Johnny Smith, jovem professor do Maine, (esse deve ser um lugar medonho já que tudo de ruim acontece por lá, que o digam , Stephen King e H. P. Lovecraft ) sofre um acidente de carro e fica anos em coma profundo. Ao acordar, é submetido a exames, rotina comum em casos de pessoas que acordam após um longo período nesta condição, e através destes, descobre que tem lesões cerebrais, também chamadas de zonas mortas, nas quais certas memórias e conhecimentos se perderam. Junto das Zonas Mortas, ele descobre um poder de vidência relacionado ao toque.
Lançado em 1979, Zona Morta é um livro de terror que conta o desenrolar desta estória através de suas páginas. Johnny é um personagem, para quem, inicialmente, você não dá nada. (mesmo após ele descobrir seus poderes). Calmo, sorridente e tudo mais, é muito simplório, mas é esse lado comum que faz com que você se identifique (exceto pelas partes extremamente American Way of Life) e até goste um pouco dele.
O livro não começa na fatídica noite do acidente, na verdade ele nos leva pela infância de nosso protagonista.
A narrativa começa com Johnny simplesmente se divertindo, como qualquer criança americana de 6 anos, no meio da neve (e sem aula), até que sofre um acidente (é atropelado por um adolescente desengonçado com seu carro desgovernado). Ele desmaia e alguém vai acudi-lo, ao acordar ele fala algo em tom gutural, “não ligue mais”. Palavras esquecidas, até que quem o estava segurando na hora tem um problema com a bateria do carro e ao ligá-la em outra, explode.
Em alguns pontos, o autor não segue somente a vida de Johnny Smith, ele nos apresenta à vida de Greg Stillson. Stephen King constrói a visão do protagonista e de seu antagonista mostrando a evolução destes, com enfoque privilegiado no antagonista.
Greg Stillson, em um primeiro momento, com 22 anos e vendedor de bíblias (se fosse brasileiro, estaria vendendo a Barsa), um homem corpulento que em sua primeira cena já começa a ser trabalhado como “o cara mal” ao matar o cão de guarda de uma fazenda para a qual ia vender suas bíblias. Após matar o canino, foge da cena pensando em grandeza. É assim que se encerra o prólogo, mostrando o inicio do “poder” do protagonista e o mal do antagonista.
O livro realmente começa a nos envolver com “A Roda da Fortuna” em que mostra o que a maioria dos médiuns deveria fazer, Johnny vai a uma dessas feiras com sua namorada Sarah Bracknell, aposta usando seu poder e vai ganhando bastante dinheiro neste jogo, porém o jogo acontece na mesma noite do acidente que o deixa em coma.
Zona Morta, é uma história sensacional de um cara comum se tornando um médium acidentalmente e a repercussão deste fato na mídia e em tudo mais a sua volta. O autor nos leva através desta saga, e além disso, coloca um conflito, que só surge ao final, entre Johnny e Stillson. Uma das coisas que eu gosto em livros é a curva de evolução, e este cumpre bem isso. Stephen King apresenta gradativamente o que deve, te dá várias pontas e quando você já sabe de tudo ele te dá um clímax e amarra todo o enredo. Os personagens também são sensacionais e extremamente bem construídos, com uma constante evolução e mudança de motivações.
Dead Zone é um livro tão bom que conseguiu fugir a uma das maldições de Stephen King, adaptações ruins de cinema (que o diga Christine – o carro assassino), o livro foi adaptado virando “Na Hora da Zona Morta”, sucesso em crítica e é dito como uma das melhores adaptações do King (acho que deve perder de A Espera de um Milagre).
Não contente com um livro e um filme de sucesso, Dead Zone virou uma serie recente de TV, que no Brasil veio como “O Vidente” (mais um grande sucesso das traduções/adaptações brasileiras de nomes). Porém, a serie não foi assim tão bem recepcionada, tendo uma vida curta de 6 temporadas, de 2002 a 2007, quando foi cancelada sem um final conclusivo.
Considerações finais são que esta obra não só vale extremamente a pena como é um dos meus prediletos. O nome Stephen King, por si só, já é um peso a se considerar. E se você ainda não leu nada de SK , comece por Zona Morta, não haverá arrependimento. Texto bem trabalhado, personagens carismáticos e história empolgante.
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Texto de autoria de André Kirano.
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