Resenha | Witches
Witches é um mangá em dois volumes do autor Daisuke Igarashi publicado no Brasil pela Editora Panini. A obra consiste em várias histórias curtas envolvendo bruxas, conforme sugere o título. Porém, o que impressiona é que Igarashi traz diversos conceitos de bruxas, fugindo inclusive de algumas ideias padrões que geralmente temos ao lembrar dessas figuras místicas.
A primeira história, por exemplo, traz o conceito mais tradicional, e para ajudar, se passa em localidade européia. Sempre teremos uma menina ou mulher no foco das tramas, e por muitas vezes, irá tratar do “despertar”. Esta ideia já está presente na primeira história, ocorrendo inclusive um grande lapso temporal, mostrando o crescimento da personagem.
A segunda história já quebra a ideia inicial de que teríamos as “bruxas tradicionais”, especialmente pelo fato de ser um mangá japonês, então o esperado seriam figurar as bruxas europeias ou orientais. Felizmente o engano vem rápido. Na segunda trama teremos a ambientação em uma floresta tropical, sendo a bruxa em questão uma espécie de xamã. Inesperada também a mensagem ambientalista da história.
Cada segmento tem uma abordagem diferente, seja na trama, seja da própria ambientação. Uma delas ocorre boa parte em um navio, alternando com uma ilha que possui supostos elementos místicos. Neste ponto, o mangá é bem interessante e cria um interesse ao leitor, evitando que a leitura se torne enjoativa. Aqui podemos tecer elogios a Igarashi, que traz um estilo narrativo eficaz, apesar de, às vezes, ser um tanto brusco nas transições.
No quesito artístico, a obra pode trazer divergências de opinião. O traço de Igarashi é um tanto “rabiscado”, parecendo que foi desenhado às pressas. Isso não significa que os desenhos sejam ruins, mas trazem uma impressão de pressa. Se isso é bom ou ruim, vai depender do gosto do leitor. Para não ser injusto, vale ressaltar que alguns quadros são belíssimos e detalhados.
Porém, uma coisa que merece destaque é o surrealismo da arte. Todas as histórias trazem elementos fantásticos, afinal estamos falando de bruxas. Mesmo que, por vezes, as bruxas sejam apenas garotas com algum tipo de poder místico, e de resto levarem uma vida bem normal, alguns momentos transbordam cenas surreais e bizarras. Diversas sequências de quadros malucos e grotescos, sem balões de falas, são o ponto alto da obra. Aqui a arte mais “rabiscada” é bem eficiente, e merece elogios.
Em suma, Witches é um mangá que pode agradar aqueles que querem uma leitura rápida e que fuja um pouco dos padrões shonen. Apesar das protagonistas serem todas femininas, não parece um mangá voltado especificamente a esse público. Portanto, não há restrições a fazer, leia e divirta-se.
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