Resenha | Arakawa Under The Bridge
Da glamourosa vida no mundo corporativo à debaixo da ponte. Tudo isso por causa de sua calça que foi roubada. E depois quase se afogar. Loucura? Não, isso é Arakawa Under the Bridge com seu humor nonsense, demente e muito divertido, publicado pela Panini.
Calma, não se assuste, tudo parece (é) confuso, mas vamos (tentar) explicar melhor. Nosso protagonista é o jovem Kou, filho de um grande empresário japonês. Ele trabalha com o pai e segue um lema de vida: nunca dever favores a ninguém. Porém, uma situação esdruxula o faz cair no rio Arakawa e ser salvo por Nino, uma garota que diz ser de Vênus. Para Kou, esse não é o pior dos problemas: agora, ele deve um favor a Nino, afinal ela salvou sua vida. E ela quer que Kou seja seu namorado. A partir daí, Kou passará a morar embaixo da ponte onde Nino e diversas outras figuras peculiares vivem.
Peculiares em que sentido? Por exemplo, o prefeito da “comunidade embaixo da ponte” é um kappa, criatura mitológica japonesa. Mas ele é claramente um humano fantasiado porcamente. Estrela é outro sujeito peculiar, com uma máscara de… estrela. Ele tenta ser músico e é apaixonado por Nino, portanto Kou será um grande rival.
Outro sujeito peculiar é Sister, um inglês loiro, alto, com cicatrizes de guerra, especialista em armas e vestido de freira. Seu instinto sanguinário aflora de vez em quando, mas é uma boa pessoa.
Diante dessas loucuras, o que exatamente é este mangá? Fica óbvio que ele aposta no humor. E, de forma impressionante, é muito bom e, de certa forma, inteligente. Os capítulos geralmente são curtos, alguns com 2 ou 3 páginas, dando um ritmo mais frenético às coisas. Porém, essa divisão em capítulos é mais psicológica do que qualquer coisa, pois muitas situações se estendem por diversos capítulos, sendo essas quebras um respiro para o leitor. É uma estratégia narrativa interessante, pois o nível de nonsense é alto. Por conta disso, a leitura, apesar de agradável, pode ser mais demorada.
Ao longo da história, Kou se acostuma com a nova vida e vai achando cada vez mais normal aquele bando de malucos. O mais preocupante é que você, leitor, seguirá pelo mesmo caminho, e acreditará em diversos momentos que o prefeito é realmente um kappa. A própria situação de Kou em morar debaixo da ponte passará a ser normal tanto para ele quanto para o leitor. E por maiores loucuras que aconteçam, existe subtextos interessantes de amadurecimento.
Podemos dizer que o mangá é uma sucessão de esquetes, não havendo uma grande linha narrativa sendo construída. O que temos é a familiarização com os personagens, que indiscutivelmente são carismáticos, divertidos e bem diferentes entre si. Aqui precisamos dar méritos à autora Hikaru Nakamura. Ela conseguiu despejar inúmeros personagens bizarros, definiu personalidades únicas para cada um, os desenvolveu ao longo das páginas e, em certo ponto, o leitor já se sente em casa (ou melhor, na ponte). As situações criadas são muito divertidas, sendo uma leitura bem agradável e leve. É aquele mangá que pode facilmente ser lido devagar, algumas páginas por dia, de forma bem casual. Vale dizer que é voltado aos leitores que já gostam das “japonesices” habituais dos mangás, ok? Pra essa galera é diversão garantida!