Resenha | Meu Pai, o Guru do Presidente: A Face Ainda Oculta de Olavo de Carvalho
Meu Pai, o Guru do Presidente: A Face Ainda Oculta de Olavo de Carvalho é um livro curto em forma de entrevista realizado por Henry Bugalho junto a Heloísa Carvalho, a filha mais velha do astrólogo e autointitulado filósofo Olavo de Carvalho.
O estudo de Bugalho começou em uma conversa informal com Heloisa, e aos poucos ganhou tamanho no intuito de descobrir quem era o principal influenciador ideológico do atual presidente brasileiro e como ele chegou na posição que se encontra. Há relatos difíceis sobre o tempo em que Olavo lecionava na escola Júpiter de astrologia. A entrevistada descreve as condições difíceis que a família vivia, desde as condições insalubres do local onde moravam à fome, além da tentativa de suicídio de sua mãe e as constantes traições do pai.
Olavo se envolveu com vários credos, além da astrologia, foi da Tariga, se converteu ao islamismo (inclusive levou Heloísa e os outros filhos a isso, fato que o facilitou em ter mais de uma parceira sexual, agora “legalizadas”), e depois, já distante da primeira filha, se converteu ao catolicismo. Segundo Heloísa, ele ainda assim seguia egoísta, sendo distante emocionalmente dos filhos, covarde e distante de outros parentes, como sua mãe que morreu sem conseguir vê-lo, mesmo após muitos apelos dela já idosa. O rompimento com Olavo é bem detalhada, a filha era atacada em níveis pessoais, nas redes sociais, tudo de maneira bem cruel e covarde.
A imagem de bom velhinho católico e conservador não se sustenta, afinal, as movimentações do Guru pelas seitas pelas quais passou são facilmente verificadas independente das informações trazidas pela própria filha e autora do livro. O trabalho de Bugalho em expor os males do bolsonarismo ganha aqui seu maior e mais importante esforço, detalhando as aproximações entre Jair, Eduardo e os demais membros da família Bolsonaro. O que o livro não responde – ao contrário, coloca ainda mais dúvidas – é como se deu a popularização da figura, ainda que o escritor more nos EUA há anos e toda sorte de artifício baixo e calunioso seja comprovado cotidianamente.