Bárbara é uma jovem estudante aficionada por RPG. Seu comportamento antissocial, somado às peculiares orelhinhas falsas, tornam Bárbara a típica esquisitona da região. Apesar do comportamento recluso, a garota tem personalidade forte e afirma com todas as letras que é uma matadora de gigantes. Assim começa Eu Mato Gigantes, escrito por Joe Kelly (X-Men, Deadpool, Liga da Justiça) e desenhado por JM Ken Niimura (Academia Gotham, Homem-Aranha).
É altamente recomendável que você leia este quadrinho com o mínimo de informações possível. O objetivo desta resenha é justamente isso: te dar um mínimo de informações para despertar seu interesse (ou não) pela obra.
O estilo visual trazido por Niimura é interessante. Traços simples, quase rabiscos em alguns quadros, alternam com cenas intensamente detalhadas. Toda a arte é feita em preto e branco, sendo colorida apenas com tons de cinza. A leitura se torna fluida e até esquecemos que a obra não possui outras cores. Méritos também do bom roteiro de Kelly, que é o ponto forte da obra.
Bárbara causa sentimentos diversos ao leitor. Em alguns momentos, se mostra quase uma sociopata arrogante, cabeça quente e desajustada. E momentos depois, estamos rindo dela e com ela, torcendo para que dê tudo certo. Afinal, é apenas uma criança.
OK, a revista se chama Eu Mato Gigantes. Temos aqui uma obra de fantasia? Sim e não. Bárbara vive no presente, mas é viciada em Dungeons & Dragons, o famoso RPG de mesa. Ao longo da história, ela se imagina rodeada de criaturas míticas e alimenta a ideia de que é matadora de gigantes. Isso tornaria a história banal se não fosse as ótimas sacadas de Kelly. Ele cria uma alegoria para que Bárbara, literalmente, fuja da realidade, algo bastante comum entre as crianças. Quem nunca se imaginou em um mundo de fantasia, seja lutando contra monstros ou viajando por lugares fantásticos? Kelly brinca com essas fantasias infantis para criar uma história reflexiva sobre assuntos bem profundos.
É satisfatório ler algo como Eu Mato Gigantes. Apesar de ser uma história simples, é muito bem trabalhada dentro de sua simplicidade. Diversos leitores poderão se identificar com a jovem Bárbara em diversos aspectos, e não somente por ela ser nerd. Sua aparência esguia, com óculos enormes e as famigeradas orelhinhas aleatórias dão muito carisma à pequena matadora de gigantes. Não espere uma fantasia medieval, e sim uma história que, apesar dos elementos fantásticos da narrativa, é mais real do que nunca. Um belo lançamento da NewPOP Editora em volume único, formato grande e papel brilhoso de excelente qualidade.
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