Crítica | Shalako
Shalako é um filme de 1968, protagonizado por Sean Connery e dirigido por Edward Dmytryk. O longa aborda a presença dos europeus no velho oeste ao mostrar um grupo de aristocratas europeus recém-chegados ao Novo México, com todo tipo de luxo comum a sua classe. Baseado no livro de Louis L’Amour, o ponto de partida da aventura é o tédio desses ricaços que vão até o novo mundo em busca de aventuras.
Esse não é um western comum como a maioria dos que se colocam dentro desse subgênero. Seus momentos iniciais dão conta de monótonas e prolongadas conversas sobre os rumos que a tal viagem teria. Em meio a essas tratativas, o observador do exército dos Estados Unidos vivido por Connery se aproxima, e praticamente, só trava conversas sinceras com a Condessa Irina Lazaar, de Brigitte Bardot, que pouco tempo depois é raptada, sendo esse basicamente o primeiro evento diferenciado e com alguma urgência dentro da trama básica.
O filme carece de ritmo, além de desperdiçar a persona de Connery num longa desse quilate. A origem escocesa do ator não garantiu tantas oportunidades de fazer westerns quanto outros atores de sua geração. Além disso, a figura de Bardot não ultrapassa a barreira de simples e bela figura de admiração. Shalako e Irina são os personagens mais complexos, mas não são exatamente tridimensionais, seus dramas, sentimentos e anseios são baseados quase inteiramente em arquétipos e nada mais. Com pouco menos de 70 minutos de exibição há um aprofundamento da relação dos dois, com um flerte que era mais do que óbvio que aconteceria antes mesmo de começar o filme, no entanto, nem a química deles é bem explorada.
Há alguns momentos bem complicados do ponto de vista ético, em especial a forma como os nativos americanos são retratados. Se nos anos sessenta os western spaghetti costumavam valorizar as atitudes dos povos latinos, aqui o modo como se retrata esses povos originários é no mínimo equivocada.
Shalako procura se tornar um épico, principalmente ao mostrar o combate entre o herói e o bravo nativo (Woody Strode), e esta parte é a que mais acerta ao colocar um pouco de camadas na forma como retrata os ameríndios, mas a história em si não possui grandes curvas ou arcos dramáticos, ao contrário, seus melhores pontos envolvem a exploração das suas figuras mais famosas, se resumindo basicamente a isso, e não na ação, violência e discussão a respeito do estilo de vida desses mesmos colonizadores.