tanto tempo dá uma impressão errada quanto a quem foi realmente o precursor no estilo.

    Trata-se de uma clássica história da jornada de um herói com todos os seus elementos clássicos presentes: a luta de um homem contra os fantasmas de seu passado, a princesa que foi prometida em casamento para o vilão com o intuito de terminar a guerra, um plano malévolo de dominação mundial e a superação do personagem lutando por uma causa, buscando sua redenção.

    O filme foi dirigido por Andrew Stanton – conhecido pelos seus trabalhos em grandes animações como Vida de Inseto, Procurando Nemo e WALL-E– que trabalhando juntamente dos roteiristas Mark Andrews e Michael Chabon não conseguiram convencer a história nas telas, tornando-o superficial e sem plots emocionantes.

    O destaque do filme fica por conta dos efeitos especiais, os quais foram abusados sem dó e nem piedade, e que são levados aos extremos. Em muitos momentos se tornam enfadonhos acabando por somar negativamente em uma história mal conduzida.

    Por outro lado, a concepção visual da raça dos Thark, por exemplo, teve um resultado excelente. Estes personagens são carismáticos e tornam o longa metragem no mínimo interessante, ao contrário dos atores de verdade, Taylor Kitsch e Lynn Collins, que esbanjam simplicidade em suas atuações, tornando os momentos em que contracenam juntos (mais de 60% do filme) extremamente desgastantes.

    O recurso 3D utilizado no filme não é excepcional, mas compõe bem os quadros utilizados. Serve apenas pra criar satisfatoriamente o efeito de profundidade nas cenas, principalmente naquelas que aparecem grandes cidades e paisagens.

    Uma obra que se torna fraca pelo mérito da forma como foi produzida, não da história original em si. De fato cumpre o seu papel em se tornar um grande blockbuster e diverte tanto quanto assistir filmes de aventura clássicos. Acho que é o suficiente para fazer alguém ir vê-lo nos cinemas.

    Texto de  autoria Pedro Lobato.

  • Resenha | Valente para Sempre

    Resenha | Valente para Sempre

    Valente Para Sempre - Vitor Cafaggi

    Valente Para Sempre me fez relembrar alguns sentimentos que só tive em minha adolescência e que hoje em dia sinto até falta. Ao ler a história de Vitor Cafaggi, me senti como em um mergulho nostálgico em minha juventude, relembrando paixões, amores não correspondidos, frustrações, alegria, inseguranças, amizades sinceras que mantenho até hoje, e aquele mar de sensações que você só tem aos 15 anos de idade (ou não).

    Cafaggi é um autor independente que teve reconhecimento merecido após sua participação no MSP50, uma coletânea de 50 autores diferentes que retratam os personagens criados por Maurício de Sousa, cuja contribuição certamente consta entre as três melhores histórias do álbum. Em 2011, publicou Valente Para Sempre, quadrinho que conta a história de um cachorro sonhador, Valente, que se apaixona pela gatinha Dama em uma de suas viagens rotineiras de ônibus. Desse sentimento surge uma série de situações tragicômicas impossíveis de não se identificar.

    Valente para Sempre traz uma história bastante comum e que todo mundo certamente já ouviu, ou, mais provavelmente, já sentiu na pele. No entanto, é essa simplicidade que torna a história surpreendentemente sensível e realista. A sensibilidade, que é um dos traços mais marcantes do autor em seus trabalhos, alia-se a uma narrativa leve, cheia de humor e extremamente intensa.

    O traço de Cafaggi é todo expressão, conferindo uma dinâmica narrativa e carisma aos seus personagens. Sua escolha em antropomorfizar os personagens em animais é perfeita para a narrativa visual, possibilitando ao autor demonstrar sentimentos básicos de maneira singela, como quando Valente expressa sua tristeza andando com orelhas baixas, ou feliz, abanando o rabo. Escolhas simples que resolvem um problema de sequência narrativa em um único quadro.

    Contudo, o ponto forte da obra é, sem dúvida, o roteiro. Cafaggi o desenvolve naturalmente, cheio de ótimos diálogos, bom humor e drama na pitada certa, transmitindo ao leitor uma avalanche de emoções. Difícil não se identificar com as frustrações, empolgações, inseguranças e decepções do protagonista. Tudo isso sem soar piegas em momento algum.

    Valente Para Sempre conta a história de uma fase da vida de todos nós (desafio aos leitores a não pensarem em momento algum “isso já aconteceu comigo” em qualquer trecho do quadrinho), principalmente nós, homens. Uma história comum sobre sentimentos reais. Como é a vida, afinal.

    Uma das melhores publicações de 2011.

    Compre aqui.

  • Resenha | Zona Morta – Stephen King

    Resenha | Zona Morta – Stephen King

    Johnny Smith,  jovem professor do Maine, (esse deve ser um lugar medonho já que tudo de ruim acontece por lá, que o digam , Stephen King e H. P. Lovecraft ) sofre um acidente de carro e fica anos em coma profundo. Ao acordar, é submetido a exames, rotina comum em casos de pessoas que acordam após um longo período nesta condição,  e  através destes, descobre que tem lesões cerebrais, também chamadas de zonas mortas, nas quais certas memórias e conhecimentos se perderam.  Junto das Zonas Mortas, ele descobre um poder de vidência relacionado ao toque.

