Crítica | Adeus, Meninos
Filme francês de Louis Malle (de Atlantic City e Ascensor Para o Cadafalso), Adeus, Meninos começa mostrando a ida de Julien Quentin (Gaspard Manesse) para um colégio, e pelo menos em seu começo não há qualquer mostra do extremo drama que virá a seguir. Como pano de fundo, há o estouro da Segunda Guerra Mundial, e a tentativa do colégio Saint-Croxe internato para onde o rapaz vai de não deixar um dos alunos perecerem, só pelo fato de ser judeu, e os esforços miram a tentativa de esconder a ascendência de Jean Bonnet (Raphal Fejto), um rapaz por quem ele rapidamente se apega emotivamente.
Malle já tinha experiência em falar de Nazismo, havia abordado o tema em Lacombe Lucien, onde um garoto que colabora com o regime nazista se apaixona por uma moça judia. Aqui, o foco é numa faixa etária mais nova, com meninos do colegial percebendo a perseguição dos extremistas de direita alemãs sobre os “diferentes” descendentes dos hebreus.
A história se passa no inverno francês de 1943-44, e mostra a inteiração somente entre os garotos e os professores até perto de uma hora de filme, e a amizade entre Jean e Julien vai aumentando, sendo alimentada. Aos poucos eles passam por percalços que fazem com que a intimidade travada entre eles só aumente, em grau de importância e de emoção.
A maior riqueza nas atuações de Manesse e Fejto é que elas não parecem forçadas, eles realmente lembram adolescentes, tem interesses volúveis e um senso de lealdade que evidentemente varia por conta da efemeridade típica da adolescência, mas os dois não conseguem esconder que algo os une, e que um é muito caro para o outro, mesmo com a clara divisão racial estabelecida ali.
Os primeiros soldados nazistas aparecem bem tarde, com mais da metade do filme ocorrido, e já causam em Jean é absurda, ele corre rumo a qualquer lugar. Ele não escolhe lado, corre para frente porque saber que se for pego e descoberto, terá um destino terrível. Por um acaso, cuja probabilidade de se repetir é praticamente zero, a adição desses militares é genérica, não tem qualquer missão de pegar judeus, e os dois meninos são devolvidos ao colégio interno, mas esse causo serve bem para mostrar a diferença do conceito de desgraça para os dois, enquanto um, se preocupa apenas em não sofrer rejeição dos colegas, o outro acha que poderá morrer.
Os último momentos são bastante tensos, mostram o quanto a intolerância ultrapassa até a camada da vida adulta. A necessidade que os crédulo na mentalidade de que a raça ariana deveria ser a única a existir atingiam mesmo as crianças, e causava nelas a necessidade de entregar até seus amigos e colegas de escola, mesmo que intimamente elas não tivessem sequer noção do destino que os entregues teriam. Do ponto de vista de revelar uma ideologia torpe, Adeus, Meninos acerta absurdamente, por mostrar o quão covarde e cruel é a mentalidade fascista e o quanto não se deve subestimar seus efeitos e possibilidades.
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