Super Campeões foi uma adaptação do mangá Captain Tsubasa, transmitido na extinta TV Manchete, e trouxe a história de um grupo de meninos japoneses, que disputavam campeonatos infantis e juvenis de futebol. O seriado teve várias encarnações, sempre baseadas nos mangás de Yōichi Takahashi, ainda que tenha cada uma dessas versões algumas liberdades criativas. O anime ajudou a popularizar o esporte no país, tanto que J League e a Federação Japonesa bancaram algumas das temporadas dessas versões, mas ainda assim ele era extremamente irreal enquanto análise do esporte. Por isso, separei alguns acontecimentos curiosos ao longo do anime, e em alguns casos, extremamente bizarros.
–
1. Zero Apreço Pela Tática
Ao ser apresentado ao time do Nakatsu, Oliver é dito que será o décimo segundo jogador. Logo depois, ele é chamado a entrar em jogo. Segundo Ishizaki, o mais veterano dos jogadores, todos farão todas as funções, e isso pode ser encarado como uma imitação da Laranja Mecânica, a Holanda de Johan Cruijff que não guardava posição, mas obviamente não é. Tsubasa vai para a zaga, onde consegue acertar um chute de longe no travessão. Daí, decidem colocar ele no ataque, e a tática é “peguem a bola e entreguem imediatamente para Oliver”, descaracterizando qualquer trabalho de equipe. Isso já se vê no primeiro episódio de Road to 2002.
https://www.youtube.com/watch?v=v3VlnZqAAqo
2. Chutes Temáticos
Uma das coisas mais bizarras tanto na versão impressa, quanto na animada são os lances estilizados, como se fossem golpes de Cavaleiros do Zodíaco ou outro anime de luta qualquer. O ápice disso certamente é Kojiro Hyuga que, além de imitar claramente Ikki de Fênix, ainda dá chutes que rasgavam o campo, chamando esses de Chute do Tigre, Chute do Dragão e afins. O maior problema aparentemente é que após uma partida comum, todo o campo precisaria ser replantado, graças aos riscos que ficavam no gramado.
3. Telepatia Entre os Jogadores
Essa talvez seja a coisa mais bizarra desde o começo da adaptação. Os garotos japoneses correm em campo e pensam no que pode dar certo taticamente, e para evoluir o seu jogo e dar seguimento as partidas, eles pensam no que fazer. O problema é que boa parte desses pensamentos parecem estar compartilhados não só entre Oliver e seus amigos como também com os adversários. Os meninos medem forças através do pensamento, e em alguns momentos, chegam ao cúmulo até de dialogar mentalmente sobre isso, assustadoramente. Isso acontece muito na dupla de ataque do Nankatsu, Oliver e Carlos, mas acontece também entre os goleiros rivais Benji e Wakashimazu.
4. Finais Anti-climáticos
Duas versões do anime passaram aqui no Brasil. Na TV Manchete, passou Captain Tsubasa J, patrocinado pela J League, e Road to 2002, que visava a Copa que aconteceria na Coreia e no Japão. O primeiro, termina antes da Copa de categorias de base, enquanto o mais novo termina antes de uma final de Copa entre Japão e Brasil, sem ter um desfecho para a partida. O curioso é que no mangá há uma definição para esses jogos, fato que faz muitos fãs acusarem Captain Tsubasa de não ter um final. A ideia de deixar para a real seleção japonesa dar sua contribuição para o desenho, jogando enfim a Copa é muito mal pensada, já que nem a geração de 2002 sequer conseguiria chegar tão longe, tampouco teria Carlos, Tsubasa, Kojiro e Benji para defende-la, de modo que, não dar um findar para essas histórias soa muito ofensivo, mesmo com os filmes e OVAs lançados depois.
5. Chute de Trivela e os Lances Cruzados
Em um momento chave do anime, Roberto Maravilha ensina Oliver a chutar de trivela, para dar um efeito na bola e dificultar o trabalho do goleiro adversário. A questão é que esse lance é mostrado como se fosse uma técnica ímpar, comparável ao Kamehameha ou Cólera do Dragão, e mesmo jogadores reais conseguem fazer um chute assim, só precisando treinar um pouco, como visto aqui. A questão é que isso é feito junto a bicicleta, ou em outras acrobacias como um bicicleta dupla, com DUAS PESSOAS dando o “golpe” juntas, ou voleios no ar, com trivela, o que desafia a física…enfim. Abaixo coloquei um vídeo com algumas tentativas de reproduzir tais eventos na vida real.
https://www.youtube.com/watch?v=etxslDdTjts