    Lançado em 1979, Zona Morta é um livro de terror que conta o desenrolar desta estória através de suas páginas.  Johnny é um personagem, para quem, inicialmente, você não dá nada. (mesmo após ele descobrir seus poderes). Calmo, sorridente e tudo mais, é muito simplório, mas é esse lado comum que faz com que você se identifique (exceto pelas partes extremamente American Way of Life) e até goste um pouco dele.

    O livro não começa na fatídica noite do acidente, na verdade ele nos leva pela infância de nosso protagonista.

    A narrativa começa com Johnny simplesmente se divertindo, como qualquer criança americana de 6 anos, no meio da neve (e sem aula), até que sofre um acidente (é atropelado por um adolescente desengonçado com seu carro desgovernado).  Ele desmaia e alguém vai acudi-lo, ao acordar ele fala algo em tom gutural, “não ligue mais”. Palavras esquecidas, até que quem o estava segurando na hora tem um problema com a bateria do carro e ao ligá-la em outra, explode.

    Em alguns pontos, o autor não segue somente a vida de Johnny Smith, ele nos apresenta à vida de Greg Stillson. Stephen King constrói a visão do protagonista e de seu antagonista mostrando a evolução destes, com enfoque privilegiado no antagonista.

    Greg Stillson, em um primeiro momento, com 22 anos e vendedor de bíblias (se fosse brasileiro, estaria vendendo a Barsa), um homem corpulento que em sua primeira cena já começa a ser trabalhado como “o cara mal” ao matar o cão de guarda de uma fazenda para a qual ia vender suas bíblias. Após matar o canino, foge da cena pensando em grandeza.  É assim que se encerra o prólogo, mostrando o inicio do “poder” do protagonista e o mal do antagonista.

    O livro realmente começa a nos envolver com “A Roda da Fortuna” em que mostra o que a maioria dos médiuns deveria fazer, Johnny vai a uma dessas feiras com sua namorada Sarah Bracknell, aposta usando seu poder e vai ganhando bastante dinheiro neste jogo, porém o jogo acontece na mesma noite do acidente que o deixa em coma.

    Zona Morta, é uma história sensacional de um cara comum se tornando um médium acidentalmente e a repercussão deste fato  na mídia e em tudo mais a sua volta. O autor nos leva através desta saga, e além disso, coloca um conflito, que só surge ao final, entre Johnny e Stillson. Uma das coisas que eu gosto em livros é a curva de evolução, e este cumpre bem isso. Stephen King  apresenta gradativamente o que deve, te dá várias pontas e quando você já sabe de tudo ele te dá um clímax e amarra todo o enredo. Os personagens também são sensacionais e extremamente bem construídos, com uma constante evolução e mudança de motivações.

    Dead Zone é um livro tão bom que conseguiu fugir a uma das maldições de Stephen King, adaptações ruins de cinema (que o diga Christine – o carro assassino), o livro foi adaptado virando “Na Hora da Zona Morta”, sucesso em crítica e é dito como uma das melhores adaptações do King (acho que deve perder de A Espera de um Milagre).

    Não contente com um livro e um filme de sucesso, Dead Zone virou uma serie recente de TV, que no Brasil veio como “O Vidente” (mais um grande sucesso das traduções/adaptações brasileiras de nomes).  Porém, a serie não foi assim tão bem recepcionada, tendo uma vida curta de 6 temporadas, de 2002 a 2007, quando foi cancelada sem um final conclusivo.

    Considerações finais são que esta obra não só vale extremamente a pena como é um dos meus prediletos. O nome Stephen King, por si só, já é um peso a se considerar. E se você ainda não leu nada de SK , comece por Zona Morta, não haverá arrependimento. Texto bem trabalhado, personagens carismáticos e história empolgante.

    Texto de autoria de André Kirano.

  • Crítica | Submarine

    Crítica | Submarine

    Baseado na obra homônima de Joe Dunthorne e dirigido por Richard Ayoade, Submarine é um filme arrebatador. Somos apresentados a Oliver Tate (Craig Roberts), um garoto de 15 anos que passa a ter que lidar com as adversidades da vida. O espectador é levado a acompanhar um pequeno pedaço da vida desse garoto e os seus envolventes acontecimentos.

    O filme conta a história de Oliver Tate, um garoto socialmente alienado e introvertido. Sua vida muda quando começa a ter um romance com sua colega de classe Jordana Bevan (Yasmin Paige). Oliver começa a namora-la, uma garota cuja personalidade se diferencia e muito do mesmo. Somos colocados de frente a um personagem introspectivo, que se adapta ao ambiente em que se encontra. Da mesma forma, em sua vida amorosa, se desdobra com as nuances mais incomuns da personalidade de Jordana, muitas vezes indo contra os seus desejos. Paralelamente a um Oliver explorando um novo lado da vida – o lado do amor – o personagem passa a confrontar um casamento em ruínas de seus pais e a mãe adoecida de sua namorada. Os problemas que vão aparecendo em sua vida o deixam desorientado muitas vezes não sabendo lidar com eles.

