Sabe aquele termo popular “homão da p…”? Ele poderia ser facilmente substituído por “Sakamoto“. Afinal, não existe ser humano mais perfeito e admirável que o jovem estudante japonês retratado neste mangá de humor peculiar. Quem é Sakamoto?, de Nami Sano e publicado no Brasil pela Panini Comics em quatro volumes, é uma obra bem japonesa, com estilo de humor típico daquela cultura, e provavelmente vai desagradar quem não está habituado a isso. Tudo é muito exagerado, tanto nas situações quanto nas emoções dos personagens.
Não existe uma trama central. Cada capítulo é uma pequena história fechada envolvendo Sakamoto e sua habilidade de ser perfeito. É o típico personagem que fala pouco e só age o necessário, mas quando o faz, é quase um evento. E as situações são as mais variadas, envolvendo o cotidiano estudantil e, algumas vezes, fora da escola. Não importa se Sakamoto apenas ajuda os colegas a alugar filmes adultos na locadora, ele sempre atua de forma impecável,quase sobrenatural, e aí está a graça do mangá.
O foco da obra é justamente enaltecer a perfeição de Sakamoto de uma forma tão absurda que beira ao ridículo. Situações banais tornam-se feitos heroicos. O simples fato de pegar a borracha que caiu da mesa da colega faz o coração da garota disparar. “Por que eu vou ler essa porcaria?”, você se pergunta. Justamente por haver essa brincadeira com os estereótipos do protagonista perfeito, que arranca suspiros das garotas e desperta admiração/raiva dos garotos. Sakamoto é quase uma entidade, e toda essa brincadeira com o exagero foi muito bem feita pela autora. Vale destacar o belo traço de Sano, muito eficiente para beneficiar sua boa narrativa ao longo de todos os volumes da obra. E sua sensibilidade feminina certamente ajudou a dar uma atmosfera bem peculiar à narrativa.
Por não haver uma trama central, o mangá segue um formato de episódios autônomos, o que afasta a vontade de ler tudo de uma só vez. Foi um tremendo acerto não prolongar o título por mais volumes, a “saga” de Sakamoto termina antes de correr o risco de ficar saturada. Por mais que a ideia já esteja um pouco cansativa nos capítulos derradeiros, a autora consegue trazer absurdos ainda mais interessantes para encerrar a obra de maneira satisfatória. Não é um título muito conhecido aqui no Brasil, mas felizmente a Panini Comics resolveu publicar por aqui. Foi uma grata surpresa.
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