Veto Skreemer é um personagem forte, impetuoso e cruel. Sua criação, por Peter Milligan e Brett Ewins aconteceu após a dupla assistir Era Uma Vez na América, que é uma versão sobre a história dos Estados Unidos vista por um estrangeiro que dedicou sua vida a descrever parte da cultura americana, em Westerns Spaghetti. É curioso como Skreemer antecipa toda a paranoia que se instauraria no país pós 11 de Setembro, ainda que na publicação da Vertigo seja a via da máfia/gangster ao invés de terrorismo árabe.
A história começa a partir da narração de Timothy Finnegan, que fala sobre a Era do Gigante, um tempo distópico e violento, estabelecendo um drama a partir da vivência de um sujeito que habita nos arredores desse homem poderoso. A intimidade do personagem biografado é estudada graças ao passado de duas pessoas importantes para a trama, sendo uma o narrador e a outra Shannon, esposa do vilão, que o vê o facínora como uma figura asquerosa.
Não demora a ser mostrada a origem das personagens retratados, adicionando portanto novas camadas de gravidade e discussão ao roteiro. A realidade dos quadrinhos é distorcida, como uma versão muito mais agressiva e crua do visto na obra O Poderoso Chefão, de Mario Puzo e Francis Ford Coppola, ainda que leve em consideração elementos mais futuristas e tecnológicos do que o classicismo das histórias de máfia.
O grafismo dos desenhos de Steve Dillon torna todos os horrores em situações mais críveis, sem necessariamente de apelar para o gore, ainda que haja um quadro de ultra violência explorado na revista. O modo discreto como é abordada a temática foge da possibilidade de apresentar detalhes sórdidos da história, mostrando que o roteiro de Milligan não precisa apelar tanto para questões de tortura física e psicológica. O mal não está necessariamente nos atos hediondos praticados, mas na alma dos personagens que por sua vez, vivem em um mundo desesperançoso.
Skreemer usa uma proposta de crueza em seu drama, sentido esse que dá uma abordagem diferenciada em questão de histórias em quadrinhos adultas, mostrando faces da alma viscerais, tornando o assunto bélico como algo digno de repúdio e denunciando em absoluto a crueldade presente nesse mundo, que se analisado somente em seus arquétipos, não é tão diferente da realidade atual.
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Boa resenha. Fiquei com vontade de ler.