Tag: One Punch Man

  • Review | One Punch Man – 1ª Temporada

    Review | One Punch Man – 1ª Temporada

    Ser um herói por diversão e desempenhar suas tarefas é a motivação e sina de Saitama, o personagem principal da cômica e desmedida história de One-Punch Man. Adaptada pelo ótimo estúdio Madhouse, o sucesso do mangá de Yusuke Murata, responsável pela arte e ONE, autor da webcomic original, de onde o roteiro foi tirado. Saitama é um jovem trabalhador, que após salvar um garoto de aparência bastante pitoresca das literais garras de um vilão em forma de caranguejo, começa a refletir na noção de agir pelo bem e por justiça.

    Saitama então começa seu insano treino por três anos, consistindo em fazer diariamente 100 agachamentos, 100 flexões, 100 abdominais e correr por 10 km, ganhando uma força descomunal após finalizar, derrotando seus oponentes com apenas um soco, sendo sugestivo ao título. Entretanto, acaba perdendo seu cabelo e sua sensibilidade emocional, o que faz o iniciante herói refletir sobre o seu papel e seu distanciamento da realidade. Quando o ciborgue Genos pede para ser seu discípulo e os outros heróis aparecem no decorrer a história, Saitama compreende sobre avançar na sua ocupação, melhorando seus laços e se licenciando na Associação de Heróis na tentativa de ganhar reconhecimento e achar algo que faça valer todo o poder que tem.

    Sendo uma grande sátira aos famosos animes de porrada e quadrinhos em geral, o anime conta com uma carga enorme de comédia, com piadas pastelão na dose certa, que foca exatamente nos devaneios e reflexões do Saitama sobre o recorte do seu cotidiano. A caricatura do personagem, seu visual simplista, bastante próximo ao traço da webcomic, ganha uma aura séria nos momentos de salvador, com direito a trilha sonora arrojada, curiosamente se importando mais com seus afazeres domésticos, quando entra em combate contra ameaças de monstros, organizações secretas do mal, meteoros, invasão alienígena e tudo que se pode pensar em um script de herói.

    O ambiente e o design são tratados e focados de modo estereotipado, com cidades nomeadas por letras, como a esquisita Cidade Z que Saitama reside, prédios e ruas feitos inteiramente para serem destruídos durante a ação, mortes e poderes exagerados e uma equipe de elite. Personagens, do herói ao vilão, com seus uniformes das mais variadas estéticas e aspirações, fazendo referência a tudo que já se viu na cultura pop, de Bruce Lee a Chapolin Colorado, da cultura japonesa dos yankii aos samurais, dos estilosos, como o próprio Genos com seus braços biônicos e Amai Mask com seus traços suaves de astro, aos mais ridículos, como Tanktop Master e seus subordinados, que são marombados que usam regata ou o grupo de carecas que se rebelam contra o capitalismo, gerando um pânico na população e causando confusão com o protagonista.

    No entanto, a obra cumpre um propósito estrutural, utilizando bem os elementos da narrativa. Aproveitando tanto a crítica ao clichê de heróis, ao mesmo tempo em que exerce um ótimo entretenimento de ação, para que o anime não caia na monotonia, criando uma expectativa na próxima ameaça a surgir e de como irá ser a reação do Saitama. Focando também na evolução dos personagens secundários, mostrando suas cargas dramáticas, como eles interpretam a função de fazer o bem, como Genos e o ninja anti-herói Sonic, na busca incessante por mais poder, um querendo cumprir melhor sua tarefa e o outro ansiando por um jeito de derrotar o protagonista. Até mesmo os heróis mais fracos, a exemplo do Cavaleiro sem Licença, que mesmo com suas limitações, faz de tudo para salvar os cidadãos em perigo e tentar se provar.

    Ao longo dos 12 episódios da primeira temporada, disponíveis na Netflix com uma ótima dublagem brasileira, Saitama não enfrenta somente vários tipos de vilões, mas principalmente anseia pelo momento que ele poderá fazer com que seu treino compense e que possa demonstrar seu potencial, indo além do único soco. Assim, One-Punch Man faz jus ao seu grande sucesso, com cenas de ação de fazerem inveja, graças à competência da companhia Madhouse e pela forma como brinca com os conceitos de animes e mangás japoneses, demostrando basicamente passo a passo a jornada do herói, de um modo nada convencional.

    Texto de autoria de Wedson Correia.

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  • Resenha | One-Punch Man

    Resenha | One-Punch Man

    Faça um jovem apático se apaixonar por fazer algo e depois faça ele ser tão bom nisso até deixar de fazer graça. Esse é o meu resumo da história de One-Punch Man, mangá publicado pela Editora Panini no Brasil. Nele você acompanha a história de Saitama, que buscava ser um típico salaryman japonês até descobrir que ser um herói pudesse despertar algum desejo de viver em alguém que já tinha “perdido o brilho no olhar”. O grande problema é que depois de um tempo ele passa a derrotar todos seus inimigos com um soco, de onde vem o nome da série.

    A autoria acaba sendo dividida entre duas figuras peculiares e por um motivo igualmente peculiar. Quem criou a história e fez os primeiros desenhos da série foi o mangaká conhecido como One, que a publica pela internet desde 2009. Mas a diferença de qualidade entre o roteiro bem escrito e os desenhos do artista amador fizeram com que Yusuke Murata, desenhista que trabalha profissionalmente desde os seus 16 anos, recriasse a obra, adicionando os seus traços detalhistas e extremamente bem feitos. O efeito criado é de uma alternância entre o estilo simples original com os detalhes típicos de mangás grandes, amplificando a principal característica do mangá: o humor.

    One-Punch Man é uma paródia com shonens, o estilo típico e muito conhecido de mangás (Naruto e Dragon Ball Z podem ser dois exemplos bem conhecidos) e cumpre esse papel de uma maneira primorosa. As quebras de expectativa estão presentes tanto nos diálogos quanto nos desenhos, seja do Saitama com traços simples no meio de uma batalha que seria considerada importante, ou por ele se preocupar mais com esquecer de tirar o lixo do que com um monstro gigante na sua frente. O personagem principal é uma figura à parte e também traz essas camadas de humor,  sendo desligado do mundo ao seu redor e fugindo dos estereótipos associados aos protagonistas do gênero, sendo preguiçoso e desmotivado, além de estar no pico do seu poder, não passando pelas típicas sessões de treinamento.

    A edição publicada traz um material de ótima qualidade. O papel não deixa que as imagens vazem de uma folha para outra, preservando efeitos de sombra e luz presentes nas páginas. Já a capa é de um material mais fosco e resistente, preservando as cores e dando uma pegada mais firme, diferente do formato brilhante e escorregadio típico da produção de mangás por aqui, contando ainda com orelhas. O tom leve e divertido faz de One-Punch Man uma leitura ideal para todos os momentos.

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  • VortCast 44 | Piores Filmes de 2016

    VortCast 44 | Piores Filmes de 2016

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Jackson Good (@jacksgood), Bruno GasparFilipe Pereira, Bernardo Mazzei e Rafael Moreira (@_rmc) se reúnem para comentar sobre os piores filmes lançados em 2016 no Brasil.

    Duração: 85 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    Promoção One Punch Man

    Comente no post desta edição e concorra ao primeiro exemplar de One-Punch Man, publicado pela Panini Comics.

    Piores Filmes de 2016

    Crítica Assassino a Preço Fixo 2: A Ressurreição
    Crítica Tirando o Atraso
    Crítica Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos
    Crítica A Garota Dinamarquesa
    Crítica Porta dos Fundos: Contrato Vitalício
    Crítica Os Dez Mandamentos – O Filme
    Crítica Deuses do Egito
    Crítica Batman vs Superman: A Origem da Justiça
    Crítica X-Men: Apocalipse
    Crítica Esquadrão Suicida

    Comentados nesta edição

    Lista de Piores Filmes de 2016
    VortCast 38: Melhores Filmes de 2015

  • Melhores Animes de 2015

    Melhores Animes de 2015

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    E 2015 acabou. Foi um bom ano, embora tenha sido marcado por algumas decepções. A principal delas foi ver uma obra-prima como O Conto da Princesa Kaguya, a última pedra na grande edificação que foi a carreira de Isao Takahata, ser preteria no Oscar em favor de algo tão medíocre como Operação Big Hero. A falência do Manglobe, estúdio responsável por algumas das séries mais interessantes da década passada, tendo realizado não só meu anime predileto, Samurai Champloo, mas também outros grandes títulos como Ergo Proxy e Michiko & Hatchin, também foi uma notícia recebida com particular tristeza. Além disso, a ocasional derrocada de programas que se mostravam promissores em seus primeiros episódios, como The Rolling Girls e Yoru no Yatterman, acabaram deixando um gosto amargo.

    Mas esse é um post para falar de coisa boa. E, pondo tudo na balança, 2015 proporcionou mais experiências boas do que más. Então, sem ficar enrolando muito, vou tentar demonstrar o porquê reúno nessa lista aqueles que acredito terem sido os destaques da animação televisiva japonesa no ano que passou:

    10. Fate/stay night: Unlimited Blade Works 2nd Season

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    O Ufotable viu seu status de estúdio praticamente infalível sofrer uma drastica alteração em 2015, ano em que a companhia se viu envolvida com a adaptação do jogo Gods Eater, uma produção desastrosa que, após diversos atrasos e adiamentos na entrega de episódios, teve sua exibição interrompida antes da conclusão da série. Porém, ainda que tenha encarrado um fracasso sem precedentes em sua história, o estúdio ainda detém as propriedades que o fizeram um dos mais competentes do Japão, e a segunda temporada de Fate/stay night: Unlimited Blade Works é prova disso.

    Exibidos entre abril e junho, os 13 episódios que concluem a história da 5º Guerra do Santo Graal mantêm a mesma qualidade técnica apresentada na temporada anterior, fazendo uso da combinação dinâmica de animação tradicional e efeitos em CGI, maior característica do Ufotable, para criar cenas que traduzem para a tela a grandiosidade das batalhas concebidas por Kinoko Nasu em sua visual novelnovel que promete render ainda muita alegria para os fãs, vide que um novo projeto, desta vez um longa-metragem baseado na rota Heaven’s Feel, já foi anunciado. Apesar de estar impregnado por momentos de comédia romântica pra lá de dispensáveis, esse anime dirigido por Takahiro Miura vale o tempo nele investido.

    9. Noragami Aragoto

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    Se eu tivesse que apontar uma surpresa nessa lista, certamente seria essa segunda temporada de Noragami, talvez não pelas qualidades intrínsecas da obra, e sim pelas inevitáveis comparações que se faz entre esse apanhado de 13 episódios e o anterior. Se postas lado a lado, Aragoto é, sem dúvida alguma, uma série melhor realizada que sua predecessora, que, ainda que vista com boa vontade, dificilmente seria colocada acima da linha da mediocridade.

    Mas ao que se deve essa evolução? Não houve nenhuma mudança significativa na equipe responsável pelo projeto: o diretor continua a ser o ainda inexperiente Koutarou Tamura, ao passo que os mais do que famosos Toshihiro Kawamoto (Cowboy Bebop; Wolf’s Rain) e Taku Iwasaki (Soul Eater; Tengen Toppa Gurren Lagann) são responsáveis pelo character design e pela trilha sonora, respectivamente. Se um fator foi determinante para esse aumento qualitativo, parece-me ter sido a maior fidelidade ao material original, pois, se a primeira temporada tomou grandes liberdades em relação a este, chegando a inserir todo um arco inteiramente filler, a continuação foi pelo caminho oposto, adaptando de modo bastante respeitoso cerca de cinco volumes do mangá de Toka Adachi, publicado na Shounen Magazine. Um shonen bastante típico sobre deuses da mitologia japonesa em um contexto urbano, protagonizado por Yato, uma entidade quase desconhecida cujo objetivo é angariar seguidores através da realização de pequenos trabalhos, enquanto tenta se desvencilhar de um passado sombrio, Noragami é um anime que dificilmente mudará a sua vida, mas que, dosando bem ação e drama, certamente consegue proporcionar algumas horas de diversão.

    8. JoJo’s Bizarre Adventure: Stardust Crusaders – Egypt Arc

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    E falando em continuação que superam a temporada anterior! Curioso notar que, logo no primeiro episódio desse Arco do Egito, inadvertidamente um novo personagem se junta à equipe que vínhamos acompanhando até então, fato que, embora pareça trivial, serve para dar o tom dos 24 episódios que se sucedem: novas dinâmicas, novos poderes e novos inimigos são tudo que nossos heróis (e o público que os acompanha) encontrarão até o fim de sua jornada, cujo objetivo é derrotar Dio Brando, vilão que, potencializado pelo revival que a série vive, vem se firmando também no imaginário das novas gerações como um dos mais icônicos personagens já criados em terras nipônicas.

    E chegar ao final desse anime é, de fato, como chegar ao final de uma grande jornada, que em seus momentos finais, sobretudo no derradeiro confronto contra Dio, compensa o espectador por todos os prejuízos inicialmente causados por uma estrutura episódica demais. Ao longo dos 48 episódios que compõem Stardust Crusaders talvez tenha havido mais inimigos da semana do que necessário, mas é somente ao passar por todos eles, e por toda a ação, humor e drama por eles engendrados, que o verdadeiro sentido dessa experiência pode ser apreendido. É difícil definir o que torna as histórias do mangaká Hirohiko Araki tão marcantes. Talvez seja sua facilidade de criar poderes e situações engenhosas, sua veia cômica ou sua falta de reserva em matar os carismáticos personagens de sua autoria. Talvez seja uma combinação de todas esses elementos. Seja o que for, esse algo especial foi captado e transportado para a animação do estúdio David Production, que, ouvindo aos apelos e a resposta comercial do público, já anunciou para abril de 2016 o inicio da Parte 4 de JoJo’s Bizarre Adventure. E que venham muitas outras.

    7. Death Parade

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    Yuzuru Tachikawa chamou a atenção da indústria em 2013, quando criou Death Billiards, um dos curtas-metragens concebidos para o Young Animator Training Project’s Anime Mirai (projeto do governo japonês que visa incentivar novos talentos no meio da animação, que é, afinal, um dos patrimônios culturais do país) daquele ano. A ideia tida pelo novato foi das mais interessantes: um além-vida em que pessoas recém-falecidas, ainda não cientes desse fato, são levadas a participar de jogos nos quais, sendo forçadas a encarrar o sentido último de suas vidas, acabam por decidir que caminho seguirão após a morte. E de janeiro a março de 2015 ele teve a chance de desenvolver mais a fundo esse conceito em uma série de 13 episódios, produzida pelo estúdio Madhouse.

    Como diretor e principal roteirista, Tachikawa optou por manter a estrutura episódica estabelecida no curta que deu origem a série, decisão que dividiu público e crítica por conta da oscilante qualidade dos capítulos e do pouco tempo voltado para desenrolar o plot central. Mas, apesar de alguns episódios fracos, a temática e alguns momentos verdadeiramente tocantes por ela trazidos (com destaque para a cena de patinação do 11º, linda  e não apenas contextual, mas também tecnicamente, graças ao trabalho dos animadores Takashi Kojima e Izumi Murakami), garantem o lugar da série entre os destaques do ano.

    6. Durarara!!x2 Shou & Durarara!!x2 Ten

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    Um dos, senão o melhor anime de 2010, Durarara!! esperou mais que o necessário por uma continuação, mas esta, quando finalmente confirmada no final de 2014, apresentou um formato um tanto ambicioso: estando dividido em três cours, cada qual com 12 episódios, a serem exibidos de forma espaçada entre janeiro de 2015 e março de 2016, o projeto se propunha a completar a adaptação da primeira parte da grande série de light novels de Ryohgo Narita.

    E, apesar de uma resposta comercial aquém do esperado e de uma produção visivelmente atrapalhada, que resultou em mudanças questionáveis no character design dos personagens e em episódios de péssima qualidade técnica, as duas primeiras etapas desse projeto, que recebem os subtítulos Shou e Ten, souberam explorar o grande atrativo da série: sua narrativa labiríntica, destituída de protagonistas, que, ao envolver dezenas de personagens em conflitos que vão desde violência urbana entre gangues a incidentes sobrenaturais, consegue construir um fascinante universo cujos astros parecem orbitar em torno do bairro de Ikebukuro. Sem grandes mudanças no time de produção que ainda é comandado por Takahiro Omori, o ás do estúdio Brains Base, Durarara!! talvez tenha sido a melhor continuação do ano passado. O que, em uma lista na qual 5 dos 10 títulos selecionados são, justamente, continuações, quer dizer alguma coisa.

    5. Hibike! Euphonium

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    Quando se aborda o processo de animação como um todo, desde a concepção dos storyboards até a composição final vista em tela, o Kyoto Animation não parece ter concorrente à altura na atual indústria dos animes. Ainda que muitas de suas séries me desagradem, o esmero com que cada uma delas é produzida se mostra quase palpável ao espectador, e isso não é diferente em Hibike! Euphonium.

    Tratando de uma banda escolar disfuncional que precisa se reestruturar e consolidar uma unidade a fim de lutar para chegar à competição nacional de clubes, o anime, embora conte com um roteiro interessante o bastante para manter-nos entretidos ao longo de seus 13 capítulos, só mostra sua verdadeira força nos detalhes técnicos: a animação realística e meticulosamente estudada de performances musicais, o uso feliz de filtros e lindo trabalho de coloração, somados a cenários 3D de uma qualidade poucas vezes vistas em produções televisivas, entre outros fatores que puderam ser observados não em momentos isolados, mas em todos os seus episódios, fazem desta a mais bem-acabada produção do ano.

    4. Osomatsu-san

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    Ainda que tenha contado com alguns concorrentes dignos, como a terceira e última temporada de Working, a grande comédia de 2015 certamente foi Osomatsu-san. Dando nova roupagem a um título que, criado pelo mangaká Fujio Akatsuka nos anos 1960, já contou com várias outras releituras, essa série comemorativa produzida pelo Studio Pierrot, além de celebrar o octogenário de Akatsuka, falecido em 2008, também apresenta o público à versão mais satírica, mais autoconsciente e, possivelmente, mais engraçada dos personagens por ele criados.

    Apresentando seu humor através de esquetes relativamente longas (embora a quantidade varie, um episódio dificilmente conta com mais do que cinco delas, sendo que alguns possuem apenas duas), o programa gira em torno dos gêmeos sêxtuplos da família Matsu, que, caricaturais em suas personalidades opostas, por diversas vezes revelam estar conscientes de sua existência como personagens de anime, fazendo comentários sobre a indústria atual e sobre suas encarnações pregressas. Entretanto, ainda que a metalinguagem seja um grande atrativo, a ótima dinâmica entre o sexteto e seu elenco de apoio e o ritmo frenético do anime já o tornariam altamente recomendável.

    3. One Punch Man

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    Um hit. One Punch Man saiu do nicho e se tornou o anime mais comentado dos últimos anos, conseguindo, por sua temática, atrair certas parcelas do público como os fãs mais ferrenhos de quadrinhos que tendem a olhar torto para produtos vindos do Japão. Balanceando comédia escrachada e ação explosiva, as aventuras de Saitama, um homem capaz de derrotar qualquer inimigo com um único soco e que tem como hobby atuar como super-herói tomaram o mundo de assalto.

    E se 2014 Shingo Natsume foi, ao lado de Shinichiro Watanabe, o responsável por Space Dandy, a série que mais forçou os limites da animação naquele ano, em 2015 ele alçou voo solo e se mostrou capaz de repetir a façanha mesmo sem o auxílio de um diretor veterano, consolidando-se como um dos mais prodigiosos expoentes de uma nova leva de realizadores. Ação. Ação. Ação desenfreada. One Punch Man, embora não tão polido quanto Hibike! Euphonium, ostenta as sequências mais bem animadas do ano passado, realizadas por profissionais que vão desde mestres da animação tradicional até talentos da geração digital, que condensam o que há de melhor na tradição do anime enquanto apontam para seu futuro. Um obra indicada para praticamente todos os públicos, cujo mangá será lançado em breve em nossas bancas pela editora Panini.

    2. Owarimonogatari

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    A verborragia e a forte identidade visual que marcam os estilos Akiyuki Shinbou e de seu pupilo, Tomoyuki Itamura, em todos os seus prós e contras. Enfim, mais uma peça no grande quebra-cabeças que é a franquia Monogatari. Sendo que o curioso é que, embora a cada novo arco o anime se torne mais autorreferencial e difícil de ser penetrada por novos espectadores, cada nova história parece ter também o poder de abalar as convicções daqueles que acreditam já estar familiarizados com esse universo. Característica indispensável para uma boa trama de mistério, Owarimonogatari, assim como as demais adaptações da série de light novels de Isin Nisio, sabe guardar para o momento oportuno suas revelações – e, no decorrer de seus 12 episódios, muitas delas acontecem, a ponto de que se torna até difícil falar sobre o anime sem comprometer a experiência. Verdade seja dita, essa é uma série que só interessa àqueles que vêm acompanhando, já a quase 7 anos, essa longa jornada, que irá continuar em 2016 com Koyomimonogatari e com a trilogia de filmes de Kizumonogatari. É restritivo? Sim. É mais do mesmo? Sem dúvida.  Mas quando o mesmo de sempre é assim tão bom, não vejo por que reclamar.

    1. Kekkai Sensen

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    2015 foi um ano em que realizadores de uma nova safra, como Yuzuru Tachikawa e Shingo Natsume, mostraram estar à altura das grandes expectativas que pairavam sobre eles. Rie Matsumoto, que chamou atenção anos atrás com o lisérgico Kyousougiga, também estava entre esses novos diretores que ainda tinham que se provar perante o público, e, em minha opinião, ela foi aquela que entregou o trabalho mais exitoso: Kekkai Sensen, adaptação do mangá de Yasuhiro Nightow (que será lançado em breve no Brasil pela editora JBC) feita pelo estúdio Bones, é um anime difícil de definir – não é uma comédia, embora o humor seja parte fundamental de sua estrutura, não é focado na ação, apesar desta estar presente em todos os episódios e ser muito bem realizada, tampouco pode ser definido como drama, ainda que não faltem passagens dramáticas no curso de seus 12 episódios. Mas acredito que todos que assistiram esse anime concordam que se trata de uma experiência única, e, talvez por isso mesmo, tão difícil de definir.

    Embalada pela eclética trilha sonora fornecida por Taisei Iwasaki, que perpassa jazz, rock e pop, a série se passa em uma Nova York fantástica (e muitíssimo bem concebida pelo diretor de arte Shinji Kimura, o homem por trás do visual deslumbrante de Tekkon Kinkreet, por exemplo), em que humanos convivem com toda sorte de criaturas monstruosas (cujos designs ficaram a cargo de Toshihiro Kawamoto), parecendo amalgamar aspectos de diversos outras séries (reminiscências de produções muito diferentes entre si, como Cowboy Bebop, Darker than Black e, claro, Kyousougiga, são facilmente percebidas) a fim de criar algo novo. Trata-se de mero pastiche ou de uma forma legítima de remix midiático? Cabe ao espectador decidir. E talvez por isso Kekkai Sensen esteja no topo desta lista – porque, entre os animes lançados em 2015, ele é aquele que precisa ser assistido, quer se goste, quer se odeie o resultado final.

    Texto de autoria de Alexandre “Noots” Oliveira.