    Submarinos são dotados de sonares que os permitem captar os movimentos de dentro da água. Infelizmente na vida não possuímos sonares capazes de captar os pensamentos das pessoas. Pra compensar esse fato, Oliver tenta se tornar mais atento a todas as movimentações que seus pais e sua namorada faziam, de modo a tentar encontrar soluções para seus problemas. Somos imperfeitos e Oliver também o é. A descoberta das fragilidades do ser humano e a impotência do agir diante de diversas situações adversas da vida o fazem “afundar na água”, tal qual um submarino.

    A trama muitíssima bem produzida por todas as suas partes, seja pelo roteiro, direção e atuação nos levam a uma atmosfera intensa e cheia de sentimentos. O destaque da atuação fica a cargo do protagonista Craig Roberts, que demonstrou enorme envolvimento com um personagem de personalidade tão peculiar. A trilha sonora do filme merece um comentário a parte, pois é excelente. Alex Turner, frontman da banda Arctic Monkeys, é o responsável pela mesma, a qual não deixa a desejar em nenhum momento, nos acompanhando durante todo o filme e se mesclando perfeitamente com os sentimentos e a atmosfera do longa-metragem.

    Submarine é intenso e envolvente. Duvido que a maior parte dos que assistirem ao filme não vão se identificar com muitos dos sentimentos ou maneiras de pensar do jovem Oliver Tate. Crescer e amadurecer faz parte do processo da vida de todas as pessoas. Podemos viver debaixo da água convivendo com sentimentos que se assemelham a uma tonalidade peculiar do azul escuro do céu quando o sol se põe, porém também faz parte da vida emergir das mesmas águas e continuarmos vivendo.

    Texto de autoria de Pedro Lobato.

  • 20 Filmes Essenciais de 2011 (Parte Dois)

    Já estava mais do que na hora de concluir minha lista de destaques do cinema em 2011, mais um pouco e estamos no segundo semestre de 2012 e não terminei o que comecei. Pois bem, como dito anteriormente na parte um, a ideia aqui não é eleger os melhores filmes, não tenho essa pretensão, além do que não vi nem 1/4 do que saiu no ano passado. No entanto, acredito que listas acabam despertando a curiosidade de muita gente, por mais superficial que seja (espero que não seja o caso).

    Relembrando que deixei de lado alguns blockbusters que já haviam sido comentados na lista de melhores do Jackson, além disso, opitei por comentar apenas dos filmes lançados em 2011 nos seus países de origem e não no Brasil, do contrário muitos filmes da parte um e dessa parte dois não estariam aqui. Mas vamos aos filmes em questão.

    *

    Amor À Toda Prova – Ouça nosso podcast sobre o filme
    Pô, Flávio, Comédia Romântica em uma lista de filmes essenciais?
    Sim. Amor à Toda Prova deixa claro que uma comédia romântica não precisa ser boba, recheada de clichês e retratar uma realidade que não existe (?). Não que o caso aqui seja de uma obra prima ou algo próxima de uma desconstrução do gênero em si. Está longe disso. No entanto, o longa foge do lugar comum, apresentando personagens cativantes, roteiro bem escrito e como todas as comédias deveriam ser, é extremamente divertido.

    O Garoto da Bicicleta – Ouça nosso podcast sobre o filme
    Os irmãos belgas, Jean-Pierre e Luc Dardenne, como de costume, retomam seu olhar crítico para a sociedade em seu novo filme. O Garoto da Bicicleta traz uma narrativa clássica retratando a vida de um garoto que é abandonado pelo pai e agora se vê revoltado com todos a sua volta, não dando chances de aproximação de quem quer que seja.

    Os Dardenne entregam um conto de fadas moderno com moral e tudo. Tudo que é mostrado aqui tem consequência. Destaque para a interpretação de Thomas Doret, protagonista do longa, que é adoravelmente insuportável, um personagem que parece nunca baixar a guarda, mas que quando menos se espera age como um garoto de sua idade. No final das contas percebemos como o amor é inspirador nas nossas vidas.

    Os Muppets – Ouça nosso podcast sobre o filme
    Anos se passaram desde os tempos em que os Muppets tinham um forte apelo frente ao grande público. Os personagens de Jim Henson cairam no esquecimento, apesar de muitos filmes da franquia ter saído (o último para o cinema foi em 1999) ao longo dos tempos. 2011 chegou e os Muppets mostraram que é possível criar algo nostálgico e divertido, que agrade os fãs antigos e agregue uma nova legião de adoradores desses simpáticos fantoches. Os Muppets são a prova de que humor pode ser singelo e atemporal.

    Drive – Leia a crítica completa aqui
    Nicolas Winding Refn é um cara de talento, filmou a trilogia Pusher (quem não conhece vá atrás), em 2008 apresentou Tom Hardy ao mundo com a selvageria de Bronson, e 2009 dirigiu O Guerreiro Silencioso, um excelente filme mas que infelizmente não teve seus méritos reconhecidos (leia a crítica aqui). Em 2011 Refn retorna com Drive com Ryan Gosling no papel principal, um personagem sem nome (referência ao mestre Sergio Leone) que divide seu tempo entre sua carreira como dublê e piloto de fuga de criminosos.

    Não vá pensando que você vai ver um novo Velozes e Furiosos, aqui a narrativa é construída passo a passo, mostrando a violência natural dentro de cada um e as relações humanas decorrentes dessas ações, as perseguições de carro são o que menos interessa.

