O mito do Rei Arthur já foi contado várias vezes nas mais diversas mídias. Compreensível, então, a dificuldade em trazer uma nova visão de uma história amplamente conhecida. Mas nem isso serve como desculpa para o seriado Camelot, do Canal Starz, uma das grandes decepções dessa temporada. Assistir os 10 episódios desse primeiro ano foi fruto de uma teimosia férrea. Aliás, quando fui pesquisar reviews como inspiração, descobri que os poucos sites/blogs que tentaram acompanhar a série desistiram na metade. Sensacional, não?
A proposta é narrar a juventude de Arthur sobre uma perspectiva mais “realista” do que o habitual. No início, vemos uma amargurada Morgana envenenando seu pai, o Rei Uther, como vingança por ter sido rejeitada e enviada para um convento, e ver sua mãe ser trocada por uma rainha mais jovem, Igraine. Após a morte do Rei, o misterioso conselheiro Merlin vai em busca do herdeiro, Arhtur, um “bastardo legítimo”. Explica-se: quando Igraine ainda era esposa de outro, Uther, apaixonado, assumiu magicamente a forma deste e partiu pro abraço. O fruto dessa noite tórrida foi entregue a uma humilde família adotiva para ser criado em segredo. Como anos mais tarde Uther acabou se casando com Igraine, o jovem Arthur agora pode assumir o trono, para desespero de Morgana, que acreditava ser a única herdeira.
A partir daí a história mostra Arthur buscando estabelecer um governo justo e pacífico, sob a orientação de Merlin e Igraine, e com o apoio de alguns cavaleiros, seus “Campeões”. Enquanto isso, Morgana posa como irmãzinha querida enquanto prepara artimanhas mil. E pra apimentar um pouco as coisas, Arthur se envolve com Guinevere, esposa de Leontes, seu principal soldado. Partindo desse plot, nem parece tão ruim… o problema é que o roteiro é fraquíssimo. Tudo é muito, muito chato na série. Episódios arrastados, pouca ou nenhuma ação, atuações sofríveis. Jamie Campbell-Bower, o protagonista, é uma nulidade. Joseph Fiennes faz um Merlin jovem e careca, e aparenta estar o tempo todo drogado/com dor de barriga (ecos de sua finada série FlashForward, outra pérola).
A única salvação é Eva Green. Absurdamente linda mesmo com uma cara de víbora traiçoeira, ela encarna Morgana com perfeição. Mas mesmo ela acaba cansando no meio de tanta chatice. Entre os demais personagens, Claire Forlani surge já meio envelhecida mas ainda altamente pegável como Igraine, numa atuação até interessante. A desconhecida e canastrona Tamsim Egerton interpreta Guinevere, Philip Winchester é o corno Leontes, e Clive Standen é Gawain, o cavaleiro mais fodão (que usa duas espadas, como Spartacus já nos ensinou). Seu personagem é meio rebelde, poderia ser legal se fosse mais bem explorado. Ah, e tem o irmão de criação de Arthur. Whatever.
Seria inválido entrar no mérito de certo ou errado, afinal de contas essa história toda é uma lenda. Existem muitas versões, então “mudanças” são esperadas. Mas a série opta por caminhos que nada agregam de interessante. O ambiente todo é muito pequeno, limitado. Os Cavaleiros da Távola Redonda são uma meia dúzia, o povo do reino se resume a poucas vilas miseráveis com um punhado de habitantes. Quando vai ter alguma luta, os números envolvidos são risíveis. Não adianta, uma trama medieval precisa ser ÉPICA. Mas o pior de tudo foi em relação à famosa espada de Arthur. Ele a retira do topo de uma cachoeira, poucas pessoas testemunham, e a impressão é que Merlin inventou na hora alguma lenda obscura sobre esse feito! Não sou especialista, mas retirar a espada não é um fator determinante pra Arthur ser o Rei? Na série, pareceu que fizeram essa cena porque lembraram no meio da história que ela precisava estar lá. E tem mais: essa espada NÃO É Excalibur! Ela é rapidamente esquecida, Merlin decide que o Rei precisa de uma arma digna, e vai em busca do melhor ferreiro do reino. Pra resumir, merda acontece, a filha do cara se chamava Excalibur, e há uma referência à Dama do Lago. Nem tente entender, não é importante mesmo.
Enfim, Camelot é uma série não recomendada, a menos que você seja um fã ardoroso de histórias medievais e/ou masoquista. Ainda não há confirmação de uma segunda temporada, e mesmo com o final que pelo menos mostrou vislumbres da versão mais conhecida da lenda, a expectativa não é nada boa. Mas eu assistirei, afinal Camelot é uma obra-prima pra quem viu Heroes e Sarah Connor Chronicles até o final.
–
Texto de autoria de Jackson Good.
sera que sou o unico que gosta dela?
Só aguentei assistir até o 3º episódio. Esse Rei arthur não desceu.
Poderia resumir Camelot em 3 palavras também, mas já fiz isso com Supernatural. Além do que esta não merece nem isso.
Neeeem tentei!
Aquele Merlin também é horroroso mas conseguiu sua segunda temporada. Esse camelot lembrou aquele as Aventuras do Jovem Hercules e o Mortal Kombat que era protagonizado pelo Kung Lao em nivel de ruimdade.
po ate que eu gostei tambem…se bem que com o passar dos episodios os roteiristas foram perdendo completamente a mao, mas tem elementos que eu gostei muito, como por exemplo Merlin nao ser o todo poderoso feiticeiro e sim apenas um mago que possui alguns conhecimentos (nada que ajude muito), gostei tambem de como foi dado o nome a espada Excalibur, achei bem criativo deixar a lenda da Dama do Lago mais dura, tentaram tirar um pouco da fantasia dos contos achei isso legal.