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  • Crítica | A Volta dos Setes Homens (ou Sete Homens e Um Destino II)

    Crítica | A Volta dos Setes Homens (ou Sete Homens e Um Destino II)

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    Seis anos após Sete Homens e Um Destino de John Sturges, começaria a história de A Volta dos Setes Homens, longa-metragem de Burt Kennedy, o mesmo que anos mais tarde, faria o argumento de Coração de Caçador. A trama gira em torno do mesmo vilarejo mexicano, onde agora mora Chico (Julian Mateos, que entra no lugar de Horst Buchoolz) e sua esposa Petra (Elisa Montés). A aldeia é atacada por Lorca (Emilio Fernandez) e seus capangas, que tem por hábito dizimar todos os homens das cidadelas vizinhas. Neste ínterim, Petra vai atrás de Chris Adams (Yul Brynner), para que ele reunisse mais uma vez um grupo de homens para ajuda-lo a novamente salvar a cidade.

    O orçamento é reduzido demais ao ponto de voltar apenas Brynner. Nem mesmo Vin é interpretado por Steve McQueen, e sim por Robert Fuller. A repetição de plot faz a continuação perder qualquer surpresa dramática, assim como a quase completa falta de carisma dos personagens, exceção feita a Chris. Até Vin é um cowboy apagado, o mesmo se diz do novatos Colbee (Warren Oates), Frank (Claude Akins), Luis Delgado (Virgilio Teixeira) e Lopez (Rudy Acosta) e dos vitimados pelo vilão.

    Não há cenas de batalha que meramente se aproximem do caráter de outrora, tampouco há uma trilha sonora tão inspirada como a do primeiro filme, ainda que haja um repetido uso do tema de Elmer Bernstein. Há também uma dificuldade em levar a ação para um nível de batalha mais emocionante, também não há qualquer importância no falecimento dos personagens novos, fato que não ocorria no episódio original, ainda que não se desenvolvesse tanto seus backgrounds.

    O único dos embates que foge da morosidade, é o visto próximo do encerramento, onde os habitantes da vila atacada resolvem ajudar o grupo de vigilantes, se valendo de dinamite para atacar os malfeitores. Ainda assim, a coreografia de batalha é bastante fraca e não se tem um grafismo bem elaborado nas mortes de quaisquer pessoas. Ao ser relançado no Brasil em DVD, o filme foi renomeado para Sete Homens e Um Destino II, alcunha que faz mais jus ao produto, uma vez que ele não consegue em ponto nenhum se fortalecer como cinema sem seu antecessor, tendo qualidade semelhante as muitas continuações feitas sob encomenda para televisão.

  • Crítica | Coração de Caçador

    Crítica | Coração de Caçador

    Coração de Caçador - capa dvd

    Começando por um comentário metalinguístico, focado em uma figura poderosa da indústria cinematográfica, mas com uma básica distância de estereótipo entre intérprete e personagem, Coração de Caçador conta a história do diretor de cinema John Wilson, que, com estilo excêntrico e esbanjador, se diferencia pelo tédio excessivo que o faz viajar para a África a fim de realizar o seu filme. Ou algo que o valha, já que tudo se torna pretexto para experiências “diferentes”.

    Wilson tem um estilo bon vivant, fazendo com que o estúdio tenha uma preocupação excessiva com seus métodos, aspecto que dificilmente se veria no cinema de Clint Eastwood, dada a sua maneira econômica de trabalhar atrás das câmeras. O processo de convencimento para realizar a produção aos chefões do estúdio, para liberar a verba necessária para as viagens ao continente, revela não só a resistência do cineasta em mudar de ideia, bem como referencia a obsessão que ocorreria ao finalmente adentrar o cenário de suas novas aventuras.

    O diretor é sempre acompanhado de seu amigo e roteirista Pete Verrill (Jeff Fahey), que se aproxima vagarosamente, perguntando sobre o projeto do filme, para logo se tornar o seu escudeiro em meio à jornada da realização cinematográfica. Quase todos os personagens no entorno do protagonista têm alguma ligação com a produção de filmes, fazendo lembrar os detalhes do ideário presente nas personagens da série televisiva Entourage, ainda que o caráter de ambas as propostas seja bem diferente.

    As atitudes da personagem mudam com o tempo, deixando-se de lado a curiosa pecha de playboy carismático, para tornar-se uma brutalização pessoal que se dá de modo gradual, retardando em alguns momentos, agindo como um adolescente em fúria, que busca qualquer motivo para encrencar-se. A prática da caça de animais selvagens torna-se cada vez mais frequente, servindo de alegoria à necessidade do homem de estabelecer contato com seu lado predatório.

    Seus desejos encontram eco nas atitudes de inúmeros diretores premiados e de outros artistas que superestimam seus talentos e seus produtos, inclusive em relação ao final, o qual menciona uma epifania – ou pseudo epifania – cujo significado ou é muito pessoal ou zerado de significado, alertando para os “mistérios” inventados na mente do artista entediado. O roteiro de Burt Kennedy, James Bridges e Peter Vierte é repleto de subtextos, mas já na sua camada superficial nota-se um paralelo com a urgência do homem em arrumar subterfúgios para dar vazão a sentimentos e sensações das mais básicas, usando a vaidade como ponto de partida de uma discussão sobre arte, vaidade e soberba.