    Agentes do Destino – Ouça nosso podcast sobre o filme
    Os Agentes do Destino, de George Nolfi, não é um grande filme, mas como a intenção desse post não é apontar os melhores de 2011, achei interessante colocá-lo nessa lista. O longa que tem no elenco Matt Damon e Emily Blunt nos papéis principais é uma adaptação do conto de ficção científica de Phillip K. Dick. Agentes do Destino tem uma premissa interessante, partindo da ideia que durante séculos a humanidade foi assistida por um grupo de agentes que tomam conta do destino de cada pessoa na Terra. Nada é obra do acaso, seja um ônibus perdido ou mesmo um café derrubado em sua camisa, tudo é previamente planejado.

    A trama scifi já é interessante por si só, mas além disso o roteiro do filme é uma grande janela de como encaramos nossas vidas, as diversas alternativas que a vida nos propõe a todo minuto e não nos damos conta. Vale um olhar mais atento para o filme, apesar de destoar muito do conto do K. Dick, ainda assim é um ótimo filme.

    Melancolia – Ouça nosso podcast sobre o filme
    Lars Von Trier é persona non grata por onde vai. No entanto, questionar sua qualidade como diretor é complicado. Dono de uma filmografia repleta de altos, Lars Von Trier apresentou um filme impecável em 2011, Melancolia, que infelizmente não teve muita repercussão devido à um comentário tirado de contexto do diretor sobre o Nazismo. Melancolia conta a história de duas irmãs em meio à ameaça de colisão do Planeta Melancolia com a Terra. Em meio a catástrofe, ambas irmãs buscam resolver seus conflitos internos e entender as escolhas de cada uma.

    Melancolia é um filme catástrofe da maneira do diretor, não é algo que pretende fazer uma análise sobre o fim do mundo, mas sim sobre o estado mental dessas irmãs.

    Complexo – Universo Paralelo
    Mário e Pedro Patrocínio, dois irmãos portugueses passaram três anos de suas vidas filmando um dos maiores complexos de favelas do Brasil, o Alemão. O documentário “Complexo: Universo Paralelo” veio propor uma nova ótica do cotidiano das favelas, se distanciando de outros veículos midiáticos, e buscando um olhar esperançoso sobre as batalhas desse povo.

    Os irmãos portugueses utilizam uma narrativa onde observamos a “rotina” da favela sob o ponto de vista de alguns personagens. Suas agruras, crenças, ideais e motivações estão presentes em diversas tonalidades. Desde a recicladores, Mc’s e como não poderia deixar de ser, traficantes. Merece uma atenção especial.

    Ataque ao Prédio
    Ataque ao Prédio é um daqueles filmes que se tornou conhecido pelo boca-a-boca, já que não teve nem sinal do longa nos cinemas aqui no Brasil. O estreante Joe Cornish, dirige (e roteiriza) um filme de baixo orçamento mas com uma narrativa e roteiro que passam longe das convenções sociais do cinema norte-americano.

    Cornish traz um misto de terror scifi com drama, repleto de humor britânico ambientado na periferia londrina. Se você gostou de ‘Todo Mundo Quase Morto’, pode assistir sem medo que você vai se amarrar.

    Um Novo Despertar – Ouça nosso podcast sobre o filme
    Muito foi falado sobre ‘Um Novo Despertar’ em um de nossos podcasts. Uma pena esse filme ter sido completamente esquecido. Jodie Foster mostrou ser uma mulher forte escalando Mel Gibson como protagonista de seu novo filme. Gibson, famoso por sua postura antissemita e machista entrega um personagem sensível e sem pudores de mostrar para o mundo o quão baixo sua vida foi. Seu personagem é depressivo, empresário frustrado, pai e marido ausente que encontra na figura de um castor fantoche sua segunda chance.

    Um Novo Despertar entrega uma atuação fantástica e repleta de sensibilidade de Mel Gibson. Uma pena que poucos deixem de lado sua vida pessoal para se importar com seu trabalho no cinema. Ainda bem que a Jodie Foster foi uma delas.

    Bullhead
    Bullhead foi um dos indicados a Melhor Filme Estrangeiro no Oscar, ainda assim passou batido pela maioria. O longa belga traz um dos personagens mais interessantes do ano, Jackie Vanmarsenille. Interpretado por Matthias Schoenaerts, o protagonista do filme é um personagem atormentado por traumas do passado.

    Apesar de parecer um filme comum sobre máfia, pouco a pouco percebemos que o filme vai muito além disso, focando na história de um personagem angustiado. A fotografia tem um clima bucólico que encaixa perfeitamente na proposta do filme e o desenrolar de sua história é digno de uma tragédia grega.

  • Crítica | Drive

    Crítica | Drive

    Que preço estamos dispostos a pagar para vivermos pautados por um código? Até onde nos é possível negar nossa própria natureza? Podemos colocar as pessoas que mais amamos em risco em troca de nossa própria felicidade?

    Ao fim de Drive, filme mais recente do diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn (Pusher, Bronson, Guerreiro Silencioso), o motorista vivido por Ryan Gosling terá – ainda que apenas para ele mesmo – as respostas para todas essas dúvidas. Até lá, entretanto, ele terá de atravessar e, se possível, conseguir sair vivo de uma espiral de violência, frustração e desilusão.

