Dentro do universo criativo dos roteiristas da Marvel Comics, a linha What If… batizada no Brasil como O Que Aconteceria Se…, desenvolve pequenos exercícios narrativos envolvendo possibilidades em cenários variados. Ou seja, uma maneira de apresentar ao leitor outras visões de um acontecimento em edições especiais.
Antes de migrar para as revistas dos mutantes, A Era de Ultron foi a última grande saga de Brian Michael Bendis envolvendo a maioria dos heróis do estúdio, principalmente Os Vingadores. Mesmo considerada uma história dentro do universo, devido ao paradoxo fluxo-temporal a história é mais próxima deste exercício de possibilidades do que mais uma das diversas sagas lançadas em sequência ininterrupta.
Lançada pela Panini Comics em edição de capa dura, A Era de Ultron – Futuros Alternativos é um complemento imaginativo da saga original reunindo, dentro da linha O Que Aconteceria Se… cinco trama fechadas estudando eventos possíveis que culminariam no domínio de Ultron se não houvesse a existência deste ou daquele herói, como revelado na descrição da edição. “Num mundo sem a Vespa, Hank Pym criou um Ultron ainda mais terrível do que aquele que conhecemos! Sem o Homem de Ferro, a Guerra das Armaduras arrasaria o planeta até o Homem-Aranha formar um Quarteto Fantástico para sair em busca de uma arma esquecida! Sem Thor, o Ragnarok elimina todos os superseres – deixando apenas Nick Fury e seus aliados sem poderes para enfrentar a Serpente de Midgard! Sem o Capitão América, os Estados Unidos perdem seu espírito de luta – até que uma cabala secreta usa Frank Castle para recriar uma lenda!”]
Focado nestes personagens, cada um é retirado do contexto devido a um acontecimento específico para que uma nova linha temporal alternativa surja, ainda que o enfoque seja o mesmo da Era de Ultron: buscar soluções para acabar com o controle do vilão robótico. Algumas narrativas fogem do tema para demonstrar como, em geral, o universo seria diferente sem a presença de alguns heróis, não necessariamente focando na dominação de Ultron.
A execução de histórias possíveis é um argumento interessante como exercício imaginativo. Uma vertente que produziu poucas histórias mas que sempre foi explorado pelo estúdio e também sempre presente em mixes de edições mensais no Brasil. Devido a brevidade de uma trama fechada a cada edição, as histórias são ágeis e se estruturam rapidamente para que tenha inicio, meio e fim a cada arco. São suficientemente boas para uma leitura, mas não definitivas ou interessantes o bastante para se tornar um item obrigatório. Se a saga original recebeu críticas por conta de seu desfecho, os futuros possíveis parecem argumentos alternativos e prováveis surgidos em reuniões ao desenvolver a história principal e realocados como sugestões de histórias What If… para promover maiores vendas.