Resenha | Vampirella: Grandes Clássicos
Vampirella – criação de Forrest J Ackerman com as contribuições dos artistas Trina Robbins, Frank Frazetta e Tom Sutton – é uma personagem bastante sensual que, de certa forma, repagina as condições de vampira não como uma morta-viva, mas uma alienígena de um planeta em que todos se alimentam com sangue. Suas origens remetem aos icônicos filmes de monstros da Universal da primeira metade do século XX e, claro, com seus remakes do estúdio britânico. Inicialmente, a personagem era um dos carros-chefes da editora Warren Publishing ao lado das publicações de antologias de terror Creepy e Eerie.
Em Vampirella: Grandes Clássicos, publicado pela Editora Mythos, há um resgate dos grandes clássicos da personagem desenhados pelo espanhol José Pepe González – principal artista da vampira alienígena – e textos de T. Casey Brennan, Budd Lewis e Archie Goodwin. O encadernado traz muito da origem de Vampirella e do seu planeta Drakulon, uma sociedade tecnologicamente avançado e evoluído. A raça dos Vampyr viviam em paz e harmonia até a tragédia cair sobre eles.
O tom do primeiro roteiro é trágico, melancólico e até um pouco filosófico, guardadas as devidas proporções referentes a um gibi escapista e de aventura. Vampirella é menos pacífica que os outros de sua raça, ela decide tirar a vida de criaturas acreditando que essa seria a verdadeira forma de viver e de se alimentar, o que gera discussões morais interessantes. As outras histórias são repletas de clichês de horror, com criaturas que imitam as monstruosidades clássicas de contos de terror e filmes trash.
O tom das histórias tem mais elementos de aventura que de terror. Há uma sensação de familiaridade quando se acompanham essas breves histórias, mesmo para quem não está acostumado a ler quadrinhos. O físico da alienígena faz lembrar Elizabeth Taylor e Sophia Loren, beldades do cinema clássico e contemporâneo à personagem, que aqui são unidas a clichês de pin ups. O visual dos cenários lembra Indiana Jones e o Templo da Perdição, além de se perceber que claramente Steve Dillon em Preacher foi influenciado pelo traço característico de González. Pepe aliás, consegue dar camadas e tons bem diferentes para a heroína, mesmo com tantos roteiristas de estilos diferentes. Além disso, a versão do Drácula vista aqui faz lembrar muito a versão de Drácula 2000, filme produzido por Wes Craven – as coincidências se dão principalmente nas histórias de Brennan.
Vampirella: Grandes Clássicos consegue ser uma bela introdução à mitologia da personagem, e exemplifica bem o espírito e caráter de seus momentos tradicionais, além de ser um bom documento histórico.