Resenha | The Wicked + The Divine – Volume 2
Kieron Gillen e Jamie McKelvie conseguiram a proeza de estabelecer um universo ficcional bem coeso logo nas primeiras edições de The Wicked + The Divine. Tal mérito não pode ser esquecido, mas sim enaltecido. É de se admirar que no segundo arco a equipe criativa consiga expandir os horizontes da narrativa e inserir mais e mais viradas na trama.
O segundo volume, Fandemônio, dá sequência aos eventos de “O Ato Faustiano” e, dentro do clima de conspiração e histeria provocado pelo grande acontecimento que encerra a edição anterior, coloca a figura do fã cada vez mais no centro da narrativa. Histórias de celebridades mortas pelas mãos de admiradores fanáticos são recorrentes ao longo dos anos, tendo como exemplo maior o ex-Beatle John Lennon, assassinado por Mark Chapman em 1980.
Nesse segundo arco de WicDiv vemos Laura em busca de solução para a morte de Eleanor Rigby (AK.A. Lucifer), o que a coloca a cada vez mais em contato com as demais deidades do panteão. Divindades como Inanna, Odin e Baphomet ganham cada vez mais espaço, assim como a misteriosa Ananke. É brilhante a referência que a equipe criativa faz a Prince através de Inanna, deidade que se traja sempre de roxo e cujos poderes se manifestam sempre através de uma espécie de “purple rain”.
Investigando o atentado fatal que vitimou a jovem Lúcifer, Laura Wilson se alia a Inanna e Cassandra, para buscarem respostas, o que os leva a um maior contato com deuses como Odin, Baphomet e Dionísio. A peregrinação pelos núcleos particulares nos quais cada jovem deus habita acaba levando Laura e Cassandra por um mar de revelações e incríveis transformações, esbarrando em uma curiosa pista acerca do mistério da morte de Lúcifer.
Por trás de todo o hedonismo que circunda a vida dos jovens deuses, uma ameaça começa a ser delineada no horizonte: A artimanha Prometeu. Tratada inicialmente como uma teoria que circula nos obscuros fóruns de fãs e que paulatinamente passa a ser levada com seriedade, a ideia consiste na aquisição de poderes divinos por parte do mortal que assassinar algum dos deuses. A questão é: e se por trás de toda essa cortina de fumaça não estiver um jovem deus, desesperado com a iminente derrocada, buscando uma escapatória através da supracitada artimanha, se dispondo a matar um de seus irmãos por alguns anos a mais?
O clima de conspiração contagia a todos, levando Ananke a sair das sombras e influenciar as jovens deidades de acordo com seus próprios e secretos interesses. Baphomet, e Inanna se veem envolvidos de maneira contundente nesse jogo perigoso, sem muitas possibilidades de fuga, enquanto novas e surpreendentes divindades surgem, tornando todo o cenário cada vez mais incerto e permeado por muitas mentiras, intrigas e um grande conflito de egos.
A impressão que o encerramento do segundo arco de The Wicked + The Divine dá é de que as apostas subiram, a guerra está só começando e Ananke entrou em campo pouco disposta a perder.
Esse segundo volume da série acerta em cheio ao apresentar explicações sobre o passado do panteão, assim como progride a narrativa com agilidade e inventividade. Não dá para prever os passos que Gillen e McKelvie darão ao final de cada edição.
Publicado pelo selo Geektopia, da editora Novo Século, o encadernado de 192 páginas e capa dura apresenta qualidade ímpar, proporcionando a melhor qualidade possível para que a exuberante arte de McKelvie e as sensacionais cores de Matthew Wilson sejam apreciadas. De igual modo, o texto ágil e conciso de Gillen se encontra devidamente diagramado em página, tornando a leitura fluida e dinâmica.
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