    Logo no início, somos apresentados ao motorista vivido por Gosling. Todos à volta veem que ele ganha a vida em dois empregos: como piloto para cenas de acidentes em filmes de ação e também como mecânico. No entanto, o piloto – sim, ele em momento algum do filme será chamado pelo próprio nome e o motivo ficará claro ao longo da trama – também conduz carros em assaltos. E é justamente nesse período – na tensa cena do roubo ocorrida no começo da película – que ele estabelecerá uma série de regras a serem cumpridas por seus contratantes.

    Sabemos, portanto, que o motorista vive por meio de regras. Normas. Um código de conduta. O que, numa alusão simbólica, o aproxima por demais da figura do samurai e seu Bushidô. A associação ao “homem silencioso” criado por Clint Eastwood para a Trilogia dos Dólares de Sergio Leone também é bastante adequada.

    O piloto é contido. Calmo. Fala pouco. E mesmo as raríssimas palavras que saem de sua boca são emitidas num baixíssimo volume. Ele não tem nome. Não há individualidade. O motorista é a personificação de uma maneira particular de enxergar a vida. No entanto, essa postura plácida é apenas aparente. Só uma contenção. Ao olhar nos olhos do homem, sabemos desde o início que ali dentro se encontra uma bomba-relógio prestes a explodir.

    E o gatilho desse explosivo é acionado em dois momentos.

    O primeiro é quando ele encontra e se envolve com a garçonete Irene (Carey Mulligan) e seu filho, Benicio (Kaden Leos). Os dois representam algo que ele nunca teve: redenção. A possibilidade de uma família e de laços afetivos. O distanciamento do mundo violento e arriscado no qual o motorista vive. O personagem se humaniza.

    No entanto, esse estágio chega ao fim com o retorno do marido de Irene, que até então estava na cadeia. A partir daí, uma série de fatores – todos envolvendo o dinheiro roubado inadvertidamente de mafiosos – vai acionar o segundo detonador. Quando a garçonete e o menino passam a correr risco, a explosão do motorista é inevitável e devastadora. Sua natureza, enfim, vem à tona. A justiça precisa ser feita. E terá que ser a seu modo.

    Aqui, o código de conduta do piloto predomina. Ele não quer o dinheiro. É sujo demais. Deseja apenas proteger a mulher e a criança pelos quais se apaixonou.

    Winding Refn demonstra um impressionante domínio da composição. Não há um fotograma sequer que seja menos que excelente. As belíssimas tomadas aéreas de Los Angeles (lembrando muito as produções de Michael Mann), a manipulação de luz e sombras, o contraste acentuado entre claro e escuro – aqui, méritos também para o diretor de fotografia Newton Thomas Sigel.

    Tudo funciona perfeitamente, inclusive – e principalmente – a condução dos atores. Ainda há espaço para uma cena de perseguição perfeita – para ser mais específico, a que envolve um Mustang GT preto e um Chrysler.

    Há claras referências aos filmes e séries de ação da década de 1980. Reparem nos caracteres cor de rosa usados na abertura do filme e percebam como lembram as letras utilizadas em seriados como Miami Vice. Isso sem mencionar a trilha sonora – grande parte calcada em composições dominadas por teclados e sintetizadores.

    O autor também é hábil ao sugerir, por meio de uma série de metáforas, a essência do personagem principal. Isso é particularmente notado numa cena de extrema violência – sempre filmada de maneira direta e seca – dentro de um elevador. Nela, após um ato violento – motivado inteiramente por um instinto de autodefesa – o motorista permanece no interior, enquanto Irene vai para o lado de fora.

    Assustada com a carnificina que acabou de presenciar, ela se afasta. Em segundos, a porta do elevador os separa. O recado é claro: ambos vivem em mundos separados.

    A metáfora maior, no entanto, está na jaqueta usada pelo piloto. Há a imagem de um escorpião costurado às suas costas. E o diretor propositalmente realiza uma série de closes na figura do artrópode. Calmo e silencioso. Letal quando forçado a agir. Assim é o escorpião. Assim também é o motorista.

    E ainda sobre o escorpião, cabe citar outra metáfora. Esta, no entanto, está ligada a uma velha fábula que talvez já tenham ouvido falar.

    Com uma ou outra variação, a história conta mais ou menos o seguinte: certa vez, um escorpião se aproximou de uma rã (em algumas versões é uma tartaruga) e pediu que ela o levasse ao outro lado de um rio. A rã rejeitou o pedido, argumentando que certamente o escorpião a picaria. O artrópode a tranquilizou, afirmando que jamais faria aquilo, uma vez que, como estaria nas suas costas, e ambos estavam no meio de um rio, se a picasse e ela se afogasse, ele certamente também morreria. Portanto, não fazia sentido que a rã desconfiasse de que ele poderia matá-lo.

    Diante de tamanha lógica, a rã aceita a proposta, coloca o escorpião em suas costas e começa a travessia. No meio do rio, entretanto, para espanto da rã, o escorpião a pica com seu ferrão.

    “Você enlouqueceu?”, pergunta a rã. “Agora eu vou morrer e você, que está nas minhas costas e não sabe nadar, vai se afogar junto comigo”. O escorpião olha para a rã e responde calmamente: “Sinto muito. Esta é a minha natureza”.

