Dirigido por Euros Lyn, que tem no currículo, a direção de episódios de Doctor Who, Cutting It, Casuality e inúmeras outras séries. A observação estilística de Sherlock prossegue, bastante semelhante a um “pinball mental” com desenhos pulando na tela, demonstrando o quanto o raciocínio do protagonista é diferenciado dos ditos normais.
Benedict Cumberbatch consegue passar como ninguém os dotes dramatúrgicos de Sherlock Holmes e sem precisar lançar mão de disfarces, máscaras ou outros artifícios pitorescos típicos do teatro exagerado exercido pelo Detetive. Nada no roteiro é injustificado. O modo como ele avança nas investigações demonstra um padrão difícil de notar caso o espectador não esteja afeito ao personagem, apesar da difícil visualização, o método é evidentemente identificável – a coleta das pistas de forma desordenada mostra o quão caótico é o seu modo de ver o mundo.
Há referências ao conto Os Dançarinos, no que toca a utilização de um código, mostrado em pichações, mas há também a temática da organização criminosa no encalço de um “ex-adepto”, na tentativa de um acerto de contas, como em Círculo Vermelho, onde a organização dos Carbonari persegue um membro antigo, como a máfia chinesa faz neste episódio.
Holmes é uma máquina, segundo ele, a digestão atrapalha seu ativo trabalho e dormir parece estar sempre fora de cogitação. Quando concentrado, ele demonstra poucas necessidades, mesmo as fisiológicas, e seu ritmo é difícil de ser alcançado até pelos mais próximos, que dirá Watson, que adormece no novo hospital em que começara a clinicar. O modo atrapalhado com que leva sua profissão não o impede de flertar com a doutora Sarah (Zoe Telford), o que demonstra sua característica de galanteador, adjetivo quase nunca presente nos filmes e séries sobre a dupla de Baker Street.
Involuntariamente, Sherlock preparou uma armadilha para seu amigo – sorte dele que os vilões eram deveras inábeis, mais uma vez Sherlock resolve um caso em que beneficiaria um casal, ainda que os amantes não pudessem ficar juntos ao final. Outro vilão aparece associado ao misterioso “M”, o que faz o espectador e o herói se perguntarem até onde vão os tentáculos do vilão.