Faça um jovem apático se apaixonar por fazer algo e depois faça ele ser tão bom nisso até deixar de fazer graça. Esse é o meu resumo da história de One-Punch Man, mangá publicado pela Editora Panini no Brasil. Nele você acompanha a história de Saitama, que buscava ser um típico salaryman japonês até descobrir que ser um herói pudesse despertar algum desejo de viver em alguém que já tinha “perdido o brilho no olhar”. O grande problema é que depois de um tempo ele passa a derrotar todos seus inimigos com um soco, de onde vem o nome da série.
A autoria acaba sendo dividida entre duas figuras peculiares e por um motivo igualmente peculiar. Quem criou a história e fez os primeiros desenhos da série foi o mangaká conhecido como One, que a publica pela internet desde 2009. Mas a diferença de qualidade entre o roteiro bem escrito e os desenhos do artista amador fizeram com que Yusuke Murata, desenhista que trabalha profissionalmente desde os seus 16 anos, recriasse a obra, adicionando os seus traços detalhistas e extremamente bem feitos. O efeito criado é de uma alternância entre o estilo simples original com os detalhes típicos de mangás grandes, amplificando a principal característica do mangá: o humor.
One-Punch Man é uma paródia com shonens, o estilo típico e muito conhecido de mangás (Naruto e Dragon Ball Z podem ser dois exemplos bem conhecidos) e cumpre esse papel de uma maneira primorosa. As quebras de expectativa estão presentes tanto nos diálogos quanto nos desenhos, seja do Saitama com traços simples no meio de uma batalha que seria considerada importante, ou por ele se preocupar mais com esquecer de tirar o lixo do que com um monstro gigante na sua frente. O personagem principal é uma figura à parte e também traz essas camadas de humor, sendo desligado do mundo ao seu redor e fugindo dos estereótipos associados aos protagonistas do gênero, sendo preguiçoso e desmotivado, além de estar no pico do seu poder, não passando pelas típicas sessões de treinamento.
A edição publicada traz um material de ótima qualidade. O papel não deixa que as imagens vazem de uma folha para outra, preservando efeitos de sombra e luz presentes nas páginas. Já a capa é de um material mais fosco e resistente, preservando as cores e dando uma pegada mais firme, diferente do formato brilhante e escorregadio típico da produção de mangás por aqui, contando ainda com orelhas. O tom leve e divertido faz de One-Punch Man uma leitura ideal para todos os momentos.