    Ambos morrem.

    É justamente uma menção a essa fábula que o motorista usa para dar ao bandido Bernie Rose (Albert Brooks, excelente) a noção exata de sua própria natureza.

    Como as melhores obras de arte, “Drive” está aberta a interpretações. No entanto, as duas principais mensagens transmitidas pelo seu escritor – o filme é uma adaptação do romance homônimo escrito por James Sallis – são bem claras:

    – Paga-se um preço alto por viver por meio de um código.

    – As pessoas podem até fingir para si mesmas e se adaptar às situações por um tempo. Mas, no fim, a sua natureza, a sua verdadeira essência, virá à tona.

    O anti-herói interpretado por Ryan Gosling traduz perfeitamente as afirmações acima.

    No fim, este filme cumpre um papel importantíssimo: dá um belo soco no estômago de todos aqueles que argumentam que “filmes de ação não precisam de conteúdo, argumento ou um bom roteiro”. Argumento muito comum entre os fãs de produções como “Transformers”…

    Assista “Drive” pelo menos 10 vezes para entender que ação e uma história extremamente bem construída e dirigida não precisam – e nem devem – estar dissociados.

    Texto de autoria de Carlos Brito.

  • Anotações na Agenda 08 | Direto de Portugal

    Anotações na Agenda 08 | Direto de Portugal

    Sincronizem suas AgendasFlávio Vieira (@flaviopvieira), Rafael Moreira (@_rmc), Bruno Hecates Gaspar, André Kirano (@kiranomutsu), Jackson Good (@jacksgood) se reúnem para comentar o que aconteceu nas últimas edições dos podcasts. Tudo isso com a participação “luso-portuguesa” da fiel ouvinte Tatiana Freitas (@trfreitaslivre).

    Duração: 71 min
    Edição: Rafael Moreira
    Trilha Sonora: Rafael Moreira

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    Podcast’s comentados na edição

    Anotações na Agenda 07 – Cumprindo Cotas
    Agenda Cultural 34 – Especial: Música e Games
    Agenda Cultural 35 – Especial: Cinema e Teatro
    Agenda Cultural 36 – Especial: Séries, Animes e Mangás
    Agenda Cultural 37 – Especial: Quadrinhos

    Demais Links

    Videocast: Projeção Teste #00
    Música: Site do grupo de Rap M19 (Indicação do ouvinte Frank Castle)
    Clipe: Total Fucking Destruction (Indicação do ouvinte Frank Castle)
    Podcast: Fênix Down sobre Batman Arkham City  

    Playlist da Edição

    5.6.7.8`s – Woo Hoo
    THe Human Beinz – Nobody but me
    R.E.M. – Shiny Happy People
    Mc Mayara – Minha Primeira Vez
    The Revels – Comanche
    B B King & Eric Clapton – Riding With the king
    Gorillaz – Dirty Harry
    Jamiroquai – Deeper Underground
    Jamiroquai – Cosmic Girl
    All Saints – Pure Shores ( Norman Cook Re-Edit)
    Manu Chao – Bongo Bongo
    Lynyrd Skynyrd – Sweet Home Alabama
    Queen – Kind of Magic
    Joe Satriani – Time Machine
    Village People – Macho Man
    Eric Clapton – Travelin` Alone
    Blues Brothers – Shake a tail feather
    Eric Clapton – I shoot the sheriff
    Beach Boys – Love is woman
    Death Cab for Cutie – Codes and Keys
    Harvey Danger – Flagpole Sita

  • [Na Vitrola] A rebeldia inspiradora de Brian Jones

    Os Stones são conhecidos, por muita gente, como a maior banda de rock do mundo. Não por ser a banda mais técnica ou criativa, mas por carregarem o espírito do rock and roll, puro e simples. Bandas como os Stones influenciaram e influenciam movimentos e tendências em todo mundo. Dentro dos Stones existia um cara que exalava transformação, e ele não era o Keith Richards, muito menos Mick Jagger. Estou falando de Brian Jones.

    Se Brian estivesse vivo, hoje ele faria 70 anos. Jones ficou conhecido não apenas por ser o lider dos Stones durante o início da banda, mas também pelo seu comportamento transgressor e autodestrutivo. Sua importância na formação dos Stones é gigantesca, sem ele é impossível conceber que os Stones sequer sobrevivessem aos anos 60.

    Jones sempre foi o melhor e mais versátil músico da banda, aos 10 anos já tocava piano com sua mãe, que era professora. Além do piano, Brian tocava clarinete, executando um concerto de Weber para clarinete aos doze anos. Quando conheceu o jazz, abandonou a música clássica e passou a tocar Sax e aos 15 anos saiu de casa e começou a fazer dinheiro tocando em bares.

    Brian acabou se apaixonando pela guitarra ao ouvir um disco de Muddy Waters, o que acabou motivando o músico a formar uma banda pra tocar este tipo de música. É importante lembrar, que nessa época, Brian já era conhecido como um grande músico, apesar da pouca idade. Em uma dessas apresentações, Brian conheceu Mick e Keith. Keith ficou maluco pela forma como Brian tocava slide guitar, enquanto Brian fica extremamente feliz por encontrar jovens de sua idade com o mesmo interesse musical que ele.

