Resenha | Batman: Cacofonia
Batman Cacofonia é escrita pelo cineasta Kevin Smith – que me perdoem os fãs, mas verdade seja dita – nem com a presença do homem, a revista se torna grande coisa.
Lançada originalmente entre janeiro e março de 2009 em três edições com o título Cacophony. A HQ surgiu após a DC Comics ter a ideia de convocar Kevin Smith para escrever uma história do Batman com ‘liberdade total’. Smith, que já havia escrito algumas HQs chama seu parceiro Walter Flanagan para ficar a cargo dos desenhos de sua história. Contratos acertados, mãos à obra!
O Asilo Arkham dá mole novamente e o Coringa está às soltas nas ruas de Gotham de novo. Coringa decide se vingar de Maxie Zeus – Vilão de 5º escalão do Batman – que havia roubado sua fórmula do gás do riso e transformado ela em uma droga do momento, que era chamada de… risinho. Zeus tenta manter um acordo com o Coringa oferecendo metade dos seus lucros, mas o palhaço recusa, alegando que o objetivo do gás é apenas matar pessoas e não causar um “barato” nelas. Durante toda essa confusão, surge ainda, Onomatopeia – vilão criado por Smith quando escreveu algumas histórias do Arqueiro Verde – que usa o Coringa como isca para eliminar o Morcego.
A narrativa de Smith é excelente, traçando ótimos diálogos e colocando muita personalidade em todos os personagens que escreve, seu Demolidor é um bom exemplo disso. Tudo isso temos em Cacofonia já nas primeiras páginas. E já que estamos falando das personalidades de seus personagens, em Cacofonia temos caracterizações únicas, agora imagine isso tudo em uma história onde só tem malucos.
Coringa é sugerido como um homossexual em uma piada sensacional, o que convenhamos, se tratando da mente perturbada dele é bem possível que esteja disposto a fazer qualquer coisa. O mesmo vale para o Zsasz – Outro vilão de quinta do Batman, conhecido por marcar seu corpo com cicatrizes cada vez que comete um assassinato – Aqui ele se vê obrigado a marcar seu órgão sexual, pois já não encontra outro lugar no corpo para tal.
A sexualidade faz parte da revista, o Coringa protagoniza outro momento estranho, onde demonstra seu lado necrófilo ao dizer que adoraria matar Batman e abusar de seu cadáver. Mas todos esses detalhes servem apenas como background da história principal.
Esse é o grande problema da história, são esses detalhes que são os atrativos dele, porque a trama principal não é grande coisa. Os desenhos do Walter Flanagan ajudam bastante a desgostar da obra, já que o traço é péssimo e sem qualquer aspecto positivo para ser comentado, o que nos faz chegar a conclusão de que ele é MUITO amigo do Kevin Smith, do contrário, nunca teria conseguido esse trabalho.
Apesar do Onomatopeia ser bem utilizado, deixando o papel de principal vilão da história para o Coringa, ele serve para colocar uma dinâmica na eterna luta de Batman e Coringa, só que dessa vez com outra cara, mas nada que realmente torne a trama sensacional. O ponto forte é sem dúvida as tiradas bem-humoradas do roteirista e o diálogo final entre o Homem-Morcego e o palhaço do crime. Explorando toda a temática iniciada pelo Alan Moore em A Piada Mortal, invertendo completamente o rumo da história, propondo uma análise mais filosófica da mitologia do morcego.