Resenha | Innocent #1
Enquanto grande parte dos mangás tem como base a cultura japonesa e o próprio Japão, Innocent vai à Europa, mais especificamente na França do século XVIII, anos antes da importante e sanguinária Revolução. O foco se dá na família Sanson, designada a serem os carrascos de Paris. Todos os condenados à morte serão executados por membros desta família. E aqui teremos nosso protagonista, o jovem Charles-Henri Sanson.
Charles não quer se tornar um carrasco. Não quer ser um assassino, mesmo que de criminosos. Mesmo assim, seu destino parece inevitável, pois o próprio rei, que na época era tido como o representante de Deus na Terra, incumbiu a família Sanson a esta nefasta tarefa. Como ignorar ordens do próprio Deus?
Este primeiro volume traz de maneira primorosa o início do desenvolvimento de Charles, com todas as suas dúvidas e embates morais. O jovem, como bem diz o título da obra, carrega uma inocência que não quer perder. A sensibilidade e até fragilidade é acentuada por seus traços femininos, que traz uma ideia maior de delicadeza. O pai tenta a todo custo impor o destino a Charles, inclusive mediante tortura. Apesar da primeira página já mencionar a Revolução Francesa, a história começará anos antes, e provavelmente terá seu desfecho ali. Vale destacar a ótima retratação da França, especialmente da nobreza, tanto nos cenários quanto nas roupas.
Não podemos deixar de tecer efusivos elogios à arte deste mangá. É algo espetacular, um dos mais lindos que já vi. O autor Shin’ichi Sakamoto e seus assistentes não pouparam esforços para elaborar quadros extremamente detalhados. Roupas, cabelos, cenários, tudo com riqueza de detalhes, e mesmo assim os desenhos ficam limpos e inteligíveis. A própria capa já nos mostra a qualidade do miolo, realmente é uma obra de arte.
Outro ponto a ser destacado é a habilidade narrativa do autor. Tudo é bem contado, a história flui bem e não há dificuldades em ler este volume de uma só vez. Talvez o único defeito tenha sido a apresentação da família Sanson. Em uma sequência de quadros, os personagens vão sendo apresentados com nome e grau na linhagem da família. Por serem muitos personagens, e cada um com nomes extensos, não é uma decisão muito efetiva para que o leitor se lembre dos nomes futuramente. De qualquer forma, não é algo que comprometa a qualidade final.
Aparentemente, o roteiro tem certa precisão histórica. Sendo verdade ou não, Innocent é um belíssimo mangá que retrata um momento e cenário pouco comuns nas obras japonesas. A edição da Panini traz papel de qualidade, páginas inicias coloridas, capas com orelha, um produto de alta qualidade.
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