Ser pai não é fácil, e Darth Vader descobre isso na nova historinha adorável de Jeffrey Brown, autor de outros contos no universo Star Wars para crianças e jovens adolescentes – todos distante da ficção científica, assumindo de vez a fantasia feito a saga original. Em Darth Vader e Filho, vemos em poucas e hilariantes páginas o que aconteceria ser Luke Skywalker não tivesse crescido como um escravo no esquecido planeta de Tatooine, mas sim junto ao seu pai verdadeiro, o temível imperador de preto. Pelo menos escapar das lições de moral malucas de Yoda, Luke certamente conseguiria.
Em cartões de grande sagacidade e tão expressivos, quanto possível, vemos o Lorde Vader e seu garoto (ainda longe da fama) passando por todos os dramas de pai e filho, envolvendo brinquedos espalhados pelo chão e muito teimosia – será que Vader deixaria o filho brincar com um Han Solo de oito anos, o futuro símbolo da resistência? Em dado momento, Luke até pergunta ao paizão “todo-poderoso” da origem do nome “Estrela da morte”, lugar em que eles precisam morar. Se Luke soubesse que seu pai é o Hitler do espaço, algo poderia mudar no coração do menino?
Nunca de fato saberemos, mas a resposta está sugerida logo no fim de O Império Contra-Ataca, quando Luke descobre seu verdadeiro e terrível parentesco, e prefere o abismo ao destino que lhe aguarda. Muito antes de todo esse drama bem ao estilo George Lucas, Brown dá coração e até amor ao ditador das trevas, e muita paciência no decorrer da paternidade – mas sem saber o que falar quando Luke lhe pergunta de onde vem os bebês, até porque cegonhas não existem no vácuo espacial. “Juntos poderemos dominar o universo!”, almeja o pai, no que seu filho responde: “E ai eu ganho um doce?”. Espertinho.
Toda a graça e a sensibilidade cativantes que não existem (nem de longe) na trilogia Star Wars da Disney, de 2015 a 2019, tem de sobra em Darth Vader e Filho, em imagens que falam mais que mil palavras ou efeitos visuais vazios. Um livro imperdível aos fãs de star Wars, imortalizando a convivência de duas figuras ainda semelhantes, bem antes que a realidade estrague a relação entre eles, vivendo o amor que os une protegido pela simplicidade do momento. E ainda, pelo auto controle que Vader precisa ter na frente de seu exército, quando um Luke mimado começa a chorar na frente de todas as autoridades subordinadas a seu pai. Ironicamente, é nessa hora que Vader poderia dizer: “Que mico, meu filho! Que mico!”
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