    No entanto, enquanto Mick e Keith ainda moravam com seus pais, Brian já tinha dois filhos com duas mulheres e não era casado com nenhuma delas, havia saido de casa há muito tempo. Tudo isso influenciou o que viria a se tornar os Rolling Stones.

    Algum tempo depois, Brian convida Jagger para tocar com ele, este só aceita se Keith pudesse participar também. A primeira formação oficial da banda era Brian e Keith nas guitarras, Ian Stewart no piano, Tony Chapman na bateria, Dick Taylor no baixo e Jagger nos vocais. A banda foi batizada de ‘Rollin’ Stone’ em homenagem a canção de Muddy Waters, segundo Brian, o nome era uma referência ao trecho “A Rollin’ Stone gathers no moss (pedras que rolam não criam musgo). Daí pra frente a história virou lenda.

    Não quero aqui comentar sobre as maluquices de Brian e seu temperamento violento com os outros e consigo mesmo, e sim relembrar a importância desse músico para a história do Rock and roll, do movimento beatnik e da contracultura. Brian foi genuinamente tudo o que representa (ou representava) o rock and roll. Sem ele os Stones jamais teriam existido. Brian influenciou seus amigos de banda, desde o visual andrógino de Mick à rebeldia de Keith; ditou moda; foi um multi-instrumentista dedicado a novas sonoridades e extremamente versátil; e dono de uma personalidade forte.

    Brian Jones morreu em 03 de julho de 1969 aos 27 anos e até hoje sua morte é rodeada de mistérios e teorias da conspiração, mas como essas bobagens pouco importam para a música, vamos celebrar o que Brian deixou de melhor. Logo abaixo, confira algumas perfomances de Brian.


    The Last Time – Riff clássico de guitarra 


    No Expectations – O slide guitar da faixa é de Brian 


    Under My Thumb – Brian tocando marimba


    Ruby Tuesday – Brian compôs a melodia em um piano e ainda contribuiu com a flauta doce da faixa


    Jumping Jack Flash – Guitarras épicas de Keith e Brian se complementando  


    Paint it Black – Atacando com uma cítara


    Lady Jane – Brian utiliza um dulcimer


    Em um belo solo de slide guitar em Little Red Rooster do blueseiro Howlin’ Wolf


    Dear Doctor – Contribuição com a bela gaita que se ouve na faixa


    Brian toca guitarra e mellotron em She’s a Rainbow. Além disso, os backing vocals são de ninguém menos que Lennon e McCartney, com um arranjo de cordas de John Paul Jones 


    Brian toca saxophone em ‘You Know My Name’ dos Beatles 

  • Review | Hellsing

    Review | Hellsing

    hellsing-tv-movie-posterCriado pelo Mangaká Kouta Hirano em 1997 e adaptada para anime em 2001 pela GONZO. Hellsing conta a história de uma organização paramilitar que tem como objetivo proteger a Inglaterra de forças sobrenaturais.

    A Organização fundada por Abranham Van Hellsing há mais de 100 anos, atualmente é comandada por Integra Wingates Hellsing. Entre seus subordinados estão o mordomo e ex-combatente Walter, a novata Celes Victoria e o poderoso vampiro Alucard, este descoberto por Integra, que o desperta do seu sono. Apesar de todos os três serem vampiros, eles servem a Inglaterra e a família Hellsing.

    A estória começa com a jovem policial Celes Victoria investigando alguns assaltos em uma floresta, junto com sua equipe. Seu grupo é atacado por uma espécie de vampiro e ela é a unica a sobreviver, sendo salva pelo também vampiro, Alucard. Selas é mordida pelo mesmo e a partir daí começa a trabalhar para Integra Wingates Hellsing.

    O Anime, apesar de curto, foi muito bem aceito no Brasil. Por ter cenas violentas e abordando um tema utilizado hoje em dia e de modo atual, conseguiu prender o público jovem. O diferencial de Hellsing são as mortes detalhadas, onde podemos ver sangue, tortura e massacre.

    O Enredo sanguinário chamou tanta atenção, que poucas pessoas ligaram ao estilo do traço do anime. Personagens importantes com Integra e Celas, são mal desenhadas e isso acaba incomodando um pouco, principalmente para aqueles, que apreciam os detalhes.

    Hellsing deixou muitas perguntas, que os 13 episódios e 5 ovas não conseguiram responder, e esse foi o ponto negativo do anime. Se você quer origens de personagens, explicações sobre o envolvimento da organização e do vaticano, detalhes dos vilões, esqueça, você irá perder seu tempo. Apesar do grande enredo, o anime deixou muitos furos. Deixando de lado os detalhes, para quem quer sangue, boas lutas e muito mistério, esse é o anime certo.

    Texto de autoria de Jean Dangelo.

  • Oscar 2012 | Indicados e Ganhadores da Premiação

    Oscar 2012 | Indicados e Ganhadores da Premiação

    Melhor Filme

    O Artista (vencedor)
    Os Descendentes
    A Árvore da Vida
    Histórias Cruzadas
    A Invenção de Hugo Cabret
    O Homem Que Mudou o Jogo
    Cavalo de Guerra
    Meia-Noite em Paris
    Tão Perto e Tão Forte

    Melhor Atriz

    Meryl Streep, A Dama de Ferro (vencedora)
    Glenn Close, Albert Nobbs
    Viola Davis, Histórias Cruzadas
    Rooney Mara, Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
    Michelle Williams, Sete Dias com Marilyn

    Melhor Ator

    Jean Dujardin, O Artista (vencedor)
    George Clooney, Os Descendentes
    Brad Pitt, O Homem Que Mudou o Jogo
    Demián Bichir, Uma Vida Melhor
    Gary Oldman, O Espião que Sabia Demais

    Melhor Diretor

    Michel Hazanivicous, O Artista (vencedor)
    Woody Allen, Meia-Noite em Paris
    Terrence Malick, A Árvore da Vida
    Alexander Payne, Os Descendentes
    Martin Scorsese, A Invenção de Hugo Cabret

    Melhor Atriz Coadjuvante

    Octavia Spencer, Histórias Cruzadas (vencedora)
    Bérénice Bejo, O Artista
    Jessica Chastain, Histórias Cruzadas
    Janet McTeer, Albert Nobbs
    Melissa McCarthy, Missão Madrinha de Casamento

    Melhor Ator Coadjuvante

    Christopher Plummer, Toda Forma de Amor (vencedor)
    Kenneth Branagh, Sete Dias com Marilyn
    Nick Nolte, Guerreiro
    Max Von Sidow, Tão Perto e Tão Forte
    Jonah Hill, O Homem Que Mudou o Jogo

    Melhor Roteiro Adaptado

    Os Descendentes, Alexander PayneNat Faxon e Jim Rash (vencedor)
    A Invenção de Hugo Cabret, John Logan
    Tudo pelo Poder, George ClooneyGrant Heslov e Beau Willimon
    O Espião que Sabia Demais, Bridget O’Connor e Peter Straughan
    O Homem Que Mudou o Jogo, Steven Zaillian, Aaron Sorkin e Stan Chervin

    Melhor Roteiro Original

    Meia-Noite em Paris, Woody Allen (vencedor)
    O Artista, Michel Hazanavicius
    Margin Call: O Dia Antes do Fim, J.C. Chandor
    Missão Madrinha de Casamento, Kristen Wiig e Annie Mumolo
    A Separação, Asghar Farhadi

    Melhor Filme Estrangeiro

    A Separação (Irã – vencedor)
    Bullhead (Bélgica)
    Monsieur Lazhar (Canadá)
    Footnote (Israel)
    In Darkness (Polônia)

    Melhor Documentário

    Undefeated (vencedor)
    Hell and Back Again
    If a Tree Falls
    Paradise Lost 3: Purgatory
    Pina

    Melhor Edição

    Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (vencedor)
    Os Descendentes
    O Artista
    O Homem Que Mudou o Jogo
    A Invenção de Hugo Cabret

    Melhor Fotografia

    A Invenção de Hugo Cabret, Robert Richardson (vencedor)
    Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres, Jeff Cronenweth
    O Artista, Guillaume Schiffman
    A Árvore da Vida, Emmanuel Lubezki
    Cavalo de Guerra, Janusz Kaminski

    Melhor Maquiagem e Cabelo

    A Dama de Ferro (vencedor)
    Albert Nobbs
    Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2

    Melhor Mixagem de Som

    A Invenção de Hugo Cabret (vencedor)
    Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
    Cavalo de Guerra
    Transformers: O Lado Oculto da Lua
    O Homem Que Mudou o Jogo

    Melhor Edição de Som

    A Invenção de Hugo Cabret (vencedor)
    Drive
    Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
    Cavalo de Guerra
    Transformers: O Lado Oculto da Lua

    Melhor Figurino

    O Artista (vencedor)
    Anônimo
    A Invenção de Hugo Cabret
    Jane Eyre
    W.E. – O Romance do Século

    Melhor Canção Original

    Man or Muppet, Os Muppets (vencedor)
    Real in Rio, Rio

    Melhor Trilha Original

    O Artista, Ludovic Bource (vencedor)
    As Aventuras de Tintim, John Williams
    O Espião que Sabia Demais, Alberto Iglesias
    A Invenção de Hugo Cabret, Howard Shore
    Cavalo de Guerra, John Williams

    Melhor Design de Produção

    A Invenção de Hugo Cabret (vencedor)
    O Artista
    Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2
    Cavalo de Guerra

    Melhor Efeitos Visuais

    A Invenção de Hugo Cabret (vencedor)
    Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2
    Gigantes de Aço
    Planeta dos Macacos: A Origem
    Transformers: O Lado Oculto da Lua

    Melhor Animação

    Rango (vencedor)
    Gato de Botas
    Kung Fu Panda 2
    Um Gato em Paris
    Chico & Rita

    Melhor Curta de Animação

    The Fantastic Flying Books of Mister Morris Lessmore (vencedor)
    Dimanche
    La Luna
    A Morning Stroll
    Wild Life

    Melhor Curta-Metragem

    The Shore (vencedor)
    Pentecost
    Raju
    Time Freak
    Tuba Atlantic

    Melhor Curta-Documentário

    Saving Face (vencedor)
    God is the Bigger Elvis
    The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement
    Incident in New Baghdad
    The Tsunami and the Cherry
    Blossom