Crítica | Um Golpe Perfeito
Um Golpe Perfeito (Gambit), começa com uma introdução animada, do que a princípio, seria uma comédia de erros. Com direção de Michael Hoffman, o roteiro de Ethan e Joel Coen apresenta uma proposta ousada, com um mirabolante esquema de falsificação e fraude com pitadas de humor, mas que com o decorrer da história, o espectador é desiludido.
A princípio, Um Golpe Perfeito é despretensioso, explora uma sucessão de atos falhos no plano de Harry Deane (Colin Firth), que contrata a cowgirl PJ Puznowski (Cameron Diaz) a fim de ludibriar seu chefe, o colecionador de arte Lorde Shabandar (Alan Rickman). O filme é cortado por uma narração, que se torna enfadonha, e que não é nada mais que um incômodo na maioria das vezes em que é usada – pior, o personagem que a faz só consegue falas significativamente interessantes quando dita as emoções e agruras dos personagens.
O tom da comédia é nonsense, mas está longe de ser escandalosamente hilário, em alguns pontos chega a ser entediante. Lembra bastante O Amor Custa Caro, uma comédia romântica dos próprios Coen, e repete também os seus acertos – o elenco é formidável. Firth e Rickman elevam o nível da película, e conseguem com suas atuações, elevar considerávelmente a qualidade de Um Golpe Perfeito, seus personagens são interessantes, de peculiaridades e personalidades curiosas. Stanley Tucci também não compromete nas poucas cenas em que aparece.
Deane torna-se muito mais engraçado à medida que se embebeda. As cenas dentro do Hotel Savoy são disparadas as melhores coisas da obra, mas a solução de mostrá-lo enciumado com a relação entre seu chefe e PJ não funciona, primeiro por não haver química nenhuma entre Firth e Diaz, segundo, por não ter sido construída ou mencionada qualquer intenção amorosa/sexual antes, esta foi uma saída muito fácil e se mostrou uma péssima escolha, o que evidencia que o roteiro está longe de ser um dos melhores da carreira dos irmãos.
É lastimável que o plot enverede pelos erros comuns das comédias românticas, seu resultado final é uma história de amor fraca, com elementos de filmes de assalto, que esconde um caráter sentimental e açucarado, que não cumpre nem mesmo a intenção básica de “filme cor de rosa”. Michael Hoffman não consegue fazer jus a filmografia dos roteiristas, nem mesmo nos seus piores momentos.
Um dos pontos altos no desfecho é o alarme anti-furtos – tão ridiculamente inverossímil que se torna cômico, mas tal esquete não salva o todo, ainda mais com a reviravolta que ocorre com Harry Duane nos minutos finais, que é muito previsível e poderia ser melhor construída.