Critica | Aço
O personagem dos quadrinhos criado por Louise Simonson e Jon Bogdanove é levado às telas de cinema, interpretado pelo jogador de basquete Shaquille O’Neal, Aço começa mostrando o fogo forjando um objeto, provavelmente a belíssima armadura que o personagem John Henry Irons usaria quando decidiria se tornar um vigilante. No longa, o personagem é mostrado como um militar que se revolta com seus superiores após o uso de uma arma poderosa, que em seu teste, acerta sua amiga, Sparks (Annabeth Gish). Aqui se nota a séria intenção do longa em se demonstrar antibélico. Uma série de acontecimentos estranhos ocorrem em torno de John e ele sempre se safa desses problemas com total facilidade, ele sequer precisa ter poderes, pois seu tamanho o faz ser mais forte que os homens normais.
O grande e grave problema é que o filme apesar de se levar a sério, não consegue dentro do roteiro do diretor Kenneth Johnson ter organização o suficiente para de maneira séria, explicar as reviravoltas que lá ocorrem. As invasões na base militar são feitas de maneira exagerada, caricata e não fica claro a intenção dos vilões e como eles chegaram até ali. As perseguições causam todos,assim como o desempenho de Shaq como herói de ação, o elenco é engraçado, mas de modo involuntário e as piadas de humor físico são vergonhosas.
Assistir hoje o filme é engraçado, há um vilão negro e careca , que lembra muito o Nick Fury de Samuel L. Jackson, além do que esse filme também lembra a versão de Nick Fury feita um ano depois. A trilha sonora é repleta de música soul, em um efeito parecido com o que Pantera Negra fez com o rap, mas até isso é mal encaixado.
Como não usava a figura do Superman, a motivação heroica do personagem fica um pouco confusa, aliás praticamente não há menção ao kriptoniano, exceto por uma tatuagem no braço do personagem, semelhante a que Bon Jovi tem. O vigilante usa sua armadura quase na metade do filme, passados 45 minutos de duração, e os momentos que ele luta com os bandidos latinos e outros marginais são péssimos visualmente, cheio de piadas ruins, além de gratuito no uso de estereótipos. A parte em que usa um imã é completamente patética, é faz sentir saudades do filme da Supergirl de Helen Slater.
É tudo muito tosco, a tentativa de emular a música de John Williams famosa por Superman: O Filme é ridícula, assim como a movimentação de Shaq com roupa, tem um momento que ele está em cima de um prédio e levanta os pés para não tropeçar em canos e a torcida geral certamente é para que ele tropeçasse. Além disso, há uma cena em específico que ele pega um gancho e sobe bem alto onde se nota um dublê com pele visivelmente mais clara, arrisco dizer que o sujeito era até branco pois não tive coragem de voltar a cena para ver.
A roupa de herói lembra um pouco os trajes usados nos filmes das Tartarugas Ninjas dos anos 90 e na série Robocop: Prime Directivas, e Shaq não convence em nenhuma cena como herói de ação. A SWAT invade a casa de Irons, e ocorre uma péssima piada com um bolo solado, aparentemente John sempre atrapalha sua avó solando seus bolos. Ao ser preso o povo se recusa a reconhecê-lo, o que incorre em duas situações , a primeira, o povo o reconhece como defensor da justiça mesmo sem motivos e o segundo se refere ao fato de que não seria difícil identificar Irons, pois ele é um gigante.
Os personagens periféricos também são péssimos, o tio Joe (Richard Roundtree, que foi o John Shaf original), o irmão de Irons, Até Sparks faz vergonha ao lançar mísseis de sua cadeira de rodas, como uma versão motherfucker da Oráculo. Antes de terminar há uma piada infame, onde John Henry tem que lançar uma granada por um buraco e ele diz que é ruim de arremessos, em uma tentativa tola de fazer uma crítica a quem criticava a dificuldade do jogador em acertar arremessos livres e cestas de três pontos. Esse é só um dos equívocos terríveis do filme, que entre todos os problemas, tem o menor deles na ausência do Superman, conseguindo ser pífio independente até disso.
